Por: Marta Godinho
A evolução do crédito ao consumo nos primeiros seis meses do ano foi liderada por Portugal, o país europeu em que o crédito a consumidores aumentou 29,63% no primeiro semestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, segundo dados da Eurofinas, a Federação Europeia das Associações de Crédito ao Consumo.
Os países que se seguem a Portugal são Espanha e o Reino Unido com uma evolução de 25,16% e 26,6%, respetivamente. A evolução média geral dos países representados na Eurofinas foi de 18,83%.
O primeiro lugar do ranking da Eurofinas é ocupado pela Turquia com uma evolução de 116,98% pela forte subida do segmento do crédito pessoal.
Os resultados, acompanhados por uma baixa taxa de incumprimento, foram classificados como positivos e um reflexo do empenho e trabalho dos associados da Associação de Instituições de Crédito Especializado – ASFAC por Duarte Gomes Pereira, secretário-geral da associação, que salienta que esta “evolução compara com um período particularmente crítico e de baixa produção, como foi o primeiro semestre de 2021, pelo que não se pode considerar que o crédito concedido já está normalizado para valores pré-pandemia”.
As maiores subidas foram verificadas na concessão de créditos pessoais (crédito para financiar a compra de bens, revolving – incluindo cartões de crédito -, crédito consolidado e crédito sem finalidade específica), liderado pela Turquia (que triplicou a produção com 357,23%), seguida de Portugal (com uma subida de 38,36%), República Checa e Reino Unido. A média da evolução dos créditos pessoais na Eurofinas foi de 23,53%.
Na concessão de crédito automóvel, o Reino Unido também apresentou uma evolução superior a Portugal com 15,9%, em comparação com os 17,86% e 29,84% do Reino Unido e da Turquia, respetivamente. A média da evolução dos créditos automóvel foi de 8,33%. Contudo, o nível de crescimento de crédito aos consumidores na concessão automóvel foi inferior no primeiro semestre de 2022, em comparação com o crédito pessoal.
O crédito para os novos automóveis reduziu -4,1% na Europa face ao primeiro semestre do ano passado, enquanto o crédito a veículos usados cresceu para 18,6%.
Em Portugal, também é de destacar o domínio do crédito revolving (sem considerar cartões de crédito) e o crédito pessoal.
Por outro lado, em Portugal, na Suécia e na Alemanha verificou-se uma redução homóloga no crédito ao consumo contratado no ponto de venda (crédito lar para aquisição de bens – eletrodomésticos, imobiliário) no primeiro semestre de 2022 face ao mesmo período de 2021 de 4,05% e de 54,07% de redução de crédito no ponto de venda, para outros bens e para serviços.
“Esta redução tem especial impacto pois reflete que há uma redução do consumo, e consequentemente das vendas dos comerciantes, e face ao horizonte dos impactos que possam ocorrer nas Micro e PME, devendo ser impulsionado o comércio e o consumo, acautelando que esse consumo não interfira negativamente na inflação, pois na verdade a quebra do consumo é uma consequência da inflação, resultado da redução do poder de compra”, conclui Duarte Gomes Pereira.
Estes dados referem-se apenas à produção dos Associados que contribuem para as estatísticas da ASFAC.