Quinta-feira, Novembro 28, 2024
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Carta aberta de um enfermeiro

Por: F. S., enfermeiro chefe num hospital privado em Lisboa

Entrámos na fase mais grave epidemiológica no que diz respeito ao tratamento da pandemia. Enfermeiro apela aos trabalhadores para que fiquem em casa o maior tempo possível.

Para quem não sabe, fase de mitigação significa controlar danos, nada mais. Digamos que se abriu uma fenda de maior dimensão na barragem e vamos ter de agir ainda mais depressa. Para equilibrar os pratos na balança (se é que alguma vez isto é possível), devemos interiorizar o seguinte:

– Todos com quem vivemos, nos cruzamos e vemos estão potencialmente infetados. A contenção do vírus falhou, mas não há que esmorecer. Se têm visto as notícias, esta é uma guerra com data semi-anunciada e, por isso, os hospitais, melhor ou pior, prepararam-se;

Continua a ser fundamental adiar o mais possível a data de desabamento total da barragem para que se consiga tratar o maior número possível de infetados;

– Agora a panaceia está nos testes, é verdade que são extremamente importantes e permitiriam de imediato aplicar medidas de isolamento aos casos positivos… Mas vem a outra face da moeda: os que deram negativo vão fazer o teste diário? E os falsos negativos? E os falsos positivos? Enfim, quando se vai para a guerra com poucas armas e com muitas que encravam, torna-se fundamental colocar mais um peso no prato da balança… da vida;

Fiquem em casa! Promovam o distanciamento social. Lavem com frequência as mãos e higienizem as zonas de circulação doméstica e empresarial;

Quando forem correr, não levem animais domésticos que frequentam o interior das vossas casas. Basta juntar o óbvio… o vosso calçado fica à porta mas o deles não.

No mercado da saúde vive-se um autêntico frenesim selvagem pois, milagrosamente todos produzem máscaras e outros materiais de proteção. Adicionalmente, estes produtores têm todos um parceiro chinês… Extraordinário como rapidamente se estabeleceram protocolos que não existem.

As compras de lixo pelo Facebook e afins proliferam com muitos “artistas” que, sem qualquer escrúpulo, continuam a fazer dinheiro à custa da desgraça atual. Uns dirão: “É a economia, meu caro”. É a oportunidade… Pois é, mas pode ser que um profissional de saúde esteja a usar lixo na cara e no corpo convencido que está protegido a tratar de alguém com Covid-19. Esse alguém também pode ser familiar do vendedor sem escrúpulos.

Resumindo, se puderem trabalhar a partir de casa, façam-no pois continua a ser o mais seguro para vós e para a sociedade. Vejam Espanha, os Estados Unidos da América… a Itália só agora começa a diminuir, parece. Vamos ver. A Europa e as Américas não têm nem a disciplina nem cultura asiáticas, por isso, vamos ver no que dá.

Fiquem bem e protejam-se.

(Nota ao leitor: para efeitos de proteção da fonte, a PME Magazine reserva-se no direito de proteger a identidade do autor desta carta aberta enviada à redação.)

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