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Regina Sousa (mãe) e Lara Dantas
Regina Sousa (mãe) e Lara Dantas, fundadora Quintal de Flor (Fonte Divulgação)

Portugal: Um País de Sonhos, Artesãos e Empreendedores

Por: Lara Dantas, fundadora Quintal de Flor


Vivemos numa era singular, onde os sonhos parecem estar mais ao alcance das mãos. Portugal, com a sua herança rica e a sua constante reinvenção, destaca-se como um território fértil para o empreendedorismo. Não é de admirar que, em pleno século XXI, o país se tenha tornado uma montra de talento, inovação e tradição. O ato de empreender, que muitas vezes se traduz em ser genuinamente fiel a si próprio, encontrou nas redes sociais o palco perfeito. Essas plataformas, com as suas luzes e sombras, permitem-nos dar a conhecer o melhor de nós e, com isso, impulsionar negócios e ideias que, de outra forma, poderiam permanecer no anonimato.

É preciso reconhecer que o dinamismo de empreender em Portugal vai muito além da simples criação de empresas. Trata-se de um movimento de autoconhecimento e de expressão pessoal. Cada vez mais pessoas, munidas de talento e paixão, apostam em projetos que refletem as suas identidades. E aqui, o artesanato assume um papel crucial. Num mundo saturado de produções em massa, o valor do “feito à mão” ganha um novo significado. O artesanato português é um tesouro que precisa de ser preservado e, acima de tudo, valorizado.

Quando falamos de “Made in Portugal”, falamos de excelência. Muitas das grandes marcas internacionais, como Louis Vuitton, Hermès e outras, produzem aqui no nosso território, reconhecendo a qualidade incomparável do trabalho dos nossos artesãos. Dados recentes indicam que mais de 600 fábricas em Portugal estão ao serviço das grandes marcas de luxo globais. Este dado deve orgulhar-nos, mas também trazer à tona a reflexão sobre a importância de valorizar aquilo que é nosso, e de dar as devidas condições de trabalho a esses artistas que, com as suas mãos, elevam o nome de Portugal a um patamar de excelência mundial.

Os nossos artesãos são, sem dúvida, dos melhores do mundo. Mas será que damos o devido valor ao seu trabalho? Muitas vezes, o preço que pagamos por um produto artesanal não reflete o esforço, a dedicação e o tempo que foram necessários para o criar. Numa sociedade que valoriza cada vez mais o consumo rápido e acessível, é urgente inverter esta tendência. Valorizar o que é “feito à mão” é, também, uma forma de apoiar a nossa cultura, o nosso saber-fazer e a nossa economia.

Para além disso, é essencial assegurar condições justas de trabalho. Não basta que as grandes marcas venham produzir em Portugal e beneficiem da qualidade dos nossos artesãos; é preciso que haja uma justa compensação pelo seu trabalho. O “Made in Portugal” não pode ser sinónimo de exploração, mas sim de qualidade e dignidade. O talento, o esforço e a arte merecem ser remunerados de acordo com o seu valor real.

É crucial que, como sociedade, comecemos a olhar para dentro e a reconhecer o potencial imenso que temos cá dentro. Portugal é um país de artistas, de empreendedores e de sonhadores. E é nesse sonho que reside a verdadeira revolução que estamos a viver. Uma revolução silenciosa, onde empreender significa, muitas vezes, libertar-se das amarras do convencional e seguir o coração.

No entanto, as redes sociais, que tanto podem ser uma montra de exposição e dinamismo, também carregam uma faceta mais sombria. Vivemos num tempo em que a perfeição é constantemente procurada e exibida, muitas vezes mascarando o verdadeiro esforço que está por trás de cada projeto. É fácil cair na armadilha de comparar o nosso início com o meio de alguém que já percorreu metade do caminho. A verdade é que o empreendedorismo, tal como o artesanato, requer paciência, dedicação e resiliência. E talvez seja esse o maior valor que podemos retirar de tudo isto: o reconhecimento de que cada caminho é único e que o sucesso, seja ele qual for, vem sempre de um profundo compromisso com o que realmente somos.

Portugal está a viver uma era libertadora. Uma era em que os sonhos, o talento e o trabalho artesanal têm o seu devido lugar. Mas cabe-nos a todos, como sociedade, valorizar e apoiar aqueles que, com as suas mãos e o seu espírito empreendedor, continuam a elevar o nome do nosso país, mostrando ao mundo que o “Made in Portugal” não é apenas uma etiqueta – é um selo de qualidade, dedicação e, acima de tudo, de orgulho.