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Paulo Lima
Paulo Lima, cofundador e co-CEO da Matoaka

Repensar o ciclo de vida das empresas: a venda como um novo começo

Por: Paulo Lima, cofundador e co-CEO da Matoaka


No contexto empresarial português, a venda de micro e pequenas empresas é, muitas vezes, e precipitadamente, interpretada como um sinal de dificuldades financeiras ou operacionais. No entanto, essa visão simplista não captura a complexidade e a dinâmica subjacentes a tais transações. É imperativo redefinir essa perspetiva, reconhecendo que a venda pode representar não o fim desastroso de uma jornada, mas sim o início promissor de outra.

Contrariamente ao pensamento predominante, a decisão de vender uma micro ou pequena empresa nem sempre é motivada por falhas ou adversidades. Frequentemente, esse processo simboliza o fim de um ciclo para um empresário e um novo começo para outro. Essa transição pode ser uma escolha estratégica e planeada para garantir a continuidade e o crescimento sustentável da organização.

Para mudar essa visão tradicional, é necessário investir em literacia, e, acima de tudo, não ceder ao julgamento, optando por enaltecer e valorizar exemplos concretos de transações empresariais dessa natureza. Histórias de empresas que prosperaram sob nova direção ou que cresceram por aquisição provam que a venda é apenas mais uma etapa no ciclo de vida empresarial, não um epílogo marcado pelo fracasso – e podem inspirar outras jornadas empreendedoras bem-sucedidas.

Em paralelo, é fundamental que exista transparência no processo de venda, destacando a saúde financeira da empresa, as suas conquistas e o seu potencial futuro. Isso não só aumenta a confiança dos potenciais compradores, mas também desmistifica a ideia de que a transação esconde problemas.

Em última análise, reconhecer a venda de micro e pequenas empresas como uma oportunidade para novos começos é essencial para fomentar um ambiente de negócios vibrante e resiliente em Portugal. Tal perceção incentiva o investimento, estimula a inovação contínua, e apoia o desenvolvimento económico, garantindo que o ecossistema empresarial se torne ainda mais dinâmico e flexível às mudanças e desafios do mercado global.