Por: João Monteiro
O calçado “não vai escapar às pressões inflacionistas” e deverá registar um “forte aumento” de preços, nos próximos seis meses, estimado entre os 5 e 20%, segundo metade dos especialistas ouvidos para o inquérito do World Footwear, projeto da associação portuguesa do calçado que avalia as grandes tendências mundiais do setor.
“A maioria dos membros do nosso painel acredita que, nos próximos seis meses, a quantidade de calçado vendido vai crescer moderadamente juntamente com os preços, que devem aumentar fortemente. Naturalmente, as perspetivas quanto à evolução dos preços podem estar a refletir o impacto esperado do aumento dos custos de produção. A maioria dos nossos entrevistados também espera que os seus negócios tenham uma saúde “forte” nos próximos meses e que o número de empregos aumente”, revelou a 6ª edição do World Footwear Business Conditions Survey.
Foram 108 as respostas válidas recolhidas, sendo que 48% são de países europeus, 22% da Ásia e 14% e 9% da América do Norte e do Sul, respetivamente. O contributo de especialistas africanos foi de 7% das respostas. Em termos de análise por atividade, metade dos inquiridos estão ligados à indústria (32%) e ao comércio e distribuição de calçado (18%). A outra metade é de associações, consultores e outros especialistas.
O aumento do custo das matérias-primas e das mercadorias é a “principal dificuldade” apontada pelo setor (84%). Seguem-se os problemas com a mão de obra, apontados por 40% dos inquiridos, e as dificuldades financeiras (28%). Em comparação com edições anteriores, o estudo realça o facto de terem desaparecido das preocupações da indústria a falta de encomendas ou as questões relativas à competitividade. 51% dos inquiridos espera que o nível de emprego no setor cresça nos próximos seis meses, havendo apenas 6% de respostas a apontar para uma quebra.
“Os dados deste sexto inquérito do World Footwear parecem confirmar os bons indicadores que vamos tendo. Esperava-se que 2022 seria já um ano de recuperação do setor, recuperação que antevíamos que pudesse ser definitivamente consolidada em 2023″, refere o diretor de comunicação da APICCAPS, Paulo Gonçalves.