Julgamento de Dilma Rousseff deverá terminar na quarta-feira.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, discursou, esta segunda-feira, perante o Senado brasileiro no julgamento do impeachment, dizendo estar a ser alvo de um “golpe de Estado”.
Num discurso de 45 minutos, Dilma rejeitou os crimes de que está a ser acusada e considerou que só os eleitores podem afastar um governo “pelo conjunto da obra”.
“Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de estado”, declarou a presidente, citada pelo site Globo.
“No presidencialismo previsto na Constituição, não basta a eventual perda de maioria parlamentar para afastar o presidente. Há que se configurar crime de responsabilidade e está claro que não houve tal crime”, disse, prosseguindo:
“Não é legitimo, como querem meus acusadores, afastar o chefe de estado e governo por não concordarem com o conjunto da obra. Quem afasta o presidente por conjunto da obra é o povo, só nas eleições.”
Dilma acusou o presidente interino Michel Temer, de ser “usurpador”.
“Um golpe que, se consumado, resultará na eleição de um governo indireto e usurpador. A eleição indireta de um governo que na sua interinidade não tem mulheres nos ministérios quando o povo nas urnas escolheu uma mulher para comandar o pais. Um governo que dispensa negros na sua composição minsiterial e revelou profundo desprezo pelo programa escolhido e aprovado pelo povo em 2014.”
Dilma asseverou, ainda, que sempre acreditou “na democracia e no Estado de direito”.
“Jamais atentarei contra o que acredito ou praticaria atos contra os interesses daqueles que me elegeram.”
As regras do julgamento estabeleciam 30 minutos para a defesa de Dilma, mas o seu discurso acabou por se prolongar por mais 16 minutos, diz o Globo. De seguida, a ainda presidente começou a ser interrogada pelos senadores.
A decisão final sobre a condenação ou absolvição de Dilma será tomada entre terça e quarta-feira, sendo necessários 54 votos entre os 81 senadores para fazer valer o impeachment.