Por: Filipa Ribeiro e João Carreira
Silvia Baschwitz, diretora de comunicação externa, IIRR & ESG para a região ibérica, Latam e África na Cegid, acredita que “a sustentabilidade é uma área que deve fazer parte da essência e do propósito de qualquer organização”.
Neste sentido, a PME Magazine foi conhecer o seu trajeto e quais os planos a médio prazo para a Cegid, assim como qual o papel das empresas no que toca à sustentabilidade.
PME Magazine (PME Mag.) – Enquanto diretora de comunicação externa, qual foi o seu maior desafio até ao momento?
Silvia Baschwitz (S. B.) – Na Península Ibérica, a Cegid é o resultado da integração de várias empresas que, por sua vez, possuíam diferentes soluções, pelo que enfrentámos o grande desafio de agrupar e alinhar a estratégia de comunicação de uma multiplicidade de produtos, equipas e formas de trabalho distintas, bem como, de construir um método de trabalho, objetivos e liderança homogéneo que nos permita atuar como “One Cegid”.
Uma vez alcançada esta meta, o nosso objetivo nesta região é assegurar que, através da nossa presença nos meios de comunicação, eventos e diferentes fóruns, a marca Cegid seja reconhecida em todos os mercados e setores, bem como garantir que os nossos clientes identifiquem facilmente a Cegid como uma empresa líder mundial em software cloud de gestão e associem que, por exemplo, que soluções muito reconhecidas e sólidas neste mercado – como a Primavera, Eticadata, Yet, Valuekeep, Cloudware e Ekon – são agora soluções Cegid.
Igualmente, um desafio não menos importante é transmitir que parte da nossa essência e estratégia como empresa é crescer ajudando os outros a crescer, desde o nosso ecossistema aos nossos stakeholders, e reforçar o nosso lema “Juntos, criamos um mundo de possibilidades (“Together, make more possible”). E é aqui que a comunicação e ESG se juntam.
PME Mag. – Como é que caracteriza a área de ESG? De que forma influencia o desenvolvimento de uma empresa?
S. B. – A sustentabilidade é uma área que deve fazer parte da essência e do propósito de qualquer organização. Está provado que a introdução de critérios ESG na atividade e nos negócios de qualquer empresa tem um impacto positivo nos resultados financeiros a longo prazo. Porquê? Porque proporciona uma série de vantagens tais como: atrair e reter talento, uma vez que os colaboradores aspiram cada vez mais a trabalhar em empresas mais comprometidas com a sociedade e com um objetivo definido; melhora a reputação da empresa; atenua os riscos; gera novas oportunidades de negócio e fideliza os fornecedores e clientes, entre outros pontos.
A área de ESG é uma função transversal cuja missão é, ou deveria ser, orientar a cultura de uma empresa a fim de contribuir para gerar um triplo impacto positivo sobre o ambiente, as pessoas e a sociedade. É a área que deve apoiar toda a organização, promovendo a transparência, boa gestão, igualdade e diversidade, inclusão e ética através de várias medidas, certificando-se de que a empresa toma as ações certas para ajudar a preservar os escassos recursos naturais de que dispomos e, assim, prevenir o aquecimento global, que, quer queiramos quer não, afeta todas as empresas e a sociedade em geral.
PME Mag. – No que toca à evolução da área de ESG no mercado ibérico, qual é o seu ponto de vista? Enumere os assuntos mais abordados atualmente nesta área.
S. B. – A área de ESG está em plena expansão. Desde que o termo foi criado no início dos anos 2000 como parte de uma convenção da ONU, a relevância da sustentabilidade só tem aumentado. Tanto que os critérios de ESG se tornaram uma referência para a tomada de decisões sobre questões como financiamento, investimento e até mesmo para os consumidores de qualquer produto.
Alguns dos hot topics que estão em cima da mesa são: aquecimento global, economia circular e utilização sustentável dos recursos, mobilidade sustentável, igualdade, diversidade e inclusão, privacidade e, claro, ética e transparência (entre outras coisas, devido aos múltiplos casos de corrupção que ocorreram a nível global).
Mais concretamente, a transição para uma economia mais sustentável e com baixo teor de carbono é uma questão-chave tanto em Portugal como em Espanha. Ambos os países se comprometeram a alcançar a neutralidade climática até 2050 e, para alcançar tal objetivo, as empresas desempenham um papel crucial.
A questão da gestão responsável dos recursos naturais é também relevante, especialmente no caso de Portugal, onde a conservação do meio ambiente é um tema muito importante. Nesta linha, vale a pena destacar que Portugal liderou – juntamente com os países escandinavos – a ação climática na União Europeia pelo motivo da presidência do país no Conselho da UE em 2021. De facto, as políticas verdes adotadas nos últimos anos por Portugal elevaram o país nos rankings de avaliação da ação climática.
Por outro lado, há uma atenção crescente às questões de diversidade e inclusão, especialmente no que diz respeito à igualdade de género e à representação de grupos minoritários. Isto está constantemente a ser discutido em relação aos conselhos de administração das empresas.
Mas estes são apenas alguns temas, uma vez que a sustentabilidade é uma parte fundamental dos negócios e, naturalmente, uma parte importante da informação e notícias que os meios de comunicação social publicam todos os dias.
PME Mag. – Visto que a Cegid é especialista em soluções de gestão empresarial na cloud, qual é o papel e a importância das questões relacionais com ESG para o Cegid na sua região?
S. B. – As questões de ESG desempenham um papel fundamental para Cegid na nossa região. É um tema estratégico e queremos que seja um fator de diferenciação.
Como empresa líder em software cloud de gestão, por um lado, trabalhamos para garantir a segurança, privacidade e qualidade das nossas soluções e, por outro, estamos comprometidos em acompanhar os nossos clientes no seu caminho para a digitalização. O objetivo final é ajudar empresas de todas as dimensões a tornarem-se mais eficientes, mais rentáveis e, assim, contribuir para o seu crescimento e prosperidade.
PME Mag. – Quais foram as medidas ESG que a Cegid implementou na Península Ibérica?
S. B. – Na Península Ibérica, temos trabalhado em vários planos de sustentabilidade. Por um lado, criámos e implementámos uma série de códigos e políticas internas que garantem transparência, ética e boa governação, bem como regulamos temas de grande importância como a segurança, saúde e bem-estar, direitos humanos, igualdade, diversidade, assédio ou privacidade e segurança da informação.
Da mesma forma, implementámos um canal ético para que qualquer terceiro possa denunciar uma situação que infrinja a legislação em vigor.
Por outro lado, estamos a trabalhar para sermos uma empresa neutra em carbono, pelo que, entre outras coisas, tomámos medidas para controlar as emissões de alcance 1 e 2, abordando a mudança para as energias renováveis, revendo as políticas de veículos da empresa, com o objetivo de tornar a nossa mobilidade sustentável, bem como de assegurar a reciclagem de resíduos.
Em particular, aderimos recentemente, por exemplo, ao Pacto de Mobilidade Empresarial de Braga (PMEB), uma iniciativa promovida pelo BCSD Portugal e pela Câmara Municipal de Braga, que visa contribuir para uma mobilidade mais sustentável no município.
Na vertente social, trabalhamos de mãos dadas com a área de recursos humanos em medidas para ajudar a equilibrar a vida profissional e o bem-estar dos trabalhadores, assim como assegurar a diversidade e a inclusão na nossa empresa.
Finalmente, tanto em Portugal como em Espanha, apoiamos várias instituições sociais através de doações ou fornecendo as nossas soluções tecnológicas por um preço simbólico. Em Portugal, somos também investidores em dois projetos de solidariedade social – o Projeto UDream e o Projeto Vida Norte –, e apoiamos a igualdade de oportunidades na educação através do projeto Stand4Good. Temos também um projeto de âmbito nacional, em colaboração com as Cáritas Diocesana de todo o país, cujo principal objetivo é fornecer brinquedos a mais de 1.000 crianças desfavorecidas todos os anos.
PME Mag. – Em termos de ESG, quais são os objetivos a médio prazo da Cegid para a Península Ibérica?
S. B. – Na Península Ibérica, Cegid pretende ser uma referência em termos de sustentabilidade no seu setor. Neste sentido, um dos nossos objetivos a médio prazo nesta região é conseguir a certificação B-Corp, que reconhece as empresas mais sustentáveis a nível mundial e mede muitos aspetos sobre os quais já estamos a trabalhar. E não se trata apenas de conseguir um certificado, pois acreditamos verdadeiramente que, aplicando os critérios de ESG, podemos alcançar os nossos objetivos empresariais, gerando ao mesmo tempo um impacto positivo em todo o nosso ecossistema.