A Tech4home é uma empresa portuguesa especializada em soluções de controlo remoto, sediada em S. João da Madeira e com clientes em mais de 40 países e produção na China, Vietname e Brasil. Miguel Oliveira, um dos fundadores e atual CEO da Tech4home explica os caminhos da internacionalização que traçam o sucesso desta empresa de telecomandos.
PME Magazine – Como nasce a Tech4home?
Miguel Oliveira – A Tech4home foi fundada em dezembro de 2009 com o objetivo de mudar o paradigma da forma como interagimos com os diversos conteúdos de televisão em nossas casas.
PME Mag. – Quando perceberam que tinham de internacionalizar para escalar?
M. O. – Desde o início que definimos um plano de negócios assente no mercado global. A focalização num segmento de mercado único, telecomandos para operadores de televisão, tornou inevitável que tal acontecesse.
PME Mag. – Porque decidiram concentrar a produção na China, Vietname e Brasil?
M. O. – A China e o Vietname por razões semelhantes. Estas regiões asiáticas concentram e dominam todas as cadeias de fornecimento dos produtos de eletrónica de consumo. O Brasil está relacionado por uma política protecionista local que, na prática, obriga à realização das operações de montagem industrial final em empresas e zonas geográficas brasileiras pré-definidas.
PME Mag. – De que forma é que a Covid-19 impactou o vosso trabalho?
M. O. – A empresa passou a funcionar em teletrabalho, as viagens de negócios deixaram de existir e foram substituídas por videoconferências e os grandes eventos internacionais foram cancelados, adiados e alguns substituídos por eventos virtuais.
PME Mag. – O que mudou na Tech4home?
M. O. – Mantivemos a estratégia que estava previamente definida e não sentimos necessidade de a alterar. Consideramos, no entanto, que o grau de incerteza e imprevisibilidade na forma como o mundo vai evoluir aumentou e, nesse sentido, consideramos que devemos estar ainda mais alerta do que anteriormente.
PME Mag. – Quais os desafios de internacionalizar para um país como os EUA?
M. O. – É um mercado que exige investimentos avultados de forma continuada durante vários anos com um grande grau de incerteza. No nosso setor, a grande concentração do mercado faz com que este seja caracterizado por um número reduzido de operadores de telecomunicações, mas de enorme dimensão, tornando a entrada no mercado difícil e arriscada.
PME Mag. – Como é que os comandos por voz impactaram o vosso negócio?
M. O. – Esta tecnologia veio revolucionar totalmente este negócio, por um lado acrescentando muito valor ao produto, mas por outro aumentando de forma exponencial a complexidade tecnológica do mesmo, principalmente por via da obrigatoriedade de passar a adotar comunicações bluetooth por substituição das mais simples e desde sempre comunicações por infravermelhos.
PME Mag. – Qual o volume de negócios de 2019 e previsões para 2020?
M. O. – O volume de negócios do grupo em 2019 foi de 36 milhões de euros e a previsão para 2020 é de 40 milhões de euros.
PME Mag. – Quantos trabalhadores têm atualmente?
M. O. – Temos 31 colaboradores em Portugal e dois colaboradores no Brasil e na Turquia.
PME Mag. – Qual é o futuro das soluções de controlo remoto?
M. O. – Os telecomandos tendem a desempenhar um papel cada vez mais relevante nas nossas casas, saindo do seu ambiente natural de controlo de conteúdos de áudio/vídeo, passando a ser parte integrante e, nalguns casos, a poder desempenhar o papel principal nos sistemas de smarthome.