Por: Margarida Duarte
A startup portuguesa de inteligência artificial Visor.ai tem a ambição e o objetivo de crescer a nível internacional, sendo que duplicou a sua faturação face ao ano de 2020.
Numa entrevista com Gonçalo Consiglieri, cofundador da Visor.ai, a PME Magazine quis ficar a conhecer melhor esta startup, que conta apenas com cinco anos no mercado.
PME Magazine (PME Mag.) – Estando há cinco anos no mercado, quais foram os maiores desafios que sentiram ao longo deste tempo?
Gonçalo Consiglieri (G. C.) – Desde que iniciamos a Visor.ai já passamos por várias fases, todas elas com os seus desafios. A fase inicial foi de total instabilidade, sem sabermos se existia abertura do mercado para a implementação de uma solução como a nossa. Mais à frente, com a entrada em vários clientes de maior dimensão, e com requisitos mais exigentes, veio o desafio de conseguirmos desenvolver uma solução que resolva os problemas destas empresas. Ao aplicar uma visão de produto e ao garantir que os desenvolvimentos feitos são escaláveis e aproveitáveis pelos restantes clientes. Agora mais recentemente, em que já temos um negócio com uma base sustentável e presentes em algumas dezenas de clientes de grande relevo, surge o desafio do crescimento, em como pegar em algo que funciona em Portugal e expandir para além-fronteiras. O facto de termos sempre pensado nos mercados internacionais desde o primeiro dia e de já termos feito algumas incursões em outros países ao longo dos anos ajuda muito nesta fase, pois já temos uma ideia clara sobre o que fazer a seguir.
PME Magazine (PME Mag.) – Segundo a afirmação de Gonçalo Consiglieri, cofundador da startup, como pretendem entrar no mercado internacional e com que objetivos?
Gonçalo Consiglieri (G.C.) – Sim, queremos entrar no mercado internacional no curto-prazo. Neste momento, estamos a trabalhar para angariar uma ronda de investimento na casa dos milhões de euros exatamente com este objetivo em mente. Queremos mostrar o valor da tecnologia desenvolvida em Portugal ao resto do mundo, começando pelos nossos vizinhos: Espanha. De seguida, pretendemos entrar em mais mercados europeus, sendo este o nosso foco de expansão.
PME Mag. – De que forma fazem ligação com clientes, sendo eles do setor da banca e seguros?
G.C. – Atualmente, dispomos de uma equipa comercial que já fez um trabalho de mapeamento de todos os potenciais clientes da Visor.ai nos mercados-alvo, essencialmente bancos e seguradoras. Inclusive, já consideramos a pessoa dentro destas organizações que acreditamos que tenha em mãos o problema que a Visor.ai ajuda a resolver: o enorme volume de contactos em contact centers. Com este mapeamento feito, temos sales specialists que procuram chegar ao contacto com estas pessoas com uma abordagem positiva e focada no valor acrescentado que as soluções da Visor.ai podem trazer. Para isso tentamos sempre apresentar propostas que tenham “business case” positivo para os clientes, que lhes permitam obter um retorno sobre o investimento na Visor.ai nos primeiros meses de contrato e cujos resultados vão ainda melhorando ao longo dos anos.
Com esta abordagem normalmente conseguimos ganhar a confiança dos responsáveis pelos contact centers que a partir desse momento ficam do nosso lado para nos ajudar a desbloquear o processo internamente junto dos departamentos de suporte tais como o compliance, legal, arquitetura de sistemas ou o procurement.
PME Mag. – Consegue explicar como resolvem problemas no atendimento ao cliente, na maioria até 70% das vezes, sem interação de um ser-humano?
G.C. – A nossa solução tem por base inteligência artificial que tem uma forte capacidade de aprendizagem. Isto é, se hoje o sistema não consegue dar resposta a algo, amanhã com certeza já o poderá saber fazer. Neste sentido, não precisamos, no caso de interações básicas e repetitivas, de contar com a intervenção de um ser-humano. Por outro lado, acreditamos que este número não deve chegar aos 100%, pois é fundamental contar com um ser humano para o processo de triagem de pedidos que, de fato, necessitem da intervenção de um assistente pela sua complexidade.
PME Mag. – Daqui a três anos, como esperam olhar para a Visor.ai?
G.C. – Daqui a três anos esperamos olhar para tudo o que construímos com a Visor.ai, acima de tudo, com orgulho. Queremos ver a nossa startup presente em vários polos de inovação europeus e não só, também em outros continentes. Na verdade, a nossa ambição de partir para a internacionalização é beneficiada pelas multinacionais do setor da banca e dos seguros com quem trabalhamos. Esperamos ser uma das grandes referências no setor, que tem trazido um enorme valor acrescentado aos seus clientes e também aos clientes dos seus clientes que somos todos nós enquanto cidadãos e pessoas que interagem com os contact centres.
PME Mag. – Quais são os próximos passos para a Visor.ai?
G.C. – Tal como referi anteriormente, os nossos próximos passos são: o levantamento de uma ronda de investimento que nos permita crescer internacionalmente e a entrada no mercado espanhol que é algo que já está a decorrer, independentemente do desenrolar do processo de levantamento de capital. Vamos, sem dúvida, fazer um esforço para que todos estes objetivos sejam cumpridos no curto prazo.