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Portugal ocupa o primeiro lugar no risco de burnout na União Europeia (Foto: Divulgação)

Seresco deixa dicas para empresas reconhecerem burnout nos colaboradores

Por: Diana Mendonça

Pressão para cumprir prazos, sobrecarga de trabalho, gestão de contacto com pessoas problemáticas, como é o caso, de clientes, fornecedores, colegas, entre outros, insegurança no emprego e falta de comunicação são alguns dos problemas que afetam a saúde mental dos trabalhadores portugueses. De acordo com o INE, as mulheres (54,8%) estão mais expostas a estes riscos comparativamente aos homens (53,3%), sobretudo, na faixa etária entre os 35 e os 54 anos. Por isso, a Seresco, empresa que oferece serviços e soluções para a administração de salários e de recursos humanos, sob o tema desenvolveu um conjunto de dicas para ajudar as empresas a cuidar da saúde mental dos seus colaboradores.

Segundo a empresa, muitos dos problemas relacionados com a mão-de-obra e com a retenção de talento estão relacionados com a saúde mental dos colaboradores.

“Os últimos anos têm sido particularmente difíceis pessoal e profissionalmente. A crise de saúde que vivemos, alargou-se a uma crise financeira para muitas famílias e profissionais. Além dos problemas vividos em casa, por muitas famílias, com uma alteração do ritmo de vida, assistimos a um reajuste das empresas para novas formas de trabalhar. E os departamentos de RH têm desafios acrescidos. Ao da transição digital, junta-se o desafio de retenção de talentos e de gestão de pessoal, com a gestão de um problema de saúde que afeta cada vez mais empresas, a ausência por problemas de saúde mental. Acreditamos que o peso para os RH é elevado, e pode ser controlado se existir maior sensibilização”, explica Rita Mourinha, diretora da Seresco em Portugal.

De acordo com o estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), cerca de 54% dos trabalhadores portugueses encontram-se expostos a riscos para a saúde mental no local de trabalho. Face ao ano de 2013, data de realização do último estudo, houve um aumento de 17,2% relativamente aos riscos do trabalho na saúde mental.

Portugal ocupa o primeiro lugar no risco de burnout na União Europeia. Tendo em conta este fator e os dados recolhidos pela Seresco, Rita Mourinha assinalou quatro fatores que ajudam as empresas a reconhecer sinais de burnout num colaborador.

Reconhecer a “perda de paciência, com tudo e com todos ao redor, o choro sem razão aparente e o exagero nas reações a problemas ou situações diárias” é um dos principais sinais de alerta. A somar a isto, o “esquecer conversas, ações, tarefas, se estão feitas ou não, dificuldade em focar a atenção em reuniões ou conversas e o dispersar da atenção sem memória do que foi tratado”, devem ser fatores a valorizar.

A perda de alegria e a vontade de fazer coisas, é um fator de alerta que, geralmente, é mais identificável no seio familiar.

“As idas para o trabalho, ou desde casa, as tarefas a executar, as saídas para almoçar ou jantar, ou um simples passeio no fim-de-semana, passam a parecer tarefas muito extenuantes e perde-se a motivação e vontade de as fazer”, diz a diretora da Seresco em Portugal.

Simultaneamente, o sentimento de exaustão permanente, quer física quer emocionalmente, assim como a alteração do sono, são o culminar dos fatores identificadores de burnout.

Nas situações em que as empresas identifiquem estes sinais nos seus colaboradores, devem indicar aconselhamento médico e especializado. Segundo a diretora da Seresco, deve de haver, “suporte e abertura por parte da empresa para agir como um fator de solução e não de engrandecimento do problema”.

Sistemas híbridos são “facilitadores”

A possibilidade de as empresas colocarem trabalhadores em sistemas híbridos de idas ao escritório e teletrabalho é uma preocupação e um stress para algumas pessoas. A capacidade de organização e os recursos de cada trabalhador são fundamentais para definir a experiência de trabalho a partir de casa.

Para Rita Mourinha, o sistema híbrido possibilitado pelas empresas é “facilitador”, visto que “permite um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, mantendo o espírito de equipa e o contacto físico entre colegas, emocionalmente necessário e por outro lado a capacidade de autonomia, responsabilização dos colaboradores”.

Definir e cumprir com o horário de trabalho, estabelecer períodos de folga, permitir agendamentos flexíveis, delegar responsabilidade e reconhecimento, fornecer os meios necessários de trabalho para a equipa e criar um ambiente positivo, são algumas das estratégias implementadas pela Seresco de forma a proporcionar a estabilidade mental dos seus colaboradores em teletrabalho.

A comunicação é um dos elementos-chave nas equipas. Segundo Rita Mourinha, “a falta de comunicação é tão frustrante quanto a má comunicação ou excessiva”.

“A empresa deve aprender o estilo de comunicação que a sua equipa melhor recebe e necessita e usá-lo sempre que possível de forma a manter-se consistente e desenvolver a confiança da equipa”, acrescenta.

Para se ser feliz no trabalho a diretora da Seresco considera que é necessário que a cultura interna das empresas incentive “à criação de uma equipa colaborativa, recetiva e com uma boa comunicação, capaz de aceitar as diferenças, integrar os elementos e ajudar nas dificuldades”. É também importante que proporcione um bom equilíbrio trabalho-família.

A saúde mental no trabalho é um tema sensível às empresas, refere a responsável.

“Acredito que, hoje, existe uma consciencialização maior para a saúde mental, e doenças deste foro, como a depressão, a ansiedade, o stress, o burnout, entre outras, e também, uma maior preocupação com o colaborador, pois tudo isto influi diretamente nos resultados dos colaboradores, da equipa e, em última análise, da empresa. Colaboradores felizes oferecem melhores resultados à empresa”, salienta Rita Mourinha.

O equilíbrio entre o trabalho e a saúde mental é um objetivo de muitas empresas, sendo que, de acordo com a diretora da Seresco, muitas empresas já alcançaram este equilíbrio. Exemplo disso são as empresas que são qualificadas pelos seus colaboradores nos rankings como as melhores empresas para trabalhar.

A semana de quatro dias de trabalho é um tema que tem dividido as empresas. Se, por um lado, existe um conjunto de vantagens, por outro, existe todo uma série de preocupações e hesitações na sua aplicabilidade. Quando questionada sobre o parecer da empresa sobre esta proposta e os riscos que esta acarreta para a saúde mental, a diretora da Seresco disse que “os quatro dias de trabalho poderiam tornar-se mais intensos e difíceis de gerir para pessoas que poderão estar já com alguns sinais de exaustão”.

“A realidade é que o problema do burnout e da saúde mental não surgiu pelos cinco dias de trabalho. Surge por alguma pressão no retomar da vida “normal” após uma pandemia que nos deixou a todos isolados durante meses. Há que tratar a questão diretamente e não escamotear com redução de dias de
trabalho. Primeiro, há que rever padrões, metodologias, formas de trabalhar e organização e cada empresa identificar onde pode melhorar para evitar esses problemas de saúde”, explica Rita Mourinha.