Home / Empresas / Ambiente / Turismo cada vez mais sustentável
green up pme magazine sustentável
Green Up teve mais de 250 participantes (Foto: Green Up)

Turismo cada vez mais sustentável

Por: Ana Rita Justo

Mais de 250 participantes candidataram as suas ideias de turismo sustentável ao programa Green Up, do Turismo de Portugal em parceria com a Territórios Criativos. Fomos conhecer os vencedores.

Os negócios querem-se, cada vez mais, sustentáveis e o turismo não foge à regra. Foi por isso que o Turismo de Portugal e a Territórios Criativos lançaram o Green Up, um programa de ideação em turismo sustentável, do qual saíram três grandes vencedores: um projeto móvel de degustação de doçaria tradicional, sacos de compras feitos a partir de plásticos retirados dos oceanos e um projeto de redescoberta do património megalítico português em modo caminhada.

Gonçalo Silva, 17 anos, dá a cara pelo projeto vencedor do programa, que saiu da cabeça de seis colegas da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão. Chama-se “Little Tuga Treasures” e consiste numa forma “móvel e interativa de o turista e a população no geral terem acesso à doçaria tradicional e conventual”.

O projeto tem por base a idealização de uma carrinha movida “maioritariamente a energias renováveis”, com uma vitrine com quatro secções de doces tradicionais.

“Nesta vitrine, o cliente terá acesso a três doces tradicionais e um de inovação, sem glúten, ou outro produto que torne o doce mais saudável. Ao mesmo tempo, terá a oportunidade de, enquanto o seu pedido é finalizado, ouvir, a partir de um narrador audiovisual, a história e tradição por detrás daquele doce”, explica o vencedor.

Atualmente em pausa para que os seis estudantes possam agora dar largas à sua imaginação no mundo sério do trabalho, o “Little Tuga Treasures” espera agora que os seus mentores voltem a agarrar na ideia e a transformem efetivamente num negócio de sucesso.

O Green Up contou com mais de 12 oficinas criativas por diversas universidades e escolas de turismo do Alentejo e Algarve, que muito ajudaram a desenvolver estes novos projetos.

“As formações foram extremamente úteis para o desenvolvimento do nosso projeto. Os mentores foram muito profissionais e isso ajudou bastante”, sublinha Gonçalo Silva, que terminou este ano o curso de Técnicas de Cozinha e Pastelaria e que se encontra, atualmente a trabalhar num boutique hotel em Lagos.

 

Um projeto “ambicioso”

Dília Nunes, que aos 41 anos decidiu voltar a estudar e tirar o Mestrado em Design e Comunicação para Turismo e Cultura da Universidade do Algarve, conquistou o segundo prémio com o projeto “Mind the Bag”. O conceito, explica, passa por “sacos feitos de materiais plásticos retirados dos oceanos, 100% reutilizáveis, laváveis e recicláveis”.

“Pretende-se manter o conforto e a qualidade de vida dos consumidores, enquanto tentamos mudar paradigmas de consumo e ajudamos a salvar os oceanos, fundamentais para o nosso turismo e para a vida do planeta”, explica.

Atualmente, Dília encontra-se a desenvolver o protótipo do saco para depois avançar para a procura de investidores.

“A ‘Mind The Bag’ tem planos ambiciosos para o futuro e quer fazer a diferença na proteção dos oceanos. Esperamos estar em casa de todos os portugueses muito em breve.”

Para isso, muito contribuiu a formação dada através do programa Green Up, nomeadamente o “The Good Business Model” .

Segundo explica Teresa Preta, CEO da Territórios Criativos, um dos promotores do programa, trata-se de uma
ferramenta para negócios sustentáveis que “permite trabalhar a sustentabilidade nos seus três níveis: financeiro, social e ambiental”.

“É fundamental que negócios sustentáveis na área do turismo sejam apoiados, não só porque o impacto do turismo é positivo, mas também porque os negócios querem-se conscientes”, advoga a responsável.

Para Teresa Preta, os objetivos do Green Up “foram atingidos”. “Confirmar que há tantos projetos sustentáveis idealizados por jovens foi uma surpresa muito grande”, confessa.

 

Reinventar o património

O terceiro projeto galardoado pelo Green Up foi o “Pé-Anta-Pé”, idealizado por Carlos Plácido, natural de Pavia, concelho de Mora, Évora. A ideia surgiu quando, passado 20 anos, decidiu recuperar a casa de uns familiares e se deparou com o cenário de “desertificação”.

“Recuperei apontamentos guardados há muito e parti à procura do megalítico de Pavia, descobrindo o ‘El Neolítico de Pavía’, de Vergílio Correia editado em 1921. Despertou-me as placas de xisto encontradas no interior de centenas de antas na região, em especial a encontrada no interior da nossa anta-capela de São Dinis”, explica Carlos Plácido à PME Magazine.

Assim nasceu o “Pé-Anta-Pé”, um projeto que pretende “disponibilizar experiências temáticas e megalíticas”, inicialmente em modo caminhada, mas que no futuro poderá ser alargado a experiências em bicicleta e jipe-safari e também replicado noutros locais de Portugal por via do franchising.

“O interior do nosso país é rico em património histórico, megalítico, cultural, social e natural, existe muito por descobrir em cada aldeia ou vila. É preciso criar um movimento capaz de revolucionar este estado de fraqueza cultura em que nos encontramos”, exorta Carlos Plácido.

Para Teresa Preta, da Territórios Criativos, os “empreendedores estão cada vez mais sensibilizados para a importância da sustentabilidade e do impacto dos seus negócios”.

“Há, por isso, a necessidade de acompanhar a evolução, não só do turismo, mas dos negócios.”