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Miguel Pina Martins, CEO da Science4You (Foto: João Filipe Aguiar)

“Se estamos a fazer bem, não estamos a aprender” – Miguel Pina Martins

Por: Ana Rita Justo

Um projeto universitário pouco desejado acabou por tornar-se num gigante da venda de brinquedos. Onze anos depois, a Science4You quer continuar internacional a crescer e a inovar, mantendo a máxima inicial: aprender a brincar. Dos desafios, aos erros, o fundador Miguel Pina Martins conta à PME Magazine os porquês do sucesso desta empresa portuguesa.

PME Magazine – Já partilhou muitas vezes esta história. Como é que foi para si passar deste projeto universitário para um negócio a sério?
Miguel Pina Martins – Foi uma passagem longa, já lá vai mais de uma década e tem sido um desafio bastante grande, porque aquilo que começa com o projeto académico não tem rigorosamente nada a ver com aquilo que a Science4You é hoje. Há várias passagens, vários desafios completamente diferentes. Uma coisa é começar um negócio, as primeiras vendas, começar a escalar, equipar a fábrica, exportar, vender internamente, abrir lojas… Tem sido, realmente, um processo de grande aprendizagem e que, acima de tudo, é como nós o vemos e faz parte destas coisas que se criam do nada – haver uma aprendizagem muito grande, com sucessos e também com muitos erros cometidos pelo caminho, que, felizmente até agora têm sido menores do que os sucessos. É um caminho de grande aprendizagem.

PME Mag. – Onde é que começou exatamente a Science4You?
M.P.M. – A Science4You começa na minha sala de aula, no ISCTE, na altura estava a estudar Finanças. O ISCTE tinha uma parceria com a Faculdade de Ciências em que a Faculdade de Ciências dava as ideias e o ISCTE, enquanto escola de gestão, montava os planos de negócio. Tive a sorte de ter rifado a Science4You.  O professor tinha um chapelinho, punha lá as ideias e nós íamos tirando os papéis. Eu, por acaso, tirei o papelinho que dizia kits de física, que nos deixou bastante tristes, porque olhámos à nossa volta e vimos um tipo à frente que tinha um camião do lixo com um sistema especial com enzimas que tinha de fazer menos de 30% de viagens de regresso, porque ia consumindo o lixo, atrás tínhamos um campo de golfe que tinha uma bactéria que permitia que se poupasse 20 a 30% da água, coisas realmente extraordinárias. E nós tínhamos os kits de física e, nesta revolta, fomos falar com o professor e dizer que não queríamos fazer isto. E o professor disse: “Tem de ser” e nós dizíamos que não. Até que o professor disse: “Temos duas hipóteses: ou fazem o projeto, ou não acabam o curso. O que é que vai ser?”. E aí convenceu-nos. Então, começámos, já estávamos em modo revolução, mas fomos e ainda ficámos mais, porque quando vimos o material vimos coisas de cinco, seis mil euros para vender a escolas. Até que pensámos que tínhamos de fazer os kits, mas isso não impede que  não façamos outras coisas ao lado. E na altura vimos uma coisa que foi o nosso life changing event: vimos o símbolo da Faculdade de Ciências que certificava os kits. Se isto é certificado pela faculdade, o que é que a faculdade pode certificar mais além disto? Foi aí que  vieram os brinquedos. Além dos brinquedos, também certificava as festas de aniversário de ciência que eram feitas na Faculdade de Ciências e os Campos de Férias de Ciências da Faculdade de Ciências. E aí a coisa começou a rolar e é aí, então, que nasce a Science4You.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de julho da PME Magazine.

 

Veja o vídeo da entrevista: