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Lars B. Andersen, CEO da MyNameTags (Foto: Divulgação)

Sair ou não sair da União Europeia? Eis a questão

Por: Lars B. Andersen, CEO da My Nametags

 

Que repercussões terá o Reino Unido aderir ao Brexit? Custos de produção de materiais, aumento dos preços, futuros dos empregados, são pontos-chave a analisar quando se coloca em hipótese esta “quebra” de relações comerciais com a União Europeia.

Iniciei o meu negócio de etiquetas numa época em que o mercado recebia de braços abertos as novidades, a concorrência era menor e as relações exteriores estabeleciam-se de uma forma não tão burocrática. Percebo que a entrada de novas marcas para o mercado nos colocou a todos numa situação mais frágil de termos que olhar em várias frentes e discorrer sobre a melhor forma de nos tornarmos visíveis. Quando comecei a expandir o meu negócio no Reino Unido em 2004, recordo-me que o meu foco desde o início foi criar o melhor produto do mercado e oferecer aos clientes a melhor experiência possível. Inicialmente, fabricávamos só para dentro do Reino Unido, onde fomos destacados como o fabricante líder no mercado de etiquetas personalizadas à prova de lavagem, começado posteriormente por alavancar o negócio para a Europa. A proximidade e acordos com a União Europeia abriu-nos portas para outros países, como Itália, Bélgica, França, Holanda, Irlanda e, mais recentemente, Portugal e Malta, onde lançamos os Websites na língua nativa e enraizamos o conceito de marca.

Muitas vezes, reúno-me com experientes nesta matéria para perceber que mudanças podem as empresas efetivamente vir a sofrer com o Brexit. Recentemente, numa reunião com o Ministro das Finanças do Reino Unido, Philip Hammod, e com o Presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, colocámos em debate a questão da saída da União Europeia e as possíveis implicações para as empresas britânicas: custos adicionais de impostos, atrasos nas entregas de produtos, mais tempo despendido na verificação de encomendas são alguns dos pontos quentes que se farão sentir caso esta decisão seja firmada. Na minha empresa temos vindo a comprovar um forte crescimento internacional, em grande parte devido à força laboral diversificada e à multiculturalidade a que abrimos portas. Empregamos diversos cidadãos da União Europeia, bem como do Reino Unido como é evidente, mas acreditamos que expandir o leque cultural, é uma mais-valia para nós e também para os nossos colaboradores. Somos líderes no mercado Europeu da indústria das etiquetas, com 90% do volume de vendas para a Europa e o restante para outros pontos do globo. A minha empresa negoceia com 127 países em todo o mundo, daí que é vital para nós, e acredito que também para muitas PME no Reino Unido, que possamos continuar a negociar internacionalmente com o mínimo de limitações possível.

Acredito que a saída da União Aduaneira terá vários efeitos negativos para muitos negócios internacionais, que existem e se alimentam de relações exteriores mais facilitadas. Para nós que temos vindo a expandir o nosso negócio nos últimos 15 anos, torna-se difícil gerir e planear um crescimento futuro se se verificar esta rutura. O possível aumento dos custos de impostos, pode significar o aumento dos preços para os clientes europeus, o que torna mais difícil de competir com as marcas nacionais, daí que uma das possibilidades que colocamos em cima da mesa caso a rutura com a Europa se verifique, é mudarmos de escritório para a Europa.

Segundo o relatório estatístico da ONU de 2017, os emigrantes portugueses eram estimados em 2,3 milhões, com uma presença bastante significativa em França e logo a seguir no Reino Unido, onde se estimavam habitar mais de 131 mil pessoas. Se considerarmos este número tendo em conta as pessoas que trabalham e cujos negócios se estabelecem com a Europa, podemos estimar um cenário preocupante se esta saída da UE se verificar.