Por: Helena Dias, Head of Growth da Social Ninjas
As redes sociais vieram transformar significativamente a forma como comunicamos e compramos:
– Estas proporcionam aos consumidores um acesso sem precedentes a informações sobre produtos, serviços e experiências de outros consumidores. Antes de efetuar uma compra, os consumidores agora pesquisam avaliações, recomendações e informações detalhadas nas redes sociais.
– O poder do boca a boca foi amplificado. As opiniões de amigos, familiares e influenciadores digitais têm cada vez mais um impacto significativo nas decisões de compra.
– As redes sociais permitem-nos fazer campanhas publicitárias altamente segmentadas. Os consumidores são expostos a conteúdo mais personalizado, alinhado com os seus interesses e comportamentos, influenciando as suas escolhas.
Mas estamos em 2024 e as empresas em Portugal continuam a comunicar como em 2003. A verdade é que o LinkedIn fez 20 anos no ano passado e o Facebook faz 20 anos este ano. E eu continuo a ver as empresas e profissionais da área apenas preocupados em adaptar conteúdo entre plataformas. E em publicar, simplesmente porque têm de cumprir um calendário editorial.
Eu não sei se tem ideia, mas desde 2000 que 52% das empresas listadas na 500 Fortune desapareceram. E as empresas que sobreviveram à extinção são empresas que entenderam o que queremos enquanto consumidores.
O advento das redes sociais coincidiu com uma era de rápida mudança tecnológica. Empresas que não conseguiram adaptar-se a essa mudança, adoptando estratégias digitais e uma forte presença nas redes sociais, muitas vezes enfrentaram dificuldades.
Ter ou não uma presença ativa nas redes sociais já não é opção para as empresas. E se a minha opinião não for suficiente para o convencer, olhe à sua volta. Para os seus filhos, netos e sobrinhos. É a geração mais jovem que dita as tendências e a geração Z (quem tem hoje idades entre 8 e 23 anos) hoje pesquisa no TikTok (e ChatGPT) e não no Google.
As redes sociais proporcionaram uma plataforma para a inovação e resposta rápida às necessidades do consumidor. Empresas que não conseguiram inovar e acompanhar as tendências digitais foram ultrapassadas por concorrentes mais ágeis. Ainda se lembra da Blackberry e da Blockbuster? Se estes dois gigantes, com muito mais dinheiro e contactos do que eu e você juntos, não sobreviveram, porque é que acha que a sua empresa conseguirá?
Muitas empresas tratam as redes sociais como “canais de distribuição”. Como mais uma forma de sobrecarregar o consumidor com informação inútil. E esquecem-se que as redes sociais são as primeiras plataformas que foram criadas de facto para diálogos de duas vias.
Então vou-lhe contar um segredo: o pós-post é como um Tamagotchi – precisa de atenção, de ser alimentado e de carinho. O que é que eu quero dizer com isto? Sim o conteúdo ainda é rei, mas fazer 3 posts por semana não é uma estratégia de redes sociais. E ter bom conteúdo é sim importante, mas é tão ou mais importante trabalharmos a fase seguinte à publicação do conteúdo, interagindo com outros perfis e páginas, dando respostas aos comentários e mensagens, investindo em publicidade, trabalhando com criadores de conteúdo e influenciadores.
Ter ou não uma presença ativa nas redes sociais já não é opção para as empresas. Mas já não
é suficiente termos bom conteúdo. As redes sociais (e os consumidores) evoluíram. E se há 10
anos nós usávamos o LinkedIn, Facebook, Youtube e talvez o Twitter, hoje usamos também o
Instagram, Threads, TikTok, Pinterest, entre outras.
Em 2015, a equipa de investigação da Microsoft revelou que a capacidade média de atenção de um humano era de oito segundos, um segundo atrás da de um peixe dourado. E embora esta descoberta tenha sido desmentida mais tarde, deu origem a um discurso sobre os impactos da utilização das redes sociais.
E agora pergunto-lhe: se é mais fácil reter a atenção de um peixe dourado do que de um humano, o que é que a sua empresa está a fazer para se conseguir destacar no meio das dezenas de notificações das redes sociais, Whatsapp e emails do seu público-alvo?
O jogo mudou. E a solução hoje passa cada vez mais por compreendermos quem é o nosso consumidor, onde é que ele anda e a fazer o quê, atraí-lo até nós e criar uma relação com este.
Pense na Web como se fosse uma cidade.
O seu website é a sua casa e os blogues são os bares. Estas são as únicas plataformas que controla a 100% e que são realmente suas. Aqui pode dispôr e mudar sempre que quiser a decoração.
Os sites de reviews são os clubes privados. Apenas algumas pessoas vão conseguir chegar até si aqui.
O email é um jantar romântico. Para receber um email seu, o consumidor já lhe deu o seu consentimento e a cada email, o consumidor está à espera de uma experiência memorável.
As redes sociais são as festas. Ninguém está aqui para comprar, mas é aqui que conseguimos chegar a todas as pessoas, e trabalhar a relação ao longo de toda a jornada de compra.
E a publicidade é a auto-estrada. Quando quer ir mais depressa, vai pela nacional ou pela auto-estrada?
E se chegou até aqui, deve estar agora a questionar-se: com tanto canal, formatos de conteúdo, táticas a implementar, devo contratar uma agência externa ou uma equipa interna?
Essa escolha pode ser comparada a decidir entre contratar um guia experiente para uma expedição desconhecida ou treinar uma equipa interna para enfrentar os desafios do terreno.
Ambas as abordagens têm as suas vantagens: a agência traz consigo conhecimentos acumulados, estratégias testadas e uma visão externa. Por outro lado, a equipa interna desenvolve uma compreensão intrínseca da cultura empresarial, adaptando-se com agilidade às nuances do ambiente.
Assim como um guia especializado pode oferecer uma perspetiva informada do terreno, uma agência externa traz consigo uma experiência diversificada, garantindo que as estratégias adotadas se alinhem com as tendências do mercado. Já uma equipa interna, familiarizada com a paisagem única da empresa, pode responder com maior sensibilidade às necessidades específicas, cultivando uma presença autêntica nas redes sociais.
Mas pode ainda ter os dois. Alguém internamente, que compreenda bem a cultura empresarial e vista a sua camisola e que faça a ponte com uma agência que lhe vai trazer a sua experiência acumulada e conhecimento das tendências do sector.
Está nas suas mãos construir as suas histórias e fortalecer a sua marca nas redes sociais. Ao entender as estratégias que funcionam, evitando erros comuns e tomando decisões informadas, tenho a certeza que isso terá impacto direto nas suas vendas e facturação da empresa.