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Carlos Ferreira, regional sales manager na Grenke Factoring (Foto: Divulgação)

O ‘factoring’ como solução de financiamento para as PME

Por: Carlos Ferreira, regional sales manager na Grenke Factoring

O factoring é um instrumento financeiro essencialmente de apoio à gestão de tesouraria que consiste na tomada de créditos (faturas) a curto prazo por uma Instituição Financeira (factor) que os fornecedores de bens ou serviços (aderente) constituem sobre os seus clientes (devedores). Este produto pode ser utilizado por todas as empresas que vendem a crédito aos seus clientes e tem três componentes distintas: financiamento, cobertura, análise e monitorização de risco de crédito e gestão de cobranças.

O processo de um contrato de factoring inicia-se com uma avaliação de risco por parte da factor a cada um dos clientes (devedores) que o aderente pretende afetar ao contrato. A factor analisa e atribui um limite de crédito a cada um desses clientes, determinando assim qual o montante de financiamento adequado. É elaborado um contrato de factoring e decorre o processo de notificação a cada devedor, informando que os créditos vão ser cedidos à factor, pois será esta que irá cobrar os mesmos. Este processo poderá parecer complexo, no entanto, o mesmo decorre com muita simplicidade, tendo em consideração a maturidade do produto no mercado nacional.

Que tipos de factoring existem e quais as modalidades?

Factoring doméstico – Consiste na tomada de créditos emitidos sobre empresas registadas em território nacional;

Factoring Internacional – Poderá ser de importação – devedores nacionais e aderente estrangeiro ou de exportação – aderente nacional e devedores estrangeiros. Em qualquer dos casos, estarão também disponíveis para o aderente todos os serviços incorporados no factoring doméstico;

Factoring com recurso – Nesta modalidade, o cliente factoring beneficia do serviço de gestão e cobrança dos créditos, podendo também optar pelo seu financiamento. A factor tem o direito de regresso sobre o aderente, relativamente aos créditos tomados que não sejam pagos pelos devedores no prazo estabelecido contratualmente;

Factoring sem recurso – Nesta modalidade, o cliente factoring beneficia do serviço de gestão e cobrança dos créditos, bem como da cobertura dos riscos de insolvência e/ou incumprimento por parte dos devedores, podendo ainda optar pelo financiamento da carteira de créditos cedidos;

Confirming ou reverse factoring – Nesta modalidade, a factor efetua o pagamento aos fornecedores do seu cliente, podendo estes também assumir a forma de antecipação. Neste caso o fornecedor torna-se o aderente de um contrato de factoring e o cliente de confirming o devedor.

Principais vantagens e benefícios

Sendo o factoring um produto que engloba vários serviços, apresenta as seguintes vantagens: redução de custos administrativos – pela transferência das cobranças para a factor, melhoria do prazo médio de recebimento – por via da entrada de uma entidade financeira no processo de cobrança, monitorização e avaliação do risco da carteira de clientes e cobertura de risco – melhorando assim os rácios de endividamento e aumentando os níveis de liquidez.

O factoring vem, assim, dar resposta a um conjunto de necessidades presente em muitas das empresas:

  • Simplificação das operações de gestão dos créditos;
  • Financiamento sobre créditos de curto prazo;
  • Redução de prazos médios de recebimento;
  • Maior segurança nas vendas a crédito;
  • Aumento de eficácia da sua área comercial;
  • Dedicação exclusiva às suas tarefas técnicas e comerciais;
  • Conversão de custos fixos em custos variáveis.

Face às necessidades referidas, o factoring oferece um conjunto de serviços de carácter financeiro que irá garantir maior flexibilidade e rapidez para que as empresas se concentrem naquilo que as faz crescer, isto é, serem empreendedoras.

O que deve considerar uma empresa que procura factoring?

Uma empresa que pretenda usufruir do produto para além da recolha de diferentes propostas que o mercado apresenta, deverá ter em consideração o seguinte:

  • O nível de acompanhamento que lhe é oferecido na gestão do contrato – um bom acompanhamento através de um gestor dedicado e especializado é fundamental para garantir o bom funcionamento do contrato;
  • A flexibilidade, simplicidade e rapidez que a entidade lhe oferece – a base de um contrato de factoring são as relações com os devedores. A inclusão e retirada de devedores não deverá ser um obstáculo e, para isso, deverá procurar uma entidade que lhe garanta uma boa capacidade de resposta, flexibilidade e simplicidade de processos de forma a garantir níveis de serviço adequados;
  • A estrutura de pricing e o nível de controlo de custos que lhe é garantido – muitas vezes, o apuramento de custos associados à operação de factoring não é totalmente transparente. Em alguns casos, além dos custos afetos ao contrato de factoring, são também imputados custos relacionados com operações paralelas (tais como abertura de contas específicas para a operação de factoring, o estabelecimento de garantias e/ou colaterais, etecetera). Adicionalmente o apuramento de custos é, muitas vezes, complexo pela forma como os mesmos são contabilizados, no entanto, algumas entidades garantem já um nível de detalhe adequado;
  • Comparação com outros produtos financeiros – a mesma não deverá ser efetuada equitativamente, pois o factoring presta serviços adicionais que outros produtos não oferecem, isto é, análise e monitorização da carteira de clientes, gestão integral de cobrança e o financiamento com taxas competitivas. Adicionalmente, deverá considerar que o factoring representa crédito comercial (resultante do financiamento das vendas resultantes da sua atividade) enquanto que outro produto representa crédito financeiro. Esta distinção permite uma análise de risco para concessão de crédito diferenciada por qualquer Instituição;
  • Impacto na relação comercial entre fornecedor/comprador – outro aspeto a considerar é a possibilidade de a relação comercial entre fornecedor/comprador sair fragilizada, mas hoje em dia esta situação está muito esbatida, uma vez que o factoring é um produto com muita presença no mercado e são poucas as empresas que se recusam ou que levantam problemas em pagar a uma factor.

Uma boa solução de financiamento para PME?

O desenvolvimento das atividades e crescimento das empresas não deverá estar condicionado pela concessão de crédito que atribuem aos seus clientes. A liquidez e o risco de crédito são muito importantes para a sustentabilidade de qualquer negócio e o factoring é assim considerado uma excelente solução para as PME, pois permite gerir todas as questões derivadas das vendas a crédito e dos dilatados prazos de pagamento, garantindo uma melhoria substancial do planeamento de tesouraria de qualquer empresa.

Apesar de o factoring ser ainda um produto direcionado para empresas com volumes anuais de cedência significativos, hoje em dia, existem já no mercado algumas entidades especializadas com uma oferta completa e adequada a todas as empresas, independentemente do volume de créditos a ceder, permitindo que estas usufruam de todos os serviços e vantagens associados ao produto.

Pode-se concluir que o factoring é a ferramenta mais rentável, ágil e eficaz para qualquer empresa que venda a crédito.

A importância do factoring na economia portuguesa

Como nota final, o factoring tem uma grande importância na economia e uma das formas mais usuais de a “medir” é através da determinação da percentagem do total dos créditos tomados relativamente ao PIB. Em julho de 2019 representava já 18,4%, um crescimento de 3% face ao período homólogo. Em termos de créditos tomados, em setembro de 2019, o volume atingido é de 40 mil milhões de euros, apresentando assim um crescimento de 56% face ao mesmo período de 2018 (Fonte: ALF).