Por: André Costa, brand developer na Fabamaq
O vírus que se instalou no Mundo não estava nos planos de nenhuma empresa, mas veio ajudar a revelar o seu verdadeiro ADN. Vivemos um verdadeiro teste de fogo à cultura das empresas, a começar pela gestão de topo e a terminar no colaborador mais recente. Na base deste desafio está um conceito essencial na definição do ambiente vivido nas organizações: a maturidade. Vamos ver como ela tem sido posta à prova em três níveis fundamentais:
Nível 1 – A tomada de decisões e a radiografia dos gestores de topo
Esta pandemia veio encostar os gestores empresariais à parede de várias formas. Vamos focar duas. Primeiro, pela necessidade que viveram de encontrar respostas para um problema sobre o qual se sabia muito pouco, tomando decisões que tinham de ter em conta o balanço perfeito entre o humanismo e cuidado com a vida das suas pessoas e a viabilidade dos negócios a longo prazo.
Em segundo lugar, porque é um verdadeiro teste ao conhecimento que os gestores têm das suas empresas. Quão bem conheço a minha empresa? Quão bem conheço o nível de maturidade das minhas pessoas? Perante as respostas a estas duas questões, quais as opções que tenho ao meu dispor? Estas são questões que vários gestores começaram a fazer forçosamente com maior regularidade e continuam a fazer.
Após algumas semanas, os gestores já perceberam se a imagem que tinham do nível de maturidade das suas empresas estava mais próxima ou distante da realidade. De resto, este desafio vai continuar, nas próximas semanas, com o regresso a uma normalidade que será necessariamente diferente.
Nível 2 – A difícil relação liberdade/flexibilidade e a responsabilidade
Um dos grandes desafios de quem reivindica com sucesso é a correta utilização do poder que lhe é concedido. É fácil alimentar a crítica redundante e sem fundamento para reclamar mais liberdade e flexibilidade na relação com o trabalho e com a gestão das empresas.
Mais difícil é perceber que quando estes pedidos são positivamente respondidos por quem gere, vêm acompanhados de uma responsabilidade acrescida. A responsabilidade de saber usufruir destes novos poderes sem prejudicar o outro lado da balança: a performance e a produtividade dos negócios.
Nível 3 – O duelo “a minha situação vs. a situação da empresa”
O vírus não escolheu uma época para aparecer. Mesmo com o acompanhamento das situações na China e da Itália, todos os setores tinham contratações, despedimentos e negociações em curso. Pois bem, a Covid-19 trouxe também um desafio de maturidade para as pessoas e as empresas a este nível.
Até que ponto temos colaboradores e líderes que são capazes de compreender e interpretar o contexto? Até que ponto estas pessoas consideram a “big picture” e conseguem ver além dos seus interesses pessoais? Até que ponto as pessoas são capazes de resfriar uma vontade pessoal para contribuir para a solução de sustentabilidade da sua empresa?
Por outro lado, é também um teste importante à honestidade e transparência das empresas na gestão dos processos de negociação. Até que ponto estão, ou não, as empresas a aproveitar-se de um contexto social e económico de debilidade? Este será assim um teste relevante também para separar o trigo do joio na gestão e para perceber quem são as pessoas alinhadas com a cultura que se pretende para as organizações.
A Covid-19 está a mudar a forma como se trabalha e se gerem negócios. Trouxe, também, um verdadeiro teste de fogo à maturidade das pessoas e consequentemente das empresas. A parte negativa é que o impacto deste fenómeno vai resultar na perda de pessoas que são o reflexo exato da cultura ideal das suas organizações, afetando consequentemente as suas famílias. A parte positiva é que também permitirá às pessoas compreenderem o carácter dos gestores da sua empresa e às organizações perceberem com quem podem e querem efetivamente contar!