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Filipa Pimenta e Ivone Patrão, autoras do livro Dê o salto - 10 Desafios para ser feliz e produtivo feliz no trabalho
Filipa Pimenta e Ivone Patrão, autoras do livro Dê o salto - 10 Desafios para ser feliz e produtivo (Foto: Divulgação)

Ser produtivo/a e feliz no trabalho: posso ter ambos?

Por: Filipa Pimenta e Ivone Patrão, psicólogas, investigadoras, psicoterapeutas e autoras do livro Dê o salto – 10 Desafios para ser feliz e produtivo

Pode pois. Sabemos hoje que ser feliz no trabalho se associa a uma maior produtividade, diz-nos a ciência: estudos científicos confirmam que quem se sente mais feliz no trabalho tem maior concentração nesse contexto, maior produtividade, melhores relações profissionais e menor irritabilidade/impaciência (Queiroz-Garcia et al., 2021). A vida diária apresenta exigências e serem cumpridas e ter um bom tool kit psicológico faz toda a diferença. Comece por monitorizar e avaliar o seguinte:

1)     O que o/a motiva? Pessoas diferentes têm motivações diferentes, mas todos temos três necessidades transversais: a necessidade de nos sentirmos competentes no que fazemos e de atingirmos as nossas metas (necessidade de competência), a necessidade de nos sentirmos conectados a pessoas significativas e a grupos com os quais tenhamos uma experiência de pertença (necessidade de relação) e a necessidade de escolhermos o nosso percurso, de comandarmos as nossas ações, em consonância com a pessoa que queremos ser (necessidade de autonomia). Assim, avalie onde está nestes domínios de motivação: quais são as suas melhores competências no trabalho? Como melhorar as relações à sua volta, no trabalho? E de que forma pode alinhar melhor o que faz no trabalho com a pessoa que quer expressar?

2)     Exercite o músculo…da atenção. A atenção é uma capacidade moldável e pode ser trabalhada. O primeiro passo é observar onde é que ela para. É frequente a pessoa enredar-se em pensamentos associados a situações passadas (revividas mentalmente com julgamentos ou emoções negativas) ou projetar-se num futuro hipotético (podendo envolver a sua atenção em cenários catastróficos, espoletando emoções negativas). Apesar de nem sempre ser fácil lançar a âncora da atenção para o momento presente, tal é possível. Poderá num momento de ansiedade contar de 100 para 0, envolvendo a sua atenção numa tarefa cognitiva distinta da ansiedade; poderá também treinar a sua mente com o uso de meditação mindfulness. Um sono reparador e uma eficaz gestão de tarefas vai igualmente ajudar.

3)     O que está a procrastinar? Cerca de 20% dos adultos tem dificuldades associadas à procrastinação de tarefas diárias, o que pode conduzir a elevado stress e pior performance profissional. O que fazer?

a.       Selecione uma tarefa que anda a adiar e identifique os pensamentos associados (pensa algo do género: “São só mais 5 minutos nas redes sociais…”, “Depois tenho tempo…”, “Não sou capaz…”?). Serão estes pensamentos úteis para si? Ou contribuem para a manutenção de um problema (estar repetidamente a adiar algo que necessita de fazer)? Se a justificação que está a dar a si mesmo/a não for útil, então veja-a como aquilo que ela é: apenas um pensamento e não uma barreira física à ação. 

b.       Aceite que nem todas as tarefas são entusiasmantes. Alguns dos pendentes poderão ser até aborrecidos. Mas têm de ser feitos, certo? Aceite então a emoção associada. E procure, no curso da tarefa, o que pode haver de positivo. Será que esta tarefa desenvolve alguma competência que lhe interesse? Ou será que vê-la concluída é uma consequência importante? Talvez existam depois tarefas mais aliciantes que o ajudem a avançar na ação.

c.       Divida para conquistar. Se está a adiar fazer tarefas complexas, comece por dividi-las em partes menores. Isto torna o espoletar da ação mais provável. Além disso, completar uma pequena parcela após outra parcela da tarefa vai ajudá-lo/a a ver-se como capaz de avançar.

4)      Descanse. Sabia que a grande maioria dos adultos necessita de sete a nove horas diárias de sono? E que o uso de ecrãs antes de dormir (tablets, computadores, smartphones) vai tornar o adormecer mais difícil? E que a última dose de cafeína deve ser tomada a uma distância de oito horas de ir dormir, para que não interfira com a qualidade do sono? Se não está a descansar de acordo com as suas necessidades, reveja a sua rotina de final do dia para que consiga não só descansar as horas necessárias, como também ter um sono com a qualidade desejada. 

5)      Boas relações. Há muito que sabemos que o suporte social (i.e., a rede composta por família, amigos, colegas, ou grupos de identificação/partilha, que providenciam assistência prática e/ou apoio emocional, e que nos fazem sentir compreendidos, valorizados e aceites) é uma das variáveis que melhor protege a saúde física e mental. Como, então, fomentar boas relações? A empatia (atenção, empatia não é concordar com o outro, é compreender e identificar estados mentais do outro – perceber o que pensa e o que sente numa determinada situação) e a escuta ativa (genuína disponibilidade para ouvir o outro, para fazer perguntas de clarificação sem pressupor o que o outro quer dizer, enquanto mantém o contacto visual para apreender também a linguagem não verbal) são ferramentas poderosas.

Se tem curiosidade em saber mais sobre como ser produtivo e feliz, dê um salto ao livro Dê o Salto: 10 desafios para ser feliz e produtivo.