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Diretora do WEF deixa apelo aos Estados

Pandemias são “um risco iminente”, diz Fórum Económico Mundial

Países ignoraram riscos a longo prazo e, em 2020, assistiram aos seus “efeitos catastróficos”, como a pandemia. Desigualdades estão a aumentar e, dentro de cinco a dez anos, poderão afetar a estabilidade geopolítica.

De acordo com o “Global Risks Report”, elaborado pelo Fórum Económico Mundial (WEF, sigla em inglês), em resultado de uma parceria com a Marsh & McLennan Companies e o Zurich Insurance Group, o mundo assistiu aos efeitos catastróficos provocados pela pandemia de Covid-19, após “ignorar a preparação e os riscos a longo prazo”.

O WEF refere que, nos últimos 15 anos, tem vindo a alertar para os perigos existentes na sociedade, que podem representar uma ameaça global, dando como exemplo a covid-19, que “retirou a vida a milhões de pessoas”, enquanto ampliava as “as disparidades já existentes ao nível da saúde, da economia e do digital”.

Segundo o documento, a coesão social ficou em risco depois do fosso que separa “ricos” e “pobres” no acesso à tecnologia e competências digitais ter aumentado. A instituição destaca que esta divisão poderá vir a afetar gravemente os jovens, que estão em risco de perder oportunidades na próxima década.

Quanto às empresas, o WEF prevê que estas possam ficar ameaçadas pela pandemia de covid-19, principalmente ao nível financeiro, digital e reputacional.

Os riscos ambientais são outro fator que a entidade tem em consideração, uma vez que “lideram por impacto e probabilidade”. O relatório destaca que “as fraturas sociais, a incerteza e a ansiedade” põem em causa a “tão necessária coordenação para abordar a degradação contínua do planeta”.

Em contraste com relatórios anteriores, esta é a primeira vez que o WEF perspetiva os riscos que podem vir a representar uma ameaça global. Em primeiro lugar, são considerados de risco claro e iminente (até dois anos), todos os que revelem “preocupação com as vidas humanas e os seus meios de subsistência”, como as doenças infeciosas, o desemprego ou as desigualdades sociais.

Como riscos de médio-prazo (de três a cinco anos), estão “explosões da bolha de ativos, o colapso das infraestruturas de TI, instabilidade de preços e crises da dívida”, uma vez que o WEF prevê repercussões ao nível económico e tecnológico.

Em último, surgem os riscos de longo prazo (entre cinco e dez anos), que dizem respeito a armas de destruição massiva, colapso de Estados, perda da biodiversidade e avanços tecnológicos adversos, que poderão impactar a estabilidade geopolítica dos países na próxima década.

“Sabemos o quão difícil é para governos, empresas e outros stakeholders abordar estes riscos a longo-prazo, mas a lição para todos nós passa por reconhecer que ignorar estes riscos não faz com que a probabilidade de acontecerem seja menor”, avisa Saadia Zahidi, diretora do WEF.

Para já, o responsável destaca que é necessária uma rápida emergência dos Estados para “moldar a nova economia e os sistemas sociais”, de forma a melhorar a resiliência coletiva e “a capacidade de responder a choques”.