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Marketing Digital na Media em Movimento
Pedro Montijo é Digital Marketeer na agência Media em Movimento

A importância do Marketing 4.0

Por: Pedro Montijo, digital marketeer da Media em Movimento 

Foto: Media em Movimento 

Tal como a vida que continua sempre a evoluir, o marketing também. Muito se tem falado sobre o Marketing 4.0, mas, afinal, que novo marketing é este e qual é a sua importância no âmbito empresarial? 

Antes de mais, vamos perceber como tudo isto funcionava na era do Marketing 3.0, o que é o Marketing 4.0 e porque deve adotá-lo nas suas estratégias o mais depressa possível. 

No tempo em que surgiu o Marketing 3.0, as empresas deixaram de apostar na segmentação e foram atrás de uma personalização, pois começaram a entender que cada consumidor era diferente do outro – embora todos fizessem parte da mesma tribo, cada um tinha necessidades diferentes.  

A pensar nisso, as marcas deixaram de tratar os seus consumidores como meros compradores e passaram a tratá-los como seres humanos. Deixaram a sua versão “robô” de lado e começaram a apostar mais no seu lado mais humano e foi esta troca de valores que fez com que os consumidores passassem a olhar para as marcas com outros olhos e a fazer com que as pessoas procurassem mais um valor do que apenas um produto feito para vender.

Estamos a viver um momento em que a tecnologia domina a nossa vida e, com isso, a forma como as marcas comunicam connosco muda também. Este é um bom ponto de partida para definirmos o que é o Marketing 4.0.  

O conceito foi criado pelo “pai do marketing”, Philip Kotler, e mais dois escritores: Iwan Setiawan e Hermawan Kartajaya. Os três autores definem que o Marketing 4.0 vem acompanhado de uma inclusão digital, uma facilidade no acesso à tecnologia para mais pessoas que acaba por tornar o processo de compra mais pessoal, fazendo com que a cadeia de compras se torne mais horizontal e tenha menos intermediários.

Esse processo horizontal acontece quando um consumidor passa a fornecer conhecimento para as empresas e para outros consumidores também, ou seja, existe uma troca de informação entre os consumidores e as marcas e essa troca e esse conhecimento acaba por acontecer em tempo real e é potenciada pela tecnologia que utilizamos. Digamos que essa seria a revolução digital para as empresas, uma vez que, dantes, estas podiam investir apenas em televisão, jornais e revistas. Hoje, já podem avançar na sua conquista para o mundo digital e, melhor do que isso, fazê-lo de forma segmentada e impactando as pessoas que realmente querem. Porém, a diferença deste novo marketing vai muito além dos valores que as empresas investem em anúncios, o que se espera são as partilhas de experiências. 

Um novo consumidor?

Nos dias de hoje, o consumidor constrói uma relação muito mais sólida e pessoal com os produtos e os serviços que adquire. A marca passa a ser algo essencial na sua vida. A procura por uma marca com a qual se identifique vai muito além do que um simples produto ou do seu valor monetário. Hoje, preza-se mais o valor pessoal que a marca traz consigo, uma vez que essa será a imagem que o consumidor quer transmitir às pessoas à sua volta.  

“Preza-se mais o valor pessoal que a marca traz consigo, uma vez que essa será a imagem que o consumidor quer transmitir”

Por outras palavras, o novo consumidor quer marcas que pensem como ele, que tenham os mesmos valores e que acreditem naquilo que transmitem para a sociedade, marcas que sejam coerentes com aquilo que dizem e fazem e que demonstrem responsabilidade perante o seu público.

Quando a marca consegue ganhar a confiança do seu consumidor, este passa a ser um advogado da marca, tanto no mundo dito tradicional quanto no mundo digital. Passa a contar as suas experiências e as suas visões perante a marca. Um bom exemplo disto são aplicações de reviews como a Zomato, plataforma que possibilita que os seus utilizadores partilhem as suas experiências nos restaurantes em que já estiveram. A palavra do consumidor é, cada vez mais, lei e é isso também que as pessoas procuram quando tentam saber algo mais sobre determinada marca.

Uma transformação constante

Tal como o Marketing 3.0 teve de adaptar-se, na sua época, para entrar nas vidas dos consumidores, o 4.0 também o fez e ainda está a fazê-lo. Vivemos num mundo que é quase 80% digital, em que a internet prevalece mais do que os meios tradicionais, mas isso não quer dizer que devamos esquecer-nos do antigo e focarmo-nos apenas no novo, muito pelo contrário: o desafio agora é pensar numa forma de fazer com os meios estejam sempre conectados.  

“Quando a marca consegue ganhar a confiança do seu consumidor, este passa a ser um advogado da marca, tanto no mundo dito tradicional quanto no mundo digital”

O Marketing 4.0 é muito mais pessoal do que jamais poderia imaginar-se. O objetivo de vender a qualquer custo foi ficando para trás e o lado de entregar um significado ou um valor na vida do consumidor, fazendo com que este se sinta especial ou até mesmo parte da marca, tornou-se no seu grande foco. Não estou com isto a dizer que as vendas perderam o sentindo para o marketing. As vendas são o motor dos negócios, mas o ato de vender apenas por vender e gerar lucro não terá mais o mesmo impacto, as pessoas querem ver coisas reais, porque também elas são reais.  

Além disso, o novo consumidor está sempre ligado, sempre atento a ver o que se passa no mundo e isso faz com que se torne um pouco mais exigente do que os ‘antigos consumidores’. Assim, a forma como devemos abordá-lo deve ser mais subtil e diferenciada – o que funcionou com uma pessoa poderá não funcionar com outra. A procura por informações sobre serviços e outras experiências tornou-se quase mandatória para este novo consumidor, por isso, devemos, mais do que nunca, manter a nossa verdade e não tentar “comprar” comentários ou atirar areia para os olhos de quem nos compra, porque da mesma forma que um consumidor alavanca uma marca também pode destruí-la muito rapidamente.

Nunca se esqueça: os consumidores não são apenas compradores, eles podem vir a ser a sua melhor publicidade, por isso, trate-os sempre como se fossem membros da sua família.  

Artigo originalmente publicado na edição de Julho de 2020