Por: Marta Godinho
A Intrum, empresa inserida na indústria de serviços de gestão de crédito, lançou o estudo ECPR – European Consumer Payment Report 2022 que concluiu que 66% dos portugueses estão financeiramente pior relativamente a 2021 e encontram-se pessimistas quanto ao futuro e à permanência da inflação durante os próximos anos.
No estudo, é possível constatar que os portugueses estão bastante pessimistas em relação ao futuro e que 29% encontram-se conformados com a permanência da inflação, que pode durar anos. 83% dos entrevistados sentem que a inflação está a ter um impacto negativo nas suas finanças domésticas.
O estudo do ECPR2022 pretende partilhar informação sobre a vida quotidiana dos consumidores europeus, a sua capacidade de gerir as finanças domésticas mensalmente e os seus hábitos de despesa.
Também foi possível observar que os consumidores estão mais inseguros do que quando se fez sentir o período da pandemia. A confiança encontra-se a níveis muito baixos, gerando uma onda de “ansiedade da fatura” à medida que os preços e as taxas de juro aumentam, sendo que 54% dos entrevistados estão preocupados com o impacto do aumento dos preços, especialmente nos alimentos e energia.
63% dos consumidores estão a tentar pagar as suas contas nos devidos prazos, estabelecendo objetivos para gerir as suas contas/poupanças e tentando economizar algum dinheiro extra. Por outro lado, consumidores com rendimentos mais baixos tentam esticar os seus salários ao máximo para conseguir combater o aumento dos preços e das contas. Isto leva a que 71% dos consumidores não se sintam otimistas em relação ao futuro e 73% sente que as contas estão a aumentar mais rapidamente do que o seu rendimento.
Um terço dos consumidores (36%) afirma, ainda, ficar com menos de 10% dos seus rendimentos depois de pagar todas as contas, revelando quatro pontos percentuais a menos do que o ano passado (40%).
Quanto aos empréstimos, estes permaneceram estáticos desde 2021. Por toda a Europa, 26% requisitou dinheiro emprestado ou atingiu o limite do cartão de crédito para conseguir pagar as contas nos últimos seis meses. Em Portugal, este valor situa-se nos 24%.
Para além da hipoteca e cartão de crédito, dentro dos consumidores que atualmente pedem dinheiro, 37% pede emprestado mais de 10% do valor dos seus rendimentos e 13% pede mais de 25% do valor dos seus rendimentos. Estes valores podem aumentar, caso as taxas de juro e a inflação aumentem.
“O otimismo pós Covid-19 do ano passado já é uma memória distante. A Europa enfrenta uma inflação galopante e uma enorme incerteza geopolítica. Esta situação está a afetar muitos dos que estiveram protegidos durante a pandemia, como os consumidores de meia-idade e os de países mais ricos. A maioria está a preparar-se para fazer sacrifícios e tende a ser resiliente e o mais adaptável possível perante a volatilidade do futuro”, reforça Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Portugal.
Este relatório anual tem por base um inquérito externo realizado em 24 países na Europa, incluindo Portugal, com um total de 24.011 consumidores que participaram na edição de 2022 que foi realizada entre julho e setembro.