Quarta-feira, Abril 2, 2025
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“Uma PME que investe em práticas ecológicas ganha uma vantagem competitiva clara” – António Cunha Pereira

Por: Ana Vieira

 

A Ecoinside, empresa focada na área da Ecoeficiência Corporativa e Sustentabilidade Ambiental, nasceu na Universidade do Porto, há 20 anos.

Desafiados pela crise financeira em Portugal de 2010–2014, transformaram o negócio e deixaram de ser apenas uma empresa de serviços para passarem a identificar oportunidades de eficiência energética nas empresas e a implementar as próprias soluções.

Com 21 colaboradores, e uma faturação em 2024 de quatro milhões de euros, António Cunha Pereira, co-fundador e co-CEO da Ecoinside, antevê a importância de soluções como o “armazenamento de energia e comunidades de energia renovável”, como um “fator diferenciador para conquistar novos clientes e mercados”.


PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu a Ecoinside? 
António Cunha Pereira (A. C. P.) – A ideia que deu origem à Ecoinside surgiu em 2005, tendo-se materializado como empresa na sequência do 1º curso de empreendedorismo da Universidade do Porto. Na altura, o conceito de empreendedorismo em Portugal ainda estava a dar os primeiros passos e, por isso, começar algo novo foi um grande desafio. Em 2006, fundámos a empresa, inicialmente com um foco puramente em serviços, num modelo mais clássico de consultoria. No entanto, como qualquer startup, tivemos os nossos altos e baixos, e o grande teste à nossa resiliência veio com a crise económica de 2010 2014, resultante do colapso financeiro global e da crise da dívida soberana que atingiu Portugal.

“(…) decidimos transformar o modelo de negócio da Ecoinside, deixando de ser uma empresa apenas de serviços e passando a ser uma Energy Services Company (ESCO), seguindo o modelo americano”.

Nessa altura, o mercado português estagnou, e nós sentimos esse impacto diretamente. Tínhamos contratos importantes com empresas como o Banco Espírito Santo e o BPI, mas a crise forçou-nos a repensar a nossa abordagem. Foi nesse momento que decidimos transformar o modelo de negócio da Ecoinside, deixando de ser uma empresa apenas de serviços e passando a ser uma Energy Services Company (ESCO), seguindo o modelo americano. Passámos a identificar oportunidades de eficiência energética nas empresas, mas, mais do que isso, a implementar as soluções que sugeríamos, o que nos permitiu oferecer um serviço muito mais completo. Este processo de transformação foi decisivo para o nosso crescimento nos anos seguintes.


PME Mag. – Que tipo de serviços e produtos a Ecoinside disponibiliza às empresas e consumidores? E quais os mais populares?
A. C. P. – A Ecoinside disponibiliza soluções integradas para a transição energética e a sustentabilidade, atuando em cinco áreas: energias renováveis, sustentabilidade, mobilidade elétrica, eficiência energética e gestão de energia. O nosso portefólio é pensado para maximizar o retorno do investimento, reduzir custos operacionais e promover a descarbonização.

“Atualmente, ultrapassamos os 30 MWp de centrais fotovoltaicas instaladas em Portugal (…)”

Os sistemas fotovoltaicos para autoconsumo são as soluções mais procuradas, permitindo às empresas reduzir significativamente a fatura energética e aumentar a independência face à rede elétrica. Atualmente, ultrapassamos os 30 MWp de centrais fotovoltaicas instaladas em Portugal, incluindo na Madeira, com a maioria deste parque sob a nossa operação. 

A mobilidade elétrica tem também registado um crescimento acelerado, com cada vez mais empresas a investir na eletrificação das suas frotas e na disponibilização de infraestruturas de carregamento. Em 2023 contávamos com rede de carregamento para veículos elétricos (PCVE) em Vila Nova de Gaia, Póvoa de Varzim, Setúbal, Braga, Caldas da Rainha e Fafe, e em 2024, vencemos concursos públicos, lançados pelos municípios do Funchal, Oliveira do Bairro, Mealhada, Alcanena e Matosinhos. Este ano continuamos em linha com a estratégia de expansão da nossa rede, a Ecoinside destacou-se como uma das principais empresas adjudicatárias no concurso “Ruas Elétricas” da MOBI.E, que garantiu quatro dos maiores lotes em disputa: Viseu, Leiria, Santarém e Guimarães. Nestes projetos investimos mais de 1 milhão de euros e ampliamos a nossa presença neste mercado em cerca de 300% relativamente ao ano anterior. Conquistas que refletem o impacto da de uma estratégia alinhada, bem como da procura e adesão da população à mobilidade elétrica.

Outro serviço que tem ganho destaque é a gestão de energia, onde ajudamos as empresas a monitorizar e otimizar os seus consumos em tempo real, garantindo maior eficiência operacional. O nosso modelo “chave na mão”, simplifica todo o processo para os clientes, desde o planeamento até à instalação e manutenção, garantindo que as soluções implementadas geram os resultados esperados a longo prazo.


PME Mag. – Como medem o impacto das soluções implementadas em termos de redução de carbono e sustentabilidade?
A. C. P. – A medição do impacto das soluções implementadas é um pilar fundamental da nossa abordagem. Utilizamos ferramentas avançadas de monitorização para quantificar, em tempo real, a produção de energia, o consumo evitado e a redução de emissões de CO₂. Estas métricas são fundamentais para a elaboração de relatórios de sustentabilidade e para o cumprimento dos compromissos ESG assumidos pelos nossos clientes.

Dispomos de dashboards personalizados e relatórios detalhados que permitem às empresas acompanhar a evolução dos seus consumos e poupanças. Além disso, realizamos auditorias periódicas para garantir que os benefícios previstos estão a ser alcançados, reforçando o nosso compromisso com resultados concretos e mensuráveis.


PME Mag. – Acreditam que as empresas portuguesas estão a adotar uma postura mais sustentável? Quais os setores mais avançados?
A. C. P. – A sustentabilidade passou de uma tendência para uma necessidade. Há dez anos, quando falávamos de eficiência energética ou ecoeficiência, muitas empresas viam estas questões como uma “moda” ou algo acessório. Hoje, a sustentabilidade é quase uma obrigação. Os clientes finais, especialmente no mercado europeu, são cada vez mais exigentes em relação à pegada ecológica dos produtos que consomem. Isso força as empresas a serem mais transparentes e a adotar práticas mais sustentáveis.

“(…) o mercado para soluções de sustentabilidade e ecoeficiência é enorme, e as oportunidades são muitas”.

O que estamos a ver agora é que empresas de diferentes setores — desde o têxtil até à indústria automóvel — têm de responder a estas novas exigências do mercado. Felizmente, nós antecipámos essa tendência, e isso colocou-nos numa posição muito forte para oferecer soluções que realmente fazem a diferença. Hoje em dia, o mercado para soluções de sustentabilidade e ecoeficiência é enorme, e as oportunidades são muitas.


PME Mag. – Quais são as vantagens competitivas para uma PME que investe em práticas ecológicas? 
A. C. P. – Uma PME que investe em práticas ecológicas ganha uma vantagem competitiva clara, não só pela redução dos seus custos operacionais, mas também pela valorização da sua marca junto de clientes, investidores e parceiros. O futuro será das empresas que conseguirem aliar eficiência e sustentabilidade, e aquelas que começarem essa transição mais cedo estarão mais bem posicionadas para enfrentar desafios como a volatilidade dos preços da energia e as exigências regulatórias cada vez mais rigorosas.

“(…) a instalação de sistemas de monitorização de energia ou a aposta em iluminação eficiente, já trazem impacto”.

Na Ecoinside, procuramos apoiar as PME a iniciarem a sua jornada de transição com um diagnóstico energético rigoroso, para identificarem onde podem reduzir desperdícios e otimizar o consumo. Pequenas mudanças, como a instalação de sistemas de monitorização de energia ou a aposta em iluminação eficiente, já trazem impacto. Depois, avançamos para soluções mais estruturantes, como a produção descentralizada de energia através de fotovoltaico para autoconsumo ou a participação em comunidades de energia renovável. A sustentabilidade deve ser encarada não como um custo, mas como um investimento estratégico que gera retorno e fortalece a competitividade a longo prazo.

A Ecoinside tem uma ferramenta financeira de apoio a esta transição, constituída por um fundo de 15 milhões de euros que tem a missão de investir em projetos no âmbito da transição energética e descarbonização da economia. Assim, para os projetos que a Ecoinside desenhe para os seus clientes, é possível recorrer a este fundo de investimento acelerando dessa forma a implementação de tecnologias que promovem a sustentabilidade das empresas.


PME Mag. – Como imaginam a Ecoinside nos próximos cinco anos? Há planos para expansão internacional ou novos mercados?
A. C. P. – A Ecoinside tem planos ambiciosos para os próximos cinco anos. O nosso principal objetivo é ultrapassar os 10 milhões de euros de volume de negócios anuais, consolidando a nossa posição como referência na instalação, operação e manutenção de centrais fotovoltaicas.

A expansão da equipa para mais de 50 colaboradores até 2026 será fundamental para sustentar este crescimento. Queremos reforçar a nossa presença em novos setores e consolidar a nossa posição como uma empresa focada na sustentabilidade a longo prazo, oferecendo soluções que vão além da instalação, garantindo a operação e o desempenho
contínuo das tecnologias implementadas nos nossos clientes.

“(…) armazenamento de energia e comunidades de energia renovável, será um fator diferenciador”

A aposta na inovação e no desenvolvimento de novas soluções, como armazenamento de energia e comunidades de energia renovável, será um fator diferenciador para conquistar novos clientes e mercados.

Acreditamos que a combinação entre a nossa experiência acumulada e a constante evolução tecnológica permitirá posicionar a Ecoinside como um parceiro de referência na sustentabilidade energética em Portugal.

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