Por: Marta Godinho
De acordo com o “Estudo Adoção Cloud” da NTT DATA, consultora global de negócios e tecnologia, realizado entre abril e dezembro de 2022 com o apoio de 15 entidades financeiras, revelou que, apesar da evolução positiva na adoção de serviços Cloud em Portugal, as entidades financeiras ainda apresentam alguns desafios inerentes à escassez de recursos humanos especializados e ao esforço requerido para a modernização dos seus parques aplicacionais.
De acordo com a Eurostat, as entidades a operar em Portugal apresentam-se 9% abaixo da média europeia (36% contra os 45% em 2021). Contudo, em 2018, estavam em linha com a prática das congéneres europeias. Atualmente, estes dados refletem que as empresas portuguesas não estão a conseguir adaptar-se ao mesmo ritmo que outras empresas europeias, o que pode levar a uma maior divergência em termos de competitividade a nível internacional.
Um dos motivos deste atraso das empresas portuguesas prende-se pela dimensão das empresas presentes no mercado nacional, apesar de se poder justificar a não utilização deste tipo de serviços nas empresas de menor dimensão. Por exemplo, 71% das grandes organizações já utilizam serviços cloud, o que compara bem com a média da União Europeia que apenas se encontra ligeiramente acima (74%). Contudo, este segmento foi o que teve um menor crescimento desde 2019 (18%).
No estudo, 95% das entidades assume estar num processo de avaliação da adoção de serviços cloud, enquanto apenas 5% afirma não ter intenções de tal, nem a curto nem a longo prazo. Atualmente, existe um movimento comum de análise e integração de cloud por esta tecnologia se apresentar como uma opção credível de transformação dos sistemas, mesmo independente da dimensão da empresa e dos diferentes níveis de adoção, seja ela a utilização de cloud apenas para projetos específicos (12%), a exploração das potencialidades da tecnologia através de provas de conceito (PoCs e estudos 24%) ou a integração de cloud como uma das opções tecnológicas estratégicas da entidade (64%).
Atualmente, o nível de integração da tecnologia nas empresas do setor já se encontra em níveis bastante elevados com 76% das empresas a reconhecerem ter entre 10% a 40% dos seus processos suportados em cloud e 18% a afirmar que mais de 40% das suas aplicações já se encontram na cloud. Quanto ao tipo de utilização, 18% das entidades deste estudo afirmar suportar os ambientes não produtivos em tecnologia cloud, 47% afirma ter sistemas periféricos/não core em cloud, sendo que 53% já apresenta esta tecnologia a criar funções de suporte direto a processos de negócio.
Os principais fatores desafiantes à implementação de serviços cloud são os associados à complexidade e risco na migração dos sistemas legacy , a obrigatoriedade de direcionar uma parte muito significativa do orçamento de IT para a atividade – sendo que as organizações apontam que dois terços do orçamento atual é direcionado à manutenção de estruturas mainframe: contratos, parques aplicacionais e sistemas. Assim, ainda existem algumas reservas quanto à latência entre sistemas suportados em clouds distintas e incertezas quanto à interoperabilidade dos sistemas.
Apesar disto, as principais oportunidades da transição para cloud, segundo as entidades inquiridas, são a elasticidade da infraestrutura (ou seja, a capacidade de adequar de forma ágil a disponibilidade do serviço às necessidades de processamento e armazenamento requeridas pelos sistemas) (70%), a inovação tecnológica que permite o alinhamento da arquitetura e da infraestrutura com os padrões mais inovadores (65%) e, o controlo de custos (consequência do modelo pay-as-you-go e da visibilidade dos custos e consumos dos serviços cloud) que oferecem uma capacidade de otimização e avaliação de retorno mais completa do que a existente nos modelos tradicionais (55%).
“Este estudo demonstra que as entidades financeiras em Portugal reconhecem o valor da transição para a cloud, pois estão a fazer um esforço para modernizar os seus sistemas informáticos, tirando parte desta tecnologia, mas a dimensão das organizações, a complexidade dos sistemas legados e a escassez de talento qualificado está a atrasar esta mudança, o que pode comprometer a competitividade das organizações a prazo, na comparação com as congéneres europeias e com os novos players do mercado”, afirma Jorge Miguel Tavares, diretor na área de banca da NTT DATA Portugal.
“Numa altura em que assistimos ao surgimento de novas tecnologias que permitem criar novos modelos de negócio e melhorar a experiência final do cliente, é fundamental que as organizações possuam um plano estratégico para fazer evoluir os seus sistemas, dotando-os da flexibilidade necessária para responder às exigências de cada momento. É neste contexto que a transição para a cloud se apresenta como fundamental”, sublinha Pedro Miguel Cruz, diretor na área de tecnologia da NTT DATA Portugal.