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MOVA Seguros
João Valente, cofundador da MOVA Seguros (Fonte: Divulgação)

“Os seguros servem como salvaguarda no que toca ao património das empresas” – João Valente

Por: Filipa Ribeiro

A MOVA é uma insurtech dedicada à mediação de seguros através de uma “abordagem que talha os seguros ou os planos à medida exata do cliente, sem comprometer as coberturas indicadas para cada caso”.

Em entrevista à PME Magazine, João Valente, cofundador da MOVA Seguros, conta como este setor pode ser útil face aos cibercrimes corporativos, cada vez mais recentes no universo digital.

PME Magazine (PME Mag.) – Qual é o papel dos seguros na proteção empresarial contra ataques tecnológicos?

João Valente (J.V.) – Os seguros para as empresas na vertente de proteção contra ciberriscos servem como um ground zero como salvaguarda de última linha no que toca ao património e ativos das empresas. No fundo, proteger a organização através destas apólices coloca desde logo um “manto” protetor sobre as mesmas. Este manto lá estará em caso de necessidade pós-ocorrência. Em consonância com o mundo digital em que vivemos, tem sido bem documentado um aumento de ameaças tecnológicas com as quais as empresas são confrontadas diariamente e, apesar de existirem avanços nos sistemas de defesas, muitos são os casos em que estas são derrubadas – e aí podem entrar em efeito as proteções oferecidas pelos seguros.

PME Mag. – Quais são os benefícios e coberturas oferecidos pelas mediadoras face a esses cibercrimes corporativos?

J.V. – Em primeiro lugar, o serviço prestado através de um mediador permite um ponto de contacto direto para as empresas. Esse ponto de contacto terá um foco no melhor interesse da empresa. Assim, as mediadoras erguem-se como parceiras estratégicas que, num momento de maior vulnerabilidade, colaboram para ajudar a mitigar os danos. Algumas das coberturas que são atualmente providenciadas por este tipo de seguro podem incluir a investigação pormenorizada do incidente, procurando identificar a origem e a extensão da violação, permitindo assim uma resposta adequada; podem fornecer assistência técnica e jurídica, como atribuição de responsabilidades (proteção contra reclamações de terceiros em caso de divulgação não autorizada de informações confidenciais) e apoio com regulamentos de cibercrimes, que por vezes são de difícil compreensão pela sua linguagem técnica. Depois, o apoio e compensação em caso de perdas financeiras devido a interrupções operacionais causados pelo ataque, ou mesmo custos do restauro dos sistemas afetados; e, em situações de roubo ou perda de dados, facilitar a recuperação dos mesmos não podem ser esquecidos. Em alguns casos poderão ser ainda disponibilizados recursos para formação, sensibilização da equipa, gestão de crises, bem como monitorização contínua para detetar ameaças em tempo real.

PME Mag. – Em que sentido as insurtechs com trabalho de mediação podem ser uma mais-valia perante esses desafios?

J.V. – O nosso trabalho enquanto insurtech é unir a expertise tradicional das mediadoras com a inovação tecnológica. O facto de a MOVA vincar a sua atuação num formato phygital, isto é, aliando o melhor de uma plataforma digital, que simplifica todo o processo de subscrição de uma apólice, à possibilidade de consultoria especializada em pessoa, creio que nos distingue no mercado. Através desta fusão, estamos capacitados a auxiliar as empresas nestes delitos de cariz tecnológico, graças à nossa abordagem ágil. Ainda assim, deve, na nossa opinião, haver um esforço proativo tomado, em primeiro lugar, para a implementação de práticas estratégicas de segurança, como diretrizes para o uso seguro de sistemas (autenticação de dois fatores e restrições de acesso a dados sensíveis), manutenção de sistemas operativos regulares e de software atualizados, por forma a fortalecer as defesas digitais das organizações.

PME Mag. – Que impacto têm quanto à cibersegurança das PME portuguesas?

J.V. – Penso que o impacto só pode ser positivo; acarretam vantagens que podem beneficiar as PME no sentido em que protegem logo numa primeira instância os seus ativos digitais – algo crucial num mundo crescentemente virtual; estes ativos passam por qualquer informação pertinente para o negócio que esteja armazenada digitalmente, como sejam informações de clientes ou dos próprios colaboradores. Sentimos que esta pode ser uma vertente potencialmente descurada, e por isso trabalhamos com as empresas que nos procuram para facilitar uma cobertura adequada contra os riscos que estas possam enfrentar; ao dia de hoje, temos notado uma maior adesão de PME a este tipo de serviço e contamos já com vinte empresas destas dimensões no nosso portfólio.

PME Mag. – O que perspetiva para o futuro das insurtechs em Portugal?

J.V. – O futuro é promissor para as insurtechs, disso não duvido. Vejo as insurtechs a expandirem a sua agilidade e influência, explorando cada vez mais o fator “personalização”, sobretudo com a generalização e acessibilidade a ferramentas que recorrem a Inteligência Artificial. Estas já conseguem antecipar riscos com uma destreza e precisão notáveis e, como tal, pintam um cenário encorajador, por isso estou otimista quanto à experiência dos segurados; ainda assim, creio que o lado humanista da relação mediador-cliente permanecerá como um acrescento de valor incontornável – daí a MOVA continuar a apostar nessa vertente.