Por: Rogério Canhoto, docente do Iscte Executive Education
A expressão “Inteligência Artificial” (IA) tem sido, seguramente, a mais utilizada pelos media nos últimos meses. É um campo em constante evolução, que se baseia na capacidade das máquinas em aprender, analisar e interpretar dados e fornecer respostas com base nessa aprendizagem.
Na realidade, já faz parte do nosso dia-a-dia. Quando acedemos ao telemóvel através de reconhecimento facial, quando procuramos novas músicas no Spotify, ou quando queremos ir para um local, e introduzimos uma morada no Waze. Todos eles recorrem a algoritmos de IA para fornecer a melhor resposta à nossa solicitação.
Apesar de estar a ganhar relevância, nada disto é novo, então porque é que agora é tão relevante?
Deve-se essencialmente a três fatores. A uma maior disponibilidade de dados, que permite tornar os algoritmos mais exatos e, assim, os seus resultados terem maior valor para os gestores. Uma maior disponibilidade das tecnologias de suporte (capacidade de processamento, sistemas na cloud, conectividade), que tornam as soluções mais escaláveis. E, por último, a maior procura pelo mercado, o que cria um círculo virtuoso e novas fontes de receita.
Como consequência, enfrentamos uma revolução na forma como as empresas gerem as suas operações, melhoram a sua produtividade e criam novas oportunidades de crescimento.
Uma das principais formas é através da automação de tarefas repetitivas e rotineiras. As empresas consomem uma quantidade significativa de tempo na recolha de dados, preenchimento de relatórios e resposta a perguntas comuns. Com a IA, essas tarefas podem ser executadas de forma mais rápida e eficiente, libertando os colaboradores para se concentrarem em atividades de maior valor, como a tomada de decisões estratégicas, e criatividade.
Para além da automação, também tem impacto na tomada de decisões. Com análise avançada de dados, os sistemas de IA podem identificar padrões e tendências valiosas a partir da informação gerada no dia a dia. Isso permite a tomada de decisões mais informadas e fundamentadas, baseadas em dados precisos e atualizados.
Por último, também pode auxiliar na identificação de oportunidades de mercado, previsão de procura e otimização de processos, contribuindo assim para uma maior eficiência operacional e para o crescimento sustentável das empresas.
No entanto, apesar dos inúmeros benefícios e vantagens competitivas, a sua implementação também apresenta desafios para as empresas e os gestores. É importante lembrar que a IA não é uma solução mágica para todos os problemas. Trata-se de uma tecnologia em desenvolvimento na qual encontramos limitações e desafios relevantes.
Neste contexto, um tema que ganha grande relevância é a qualificação de colaboradores. Se por um lado vai fazer desaparecer algumas funções, por outro, irá criar uma diversidade de novos perfis com alta procura no mercado.
Um estudo realizado pelo MIT, em maio de 2023, indica que as empresas que estão a utilizar a IA em trabalhos administrativos, obtêm ganhos de 37% na velocidade de produção de informação, e de 20% na qualidade da informação produzida.
Trabalhos como os de analistas de dados e engenheiros de software estão a crescer em importância, com o aumento da automação e da digitalização.
A requalificação vai ser fundamental para garantir que os colaboradores possam trabalhar nas novas funções que surgem à medida que a IA se torna mais comum.
Em suma, a IA representa uma nova fronteira na gestão empresarial e abre caminho para uma gestão mais produtiva, eficiente e inovadora, impulsionando o sucesso num mundo empresarial em constante evolução.