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Mário de Sousa, CEO da Portocargo (Foto: Divulgação)
Mário de Sousa, CEO da Portocargo (Foto: Divulgação)

“Todas as missões que abraçamos são emblemáticas” – Mário de Sousa

Por: Joana Mendes e João Carreira

Especializada no transporte internacional (em particular transcontinental) por mar e ar, a Portocargo teve um crescimento acelerado nos últimos três anos, tendo conseguido responder às necessidades dos clientes nos períodos mais críticos como a pandemia, escassez de matérias-primas e contentores, guerra na Ucrânia, entre outros constrangimentos.

Em conversa com a PME Magazine, Mário de Sousa, CEO da Portocargo, explica como tem superado os desafios recentes e fala sobre o panorama do setor da logística a nível mundial.

PME Magazine (PME Mag.) – Ao longo de 30 anos de experiência, qual foi o seu maior desafio enquanto CEO desta empresa?

Mário de Sousa (M. S.) – A minha experiência enquanto CEO da Portocargo inicia-se a 2 de abril de 1990, data de início de atividade da empresa, que atinge, agora, 33 anos de atividade.

Quando se trabalha em comércio internacional, os desafios são constantes, diferenciados e diversificados, em função dos países com os quais se opera.

Quando se é transitário/operador na gestão da cadeia logística internacional, estamos permanentemente perante uma panóplia de acontecimentos e situações nas quais somos chamados a intervir, que nos permitem adquirir no dia a dia um vasto e riquíssimo “património”, que é o do conhecimento.

Dependendo do número de países com os quais trabalhamos, a sua localização geográfica, cultura, religião e até tradições, o know how que se adquire é verdadeiramente inigualável. Colocá-lo em prática e ao serviço da humanidade, é uma missão que assumimos como indispensável.

Para além da contínua aprendizagem e constante atualização que a profissão exige, a credibilidade é crucial para vencer numa atividade em que só uma perfeita interligação de diferentes players permite assegurar soluções logísticas capazes de resolver os problemas com que cada cliente se defronta para o seu ativo mais precioso, que é a mercadoria.

O que mais “gozo” dá é arquitetar, construir e coordenar soluções logísticas que permitam o abastecimento de matérias primas, componentes e produtos acabados, oriundos de qualquer parte do mundo para qualquer destino de utilização ou consumo, ultrapassando barreiras físicas, legais, burocráticas e políticas, entre outras, e cheguem em tempo oportuno e a preços aceitáveis a qualquer ponto do globo.

Os desafios são constantes e diferenciados, sendo que diariamente somos confrontados com situações nunca antes experimentadas.

PME Mag. – O que foi mais emblemático?

M. S. – Todas as missões que abraçamos são, para nós, emblemáticas.

Desde uma simples operação logística, às mais complexas operações que envolvem vários meios, o mais relevante para nós é colocar a capacidade técnica e experiência dos nossos colaboradores ao serviço da gestão da cadeia logística e do comércio internacional.

PME Mag. – Qual foi a sensação da Portocargo ser nomeada umas das 1000 maiores empresas em Portugal?

M. S. – A sensação é de que foi muito bom termos chegado onde estamos, mas de que existe uma responsabilidade acrescida ao nível de exigência que colocamos a nós próprios, para que os vindouros sintam orgulho e o comprometimento de dar continuidade ao legado que a Empresa tanto merece.

O que mais nos motiva é atingir o patamar de excelência nos serviços por nós prestados e o reconhecimento de que criamos valor na gestão da cadeia Logística. Se a este objetivo conseguirmos adicionar o do contínuo crescimento, que nos permita chegar sempre mais longe e mais alto, então seremos uma Equipa ainda mais Feliz e uma Empresa onde todos os bons profissionais desejam trabalhar.

PME Mag. – Considera que estar presente no mercado internacional é uma vantagem? Qual é a influência do transporte transcontinental na sua empresa?

M. S. – Se trabalhar em comércio internacional é um privilégio e, simultaneamente, uma enorme responsabilidade, o facto de estarmos envolvidos no comércio intercontinental, com a projeção que temos a nível global, gera, em cada um de nós, o sentido de missão e a necessidade de uma atualização constante, respondendo às alterações aceleradas e altamente complexas propiciadas pela globalização.

PME Mag. – Nos últimos três anos, de que forma é que todas as adversidades foram solucionadas? Quais foram as mais difíceis de lidar?

M. S. – Os últimos três anos foram difíceis, mas simultaneamente riquíssimos em experiências nunca antes imaginadas.

No dia 18 de março de 2020, tivemos de tomar uma de duas decisões possíveis:
a) Encerrar portas e entrar em teletrabalho, o que seria muito difícil para a empresa, fruto da nossa atividade, podendo mesmo vir a colocar em causa a sua continuidade;
b) Subdividir a equipa em duas, que alternariam de duas em duas semanas.

Optamos pela opção b), assegurando altos níveis de segurança e controlo, com testagens sistemáticas de todos os colaboradores que terminavam ou retomavam o trabalho presencial.

Apesar de alguns sobressaltos, esta foi a fórmula acertada e que nos permitiu entrar em operações difíceis, complexas e altamente desafiantes, mas que nos deram extraordinária visibilidade e um nível de reconhecimento como nunca antes tínhamos atingido.
Soubemos estar, em todos os momentos, à altura das necessidades, e isso reflete-se na confiança e no compromisso que os nossos clientes depositam em nós.

PME Mag. – Como foi lidar internamente com essas mesmas dificuldades?

M. S. – Quando se tem uma equipa de pessoas altamente qualificadas e resilientes, tudo é verdadeiramente mais fácil de conseguir.
Tanto os colaboradores que permaneciam no local de trabalho, como os que se encontravam em teletrabalho, mantiveram-se sempre na conjugação de esforços e entreajuda que permitiu sempre a execução de todas as operações, independentemente dos locais e das dificuldades encontradas. Mesmo com países fechados ao exterior, ou mesmo entre províncias, fomos sempre capazes de construir soluções para todos os problemas que nos foram surgindo.

Enquanto líder, não tenho qualquer dúvida: saímos da pandemia muito mais fortes enquanto equipa, mais ricos em conhecimentos, muito mais conscientes de que uma equipa só existe se todos caminharem no mesmo sentido e convictos de que o conjunto vale muito mais que a soma das partes.

PME Mag. – O que gostaria de implementar nos próximos anos?

M. S. – Numa área altamente complexa e em permanente mutação, a capacidade de promovermos a melhoria contínua é fundamental para nos mantermos competitivos no mercado. Temos, por isso, um conjunto de objetivos e ações que pretendemos implementar e que se traduzirão em valor acrescentado para a Portocargo e para os nossos clientes e parceiros.

Todos esses processos visam otimizar os sistemas de gestão logística, permitindo aos nossos clientes contratar-nos para operações que, sendo atualmente custos fixos, possam ser transformados em custos variáveis nas suas empresas.
Temos o know-how, as ferramentas, a tecnologia e os recursos humanos para construir e fornecer soluções eficientes e vantajosas, permitindo aos nossos clientes a concentração no core do seu negócio.

PME Mag. – Como vê, no futuro, o papel da Portocargo no desenvolvimento da logística internacional?

M. S. – O futuro da Portocargo, tal como o imaginamos, será o de uma empresa capaz de assegurar uma oferta integrada dos vários serviços necessários para uma eficaz gestão da cadeia logística a uma panóplia de empresas que atuem nas mais diversas atividades económicas.

Uma empresa que se distingue por não se concentrar em programas standard, mas que é capaz de construir soluções logísticas diferenciadas e diferenciadoras, de modo a suprir as necessidades de cada empresa e cada produto, independentemente da sua dimensão, localização ou área de atuação.