Por: João Carreira
Foi através da necessidade de criar soluções personalizadas no domínio do comércio eletrónico no mercado português que a Toogas surgiu no mercado, há cerca de 15 anos.
Em conversa com a PME Magazine, o CEO da Toogas, André Romão, fala-nos da inteligência artificial, com o Chat GPT incluído, a realidade aumentada no e-commerce e o metaverso.
PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu a Toogas e em que consiste?
André Romão (A. R.) – A Toogas surgiu em 2008, fruto da visão de empreendedores que identificaram a necessidade de criar soluções personalizadas e de excelência no domínio do comércio eletrónico no mercado português. Em 2018, a empresa foi adquirida pelo 1SA Group, consolidando-se como a única empresa 100% portuguesa especialista em e-commerce e silver partner da Adobe.
A missão da Toogas é atuar com sentido de missão, rigor e alta responsabilidade, comprometendo-se a oferecer soluções eficazes e inovadoras no âmbito do comércio eletrónico. A empresa assume a plena responsabilidade pelos compromissos e resultados perante clientes, acionistas, parceiros e colaboradores, garantindo a satisfação e o sucesso de todas as partes envolvidas.
Na Toogas, acredita-se no crescimento conjunto da empresa e dos seus colaboradores, investindo continuamente na formação interna e externa, buscando a excelência em todas as áreas. A aposta no desenvolvimento descentralizado e na gestão à distância permite à Toogas adaptar-se às necessidades e desafios do mercado, mantendo-se sempre na vanguarda do setor tecnológico e do e-commerce em Portugal.
Trabalhamos com as plataformas Magento e Adobe Commerce, focando não só na implementação inicial das lojas online, mas também na sua otimização contínua. Dessa forma, apoiamos os nossos clientes na maximização do desempenho dos seus negócios online e na exploração de oportunidades de crescimento no setor do e-commerce.
PME Mag. – De que forma é que a inteligência artificial e o machine learning poderão impactar o e-commerce?
A. R. – A inteligência artificial (IA) e o machine learning (ML) detêm um potencial inqualificável para revolucionar o e-commerce, impactando áreas como:
Personalização: A IA e o ML têm a capacidade de analisar meticulosamente o comportamento do cliente, proporcionando recomendações individualizadas de produtos e serviços que conseguem ser extremamente relevantes, nomeadamente ao nível de um funcionário de loja que conhece os gostos e preferências dos seus clientes.
Excelência no atendimento ao cliente: Chatbots e assistentes virtuais apoiados pela IA aperfeiçoam o atendimento ao cliente, fornecendo respostas céleres e eficazes às questões dos consumidores.
Análise de dados mais eficaz: A IA e o ML identificam padrões e tendências nos dados, permitindo decisões mais esclarecidas e apoiadas em informações concretas.
Gestão de produto: Ao avaliar dados históricos e tendências, a IA e o ML auxiliam na previsão da procura e na eficiente administração do inventário.
PME Mag. – E do Chat GPT e o Google Bard? O que podemos esperar?
A. R. – O Chat GPT e o Google Bard representam avanços notáveis na aplicação de IA e ML para aperfeiçoar a comunicação e interação entre empresas e clientes. O Chat GPT promete chatbots sofisticados, capazes de compreender e responder a perguntas complexas, elevando o atendimento ao cliente e a eficácia das interações online.
O Google Bard, um serviço de IA alimentado pelo modelo LaMDA, visa simplificar tópicos complexos, fornecer informações detalhadas e auxiliar a tomada de decisões, o que pode tornar a pesquisa de informações mais eficiente e gratificante.
À medida que essas tecnologias evoluem e se tornam mais avançadas, a experiência do utilizador melhora significativamente. A oferta de informações personalizadas e adaptadas às necessidades específicas dos utilizadores contribui para uma maior satisfação e retenção de clientes no e-commerce e em outros setores.
PME Mag. – Queríamos também perceber a sua opinião sobre a realidade aumentada adaptada ao setor do e-commerce…
A. R. – A realidade aumentada (RA) possui um potencial extraordinário para transformar o setor do e-commerce. Diversas marcas e websites já começam a adotar esta tecnologia para enriquecer a experiência do cliente e aumentar o nível de satisfação, alguns exemplos recentes como o IKEA Place, o Virtual Artist, a RA Ray-Ban, e o Converse Sampler.
Com o IKEA Place, os clientes podem visualizar móveis e objetos de decoração na sua casa, vendo como se encaixa no espaço disponível antes de efetuarem a compra.
A Sephora oferece o recurso Virtual Artist, que permite aos clientes experimentarem virtualmente maquiagens, diretamente no rosto do utilizador, utilizando a câmara do smartphone.
A Ray-Ban disponibiliza uma ferramenta de realidade aumentada, onde os clientes podem experimentar diferentes modelos de óculos virtualmente.
A APP Converse Sampler permite que os clientes experimentem virtualmente diferentes modelos de ténis, com uma pré-visualização realista de como ficariam no pé do utilizador.
A incorporação da RA no e-commerce vai ser cada vez mais importante, e pode tornar-se brevemente um “must have”, para fortalecer a confiança do consumidor e diminuir as taxas de devolução, especialmente nos segmentos de vestuário, calçado e mobiliário.
PME Mag. – Fez referência que o metaverso poderá entrar como uma nova plataforma para o e-commerce? Vê o setor preparado para este salto?
A. R. – O metaverso possui um potencial incrível para, dentro de alguns anos, se tornar uma plataforma de e-commerce revolucionária. Contudo, a adopção do metaverso como plataforma de comércio eletrónico requer investimentos consideráveis em tecnologia e infraestrutura, bem como uma mudança de mentalidade por parte das empresas e consumidores.
Algumas empresas de renome já estão a investir fortemente no metaverso, como é o caso do Facebook (agora Meta), que anunciou a sua visão de construir um metaverso abrangente e está a investir recursos significativos para o desenvolvimento dessa plataforma. Outros exemplos incluem a Microsoft e a Epic Games.
Embora o setor possa não estar totalmente preparado para esse salto, é fundamental acompanhar a evolução do metaverso e adaptar-se às transformações. As empresas que conseguirem posicionar-se na vanguarda dessa tendência terão oportunidades únicas de crescimento e diferenciação no mercado, destacando-se da concorrência e conquistando uma base de clientes cada vez mais exigente e imersiva no mundo digital.
PME Mag. – Portugal, tecnologicamente falando, está preparado para estes avanços tão repentinos?
A. R. – A capacidade de atrair e reter talentos nacionais e internacionais são fundamentais para manter a competitividade do país. A adaptabilidade dos profissionais portugueses e a sua experiência no trabalho com equipas multiculturais e multilingues são vantagens competitivas no cenário global.
No entanto, persistem desafios a serem superados para assegurar que o país esteja apto a enfrentar os avanços súbitos na tecnologia. Torna-se imperativo investir em educação, infraestrutura tecnológica e promover a cooperação entre empresas, universidades e diversos sectores do Estado com estabilidade na estratégia definida com as empresas e entre diferentes Governos, de modo a garantir que Portugal possa acompanhar e beneficiar das tendências emergentes, como IA, ML, RA e o metaverso.
Adaptar-se às transformações tecnológicas e estabelecer um ambiente propício à inovação é crucial para que Portugal se mantenha competitivo no panorama global, aproveitando ao máximo as habilidades e competências dos recursos humanos portugueses.