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Vinck de Bragança, COO da Unlimit (Fonte: Divulgação)

“A Open Innovation pode ser o futuro do mercado de trabalho” – Vinck de Bragança

Por: Filipa Ribeiro

A Unlimit, fundada em 2008, pretende criar e desenvolver programas de conexão entre startups globais e organizações portuguesas, com o objetivo de fomentar a criatividade e a cultura de inovação, e melhorar a competitividade nas empresas.

A COO Vinck de Bragança, em entrevista à PME Magazine, conta como o programa Aceler@tech promove o método de Open Innovation e põe em prática o desenvolvimento de novos negócios.

PME Magazine (PME Mag.) – O que é a Open Innovation e de que forma a Unlimit atua neste âmbito?

Vinck de Bragança (V.B.) – Open Innovation é uma abordagem estratégica na qual as empresas colaboram e partilham conhecimento com entidades externas, como outras empresas, universidades, startups ou clientes, com o objetivo de impulsionar a inovação. Ao contrário do modelo tradicional de inovação interna, no qual as empresas alocam os seus próprios recursos à inovação, a Open Innovation reconhece que as soluções criativas podem surgir de fontes externas e que incorporar este conhecimento pode acelerar o processo de inovação. Deste modo, a Unlimit tem como objetivo apoiar as empresas nesta jornada, identificando os desafios que as grandes empresas enfrentam, para depois procurar soluções no mercado global, com o objetivo de realizar pilotos entre as startups e as empresas com uma aplicação prática. Isto permite que as organizações reduzam os custos internos e os riscos de desenvolvimento de novas soluções, acelerem a inovação e ganhem competitividade no mercado, aumentando a probabilidade de sucesso da empresa.

PME Mag. – Em que contexto surgiu o conceito de Inovação Aberta (Open Innovation)?

V.B. – O conceito surgiu no início dos anos 2000, introduzido pelo professor Henry Chesbrough, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. O objetivo era apresentar uma abordagem inovadora na qual as empresas colaborem com parceiros externos para desenvolver novas ideias, produtos e serviços. A ideia fundamental por detrás da Inovação Aberta é que as empresas não devem depender exclusivamente dos seus recursos internos para inovar. Em vez disso, podem beneficiar da inteligência coletiva e da experiência de uma vasta rede de parceiros, como clientes, fornecedores, universidades e startups. Anteriormente, as empresas seguiam predominantemente o modelo de Inovação Fechada, em que as atividades de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) eram realizadas internamente, em segredo, e os resultados eram protegidos por patentes. Depois do trabalho realizado por Chesbrough, as empresas passaram a compreender que o modelo tradicional poderia ser melhorado.

PME Mag. – Qual é o objetivo desse conceito para as empresas?

V.B. – A Open Innovation permite que as empresas procurem soluções externas, seja em universidades ou no mercado, de modo a acelerar os processos de inovação e a aumentar a sua competitividade, uma vez que reduzem o tempo e os custos alocados a P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). O programa Aceler@tech da Unlimit, que conta com o apoio do Turismo de Portugal, promove o método de Open Innovation ao aproximar as empresas portuguesas das startups internacionais. Através desta parceria, o Aceler@tech reforça a competitividade do setor do turismo em Portugal, enquanto apoia as empresas locais na resolução dos seus desafios e no desenvolvimento de novas áreas estratégicas.

PME Mag. – Quais são os setores que mais procuram esta metodologia?

V.B. – De acordo com o Barómetro de Open Innovation de 2022 do The Economist, os setores que mais a procuram são o do retalho e o de consumo (65.4%), de produção (63.9%), de serviços financeiros (63.8%), de telecomunicações (62.9%) e automóvel (58.8%). Há que destacar que o ponto em comum entre estas cinco indústrias é o facto de serem associadas a negócios tradicionais, algo que revela que a Open Innovation está cada vez mais presente como um método de otimizar a produção ou melhorar um serviço/produto.

PME Mag. – Como vê a evolução económica do país, tendo em conta todas as contingências socioeconómicas que vivemos hoje em dia?

V.B. – O contexto macroeconómico português e mundial é uma variável que deve sempre ser considerada em qualquer estratégia, a inovação não será exceção. Com este objetivo em mente, acompanhamos todos os desenvolvimentos económicos que podem vir a afetar todos os envolvidos no processo, desde as empresas até às startups. Inserido neste contexto global, inovar é a palavra do dia. Uma das grandes razões para inovar é corresponder às necessidades do nosso público, e a Open Innovation apresenta uma solução para empresas que estejam a adaptar-se ao contexto macroeconómico. 

PME Mag. – O método de colaboração aberta pode ser o futuro do mercado de trabalho?

V.B. – A Open Innovation pode ser o futuro do mercado de trabalho, tanto pela contratação de talento especializado, como também pela aposta na inovação colaborativa. No primeiro caso, ao contactar com talento externo e com conhecimento especializado, é possível averiguar se estes podem vir a desempenhar um papel na empresa como colaboradores. Para além disto, é um método que pode ser utilizado para adquirir novas ideias, em caso de necessidades especiais e pontuais, trazendo novas perspetivas às empresas e aos seus projetos. No segundo caso, cada vez mais as empresas recorrem à Open Innovation, uma vez que no Barómetro do The Economist, 95% já estão a implementar processos de inovação colaborativa – uma percentagem que acreditamos que venha a aumentar no futuro. Num mundo cada vez mais competitivo, as empresas terão que oferecer novos modelos de trabalho que acompanham o que os profissionais de excelência procuram hoje em dia. Um destes fatores é, sem dúvida, o trabalho remoto e híbrido que tem marcado o debate sobre o futuro do mercado de trabalho. Oferecer este benefício para capturar e reter talento irá depender da tecnologia que a empresa decida adotar e como é que esta se adapta ao método de trabalho e setor da mesma. Neste sentido, é essencial procurar e desenvolver soluções tecnológicas que correspondam ao mundo do trabalho, que está em constante evolução.