Portugal nos últimos 50 anos viu o seu tecido empresarial mudar de mãos duas vezes. Em 1975, os principais setores de atividade económica passaram da mão dos privados para o Estado, foram nacionalizados.
Durante os governos de Cavaco Silva, a economia foi privatizada e, mais uma vez, os principais setores de atividade voltaram a mudar de mãos, desta vez passaram da mão do Estado para a mão dos privados. Nestes últimos 10 anos, fruto das duas crises económicas, a de 2008, com a crise do imobiliário, e a grande crise mundial de 2011, que marcou a nova entrada da Troika em Portugal, chegámos a uma época em que as grandes empresas e os principais setores voltaram a mudar de mão, nessa ocasião mantiveram-se no setor privado mas passaram de mãos portuguesas para mãos internacionais. O futuro de qualquer economia, na Europa Ocidental, depende do setor privado e para haver setor privado é necessário capital e para haver capital é preciso haver incentivo ao investimento.
Olhado para a carga fiscal portuguesa, concluímos que estamos a fazer precisamente o contrário. Ao invés de construirmos grupos portugueses ou grandes empresas de capital português, assistimos ao aparecimento de grandes empresas de capital estrangeiro. Importa salientar que no estrangeiro existem políticas para o investimento e criação de empresas. E Portugal vive como? Pode-se dizer que Portugal é um país dividido em dois. O Portugal público, com um setor público pesado, com centenas de milhares de trabalhadores, e o Portugal privado. Todos pagam impostos, mas… Uma coisa é devolver ao Estado 10 de 100 que o Estado pagou, outra é entregar 10 dos 100 que o Estado não pagou. Portanto, significa isto que é o setor privado, são os trabalhadores privados e são as empresas privadas que alimentam o orçamento geral do Estado.
Portugal e o futuro: Podemo-nos transformar numa Venezuela ou podemo-nos transformar num país rico, mas para isso é importante uma alteração significativa das políticas ficais, temos que urgentemente libertar os custos sobredimensionados do Estado, para que os impostos possam baixar e assim aumentar o poder de compra dos trabalhadores portugueses e aumentar a capacidade de poupança daqueles que querem investir. E assim seria o caminho para Portugal ser um Portugal de Futuro.