Por: Ricardo Parreira, CEO da PHC
O que é que a felicidade tem que ver com inovação, menos stress e mais produtividade? À partida aparenta ser uma associação difícil, mas será que tem que ser mesmo assim?
É do conhecimento comum que equipas e empresas felizes produzem mais e servem da melhor forma as necessidades dos seus clientes. Costumo dizer frequentemente que “a felicidade é lucrativa” e assumo essa forma de pensar junto de todos os nossos colaboradores. Uma empresa feliz não é suficiente para garantir o crescimento e sustentabilidade de uma organização, principalmente quando se trata de uma PME, mas é uma condição necessária e incontornável no atual panorama empresarial.
Precisamos de pessoas motivadas, com garra e vontade de pensar mais além, caso contrário ficaremos pelo caminho. É este mindset que necessita de atenção para que uma PME tenha o devido sucesso.
Contudo, como tudo na vida, a felicidade de uma empresa dá muito trabalho e necessita da mudança certa. É nesta mudança que se encontra um dos maiores desafios das empresas e que tantas vezes nos esquecemos: como é que uma empresa pode fazer os meus colaboradores mais felizes e motivados? Não pode. Uma empresa não pode tornar as pessoas felizes ou ter iniciativas que influenciem diretamente este fator tão importante, a felicidade depende apenas do indivíduo e não lhe pode ser imposta.
Esta ideia nem sempre é clara. É frequente em países latinos, como o nosso, guiarmo-nos pela lei do “good enough”, ou seja, o suficiente basta e a mudança é ótima desde que não seja eu a ter de mudar. Aceitamos o “bom”, o “foi sempre assim que foi feito”, o “a culpa não foi minha” e o “se ao menos alguém fizesse isto”. E em ambientes complexos como o empresarial ainda mais.
A tentação de ver no “outro” a barreira da nossa felicidade é tão tentadora que se torna fácil, e aparentemente confortável. A verdade é que nos tornamos vítimas das rotinas e das desculpas e nos esquecemos que a nossa felicidade depende apenas de nós. Quantas vezes pensa um colaborador da nossa empresa algo como “não me apetece nada ir trabalhar hoje”, ou “eu gostava era de estar noutra função”. E quantas vezes já tomámos, enquanto gestores, uma medida para alterar a nossa situação?
Muito provavelmente, foi um número muito mais reduzido do que aquelas em que desperdiçamos energia a reclamar. Foram as nossas próprias decisões que nos trouxeram até aqui e são as nossas decisões que nos vão fazer inovar e crescer enquanto indivíduos e enquanto profissionais. E, se nós crescermos, a empresa cresce. Isto deixa-nos num impasse: se uma empresa não pode construir a felicidade dos seus colaboradores, o que pode então fazer?
Na empresa que lidero sabíamos que tínhamos que fazer alguma coisa e decidimos contruir um projeto focado, não em trabalhar “a felicidade”, mas em potenciar a “atitude para a felicidade” de todos os que aqui trabalham. A lógica foi muito simples, se não depende de nós fazer as pessoas felizes vamos dar-lhes todas as ferramentas para que possam trabalhar a sua própria felicidade.
Foi assim que, em 2017, nasceu o My Happiness, um programa da PHC pensado de raiz para trabalhar a atitude para a felicidade e que teve resultados muito positivos. Este projeto teve como foco ajudar as pessoas a ganharem a consciência da importância da felicidade nas suas vidas e conhecerem técnicas que podem aplicar para percorrerem esse caminho.
Convidámos um conjunto de especialistas de várias áreas para ensinar técnicas-chave que potenciam a nossa atitude para a felicidade. Desde a compreensão do quociente da felicidade, à postura corporal, à minha forma de expressão ou ao mindfulness como ferramenta de discernimento pessoal, até sessões fotográficas de grupo, todos passaram por este conjunto de experiências.
Os resultados foram surpreendentes. Perceber como uma empresa pode aprender tanto com um ator de teatro que está habituado a lidar com a crítica e tem técnicas específicas para não deixar que uma má audiência influencie o seu estado de espírito, ou como um formador de mindfulness nos pode ensinar técnicas que nos ajudam a focar no que realmente é importante. O resultado tem sido incrível. Melhorias no já caraterístico bom-ambiente da PHC, na nossa felicidade interna e, claro, nos já referidos resultados financeiros.
Então, o que é que a felicidade tem que ver com inovação, menos stress e mais produtividade numa PME? Tudo. A felicidade é um investimento com retorno para as empresas que desejam ser bem-sucedidas. Não pode ser dada, mas podemos construir o caminho para termos empresas melhores para trabalhar e com maior sucesso.