Quinta-feira, Novembro 21, 2024
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“O que se faz na 42 é aprender a aprender”, Pedro Santa Clara

Por: Mafalda Marques 

Professor catedrático e fiscalista, Pedro Santa Clara fez uma pausa sabática para desenvolver um projeto no qual acredita ser o futuro do ensino em Portugal e no mundo. Conheça a Escola 42.

PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu a ideia de fundar uma escola de tecnologia, a escola 42? 

Pedro Santa Clara (P. S. C.) – Olha, começou por justamente ter conhecido este modelo, ter um interesse já antigo na educação e por acreditar que o modelo atual de aulas, exames e afins não está a conseguir dar resposta às necessidades do mundo, que também já estão a mudar. Contudo, devido a já existirem alternativas que se tornaram viáveis com utilização da tecnologia, aquilo que mais me atraiu na 42, independentemente de ser uma escola de desenvolvimento de software em que o país tem uma necessidade muito grande, foi sobretudo este aspeto de que a melhor forma de aprender é aprender fazendo, motivado por desafios que queremos resolver e aprendermos com os outros. E o que a 42 faz, e nisso foi a primeira escola do mundo a ter este formato, foi usar a tecnologia para permitir escalar esta melhor pedagogia.

PME Mag. – E em que consiste essa pedagogia? Os alunos são confrontados com desafios reais das empresas?

P.S.C. Não necessariamente. Se quiseres, por oposição ao sistema tradicional que tem uma grande preocupação em dar conteúdos e matéria, aquilo que nós fazemos é a experiência de mensagem em um conjunto de desafios sucessivos por níveis mais elaborados que levam os alunos a querer aprender o que é necessário para os resolver. Portanto, ao desenhar esta sucessão de desafios, o que verdadeiramente estamos a fazer é entregar a experiência de aprendizagem.

PME Mag. – Essa experiência de aprendizagem é feita em contexto de escola ou em grupo?

P.S.C. A 42 é uma escola onde não há aulas e não há professores, mas os alunos estão fisicamente presentes. É uma escola em que existe uma plataforma tecnológica digital que funciona como um jogo de computador, em que os alunos têm de passar de nível e cada nível corresponde a uma série de desafios que podem ser, simplesmente, um texto em que o programa lhes pede para fazer algo com os inputs (dados ou informações) que recebe e produzir aqueles outputs (resultados), logo, não explica rigorosamente nada sobre como fazer e os alunos, por sua iniciativa, têm de ir pesquisar todo o conhecimento disponível online. Portanto, o que é preciso é motivar o aluno a querer ir aprender numa lógica de desafio, onde vai pesquisar online, pode assistir a um curso do MIT ou ler um livro e trabalhar com os seus colegas onde vão ajudar-se mutuamente nessa tarefa. Depois submetem o desafio na plataforma, onde há níveis de sucesso e vão passando de nível a nível. O fascinante neste modelo de aprendizagem é que não só produz um nível de conhecimento técnico muito mais profundo do que estar a estudar para um exame, como desenvolve nos alunos uma série de competências pessoais como a iniciativa, a responsabilidade, a autoconfiança, resiliência, colaboração, criatividade, organização e capacidade de avaliar-se a si próprio e aos outros, competências essas que, verdadeiramente, irão fazer a diferença na sua vida. Para sintetizar isto tudo, o que se faz na 42 é aprender a aprender.

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