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Mário Rocha
Mário Rocha, fundador e CEO da Antarte (Fonte Divulgação)

Antarte Museum: “Uma nova página da história do mobiliário português” – Mário Rocha

Por: Ana Vieira 


É na Rebordosa, no município de Paredes, que se encontra a jóia da coroa da Antarte, o Antarte Museum, num encontro com a história da Marcenaria que vai desde o Antigo Egito até ao século XX. 

O espaço, com mais de mil ferramentas e máquinas, foi idealizado por Mário Rocha, fundador e CEO da empresa e pretende ser um tributo à profissão, assumindo-se com “um legado cultural único na Europa”. 

Com uma forte expansão nacional (14 lojas) e internacional (Médio Oriente, Emirados Árabes Unidos e América Latina), e embora com uma possível retração do mercado imobiliário, Mário Rocha prevê que a Antarte cresça entre 5 a 10%, em 2024. 

 

PME Magazine (PME Mag.) – Num país de marceneiros, a criação de um museu é o reconhecimento de um ofício milenar?
Mário Rocha (M. R.) – O Antarte Museum nasceu da minha paixão pelo core business a que estou ligado desde os tempos de juventude e onde tenho feito carreira: o setor do mobiliário. Ao diagnosticar que não existia um museu que fizesse jus à história da Marcenaria, decidi avançar com a criação de um espaço museológico que fosse um tributo a este ofício milenar e com longa história e importância económica no espaço geográfico onde a Antarte está situada.

Colecionei durante uma década peças como ferramentas e máquinas usadas na Marcenaria, algumas com uma antiguidade notável: máquinas dos séculos XVIII e XIX. Depois foi necessário criar uma equipa liderada por Joel Lopes para fazer pesquisa e investigação sobre a marcenaria ao longo dos últimos 3 anos.

Reúne cerca de 1000 ferramentas e máquinas que mostram a evolução do ofício.

O resultado final é o Antarte Museum, um museu singular na Europa: é um encontro com a história da Marcenaria – desde o Antigo Egito até ao século XX – que culmina com a fundação da marca Antarte em 1998. Reúne cerca de 1000 ferramentas e máquinas que mostram a evolução do ofício. É ainda a descoberta de uma nova página da história do mobiliário português, escrita pela Antarte em 25 anos de existência, ao afirmar-se como a marca do design intemporal. No museu está inserida uma experiência imersiva singular onde podem ser observados todos os momentos e projetos que marcam a história da Antarte.


PME Mag. – Que conhecimentos e sentimentos pretende que o visitante experiencie após a visita ao Antarte Museum?
M. R. – O objetivo do Antarte Museum é criar um espaço museológico que seja um tributo a um ofício milenar e ligado ao progresso das civilizações, mas que estava ainda pouco documentado.

(…) este ofício teve a sorte de dois patriarcas bíblicos – Noé e São José, pai de Cristo – trabalharem nesta arte.

O visitante ficará a conhecer que a história da Marcenaria está ligada ao progresso das civilizações e dos povos; e que este ofício teve a sorte de dois patriarcas bíblicos – Noé e São José, pai de Cristo – trabalharem nesta arte. A sua representação ao longo dos séculos em inúmeras peças de arte sacra foi importante como registo histórico da evolução das ferramentas do ofício.

A Antarte criou assim um legado cultural único na Europa. Recordo que o Antarte Museum foi inaugurado por dois vultos internacionais da cultura e da sociedade: o Presidente da República de Timor-Leste e Nobel da Paz, José Ramos-Horta e o primeiro prémio Pritzker português, o arquiteto Álvaro Siza Vieira.

É um projeto de responsabilidade cultural na missão da Antarte que desde sempre foi ativa na sua missão de responsabilidade social e ambiental. A Antarte materializa desta forma um equipamento que enriquece a oferta cultural na zona geográfica onde se insere e na oferta cultural do Norte do país.


PME Mag. – Como é que a marca “Made in Portugal” se reflete nas peças? Quais os traços que ajudam a diferenciar uma peça de mobiliário Antarte.
M. R. – Uma peça Antarte combina estética, funcionalidade e sustentabilidade. Para a nossa marca não faz sentido criar móveis com uma estética exuberante mas não serem confortáveis ou funcionais. E materializar peças com recurso a matérias-primas sustentáveis é imperativo uma vez que a Antarte colocou a responsabilidade ambiental como um dos pilares da sua missão. Há outros elementos comuns nos móveis da Antarte como as proporções e linhas equilibradas que transmitem sensações de conforto visual. A qualidade de fabrico e acabamentos são outras características diferenciadoras que os produtos da Antarte transmitem.


PME Mag. – Dois anos depois da abertura da primeira loja (2000), na cidade do Porto, decidiram avançar para fora de Portugal. Qual foi o plano estratégico de internacionalização seguido?
M. R. – Ao fim de 25 anos, termos a Antarte presente em 4 dos 6 continentes diz muito do arrojo e visão estratégica da marca. Temos estado presentes em algumas das cidades mais vibrantes da Europa, desde 2002, onde a modernidade é combinada com o design intemporal. Já nos anos de 2010, a Antarte implantou-se em diversos mercados africanos como Angola, Gana ou São Tomé e Príncipe.

A nossa última aposta foi a América Latina.

Recentemente, com o recentrar do poder de compra em termos geográficos, implantou-se na Ásia, mais concretamente no Médio Oriente. Uma marca com o posicionamento da Antarte tinha de avançar para mercados trendy e cosmopolitas como os Emirados Árabes Unidos. A nossa última aposta foi a América Latina, outra geografia dinâmica e com amplo potencial de crescimento.


PME Mag. – A expansão internacional levou à criação de sucursais, nos países onde se encontra? Ou qual o modelo de negócio?
M. R. – O modelo de negócio da Antarte assenta na abertura de pontos de venda nos mercados onde a marca se encontra presente. Em alguns casos existem parceiros locais mas no essencial a marca detém os espaços de venda.


PME Mag. – Quais os mercados onde a marca tem maior alcance e porquê?
M. R. – A marca tem um alcance amplo em todos os mercados africanos onde está presente e também no Dubai. Na Europa, tem uma forte componente de exportação para países como a Espanha, França, Suíça e Bélgica.


PME Mag. – Quais os planos futuros de expansão nacionais e internacionais?
M. R. – No plano nacional, está em curso uma ampliação da rede de lojas para 14 pontos de venda com a abertura de uma loja em Leiria, em meados deste ano. Até ao final de 2024 será a vez de Évora. Desta forma, a Antarte assegura a cobertura da esmagadora maioria das capitais de distrito.

Em termos internacionais, a Antarte exporta as suas coleções de mobiliário para cerca de uma vintena de países. A flagship store no Dubai revelou-se uma aposta acertada e, em breve, prevemos ampliar a presença a outros destinos do Golfo Pérsico. Temos em curso outra forte aposta orientada para a América Latina, estando em análise o mercado colombiano. Ao contrário da procura em geral e do setor do mobiliário em particular, que se prevê que registe uma quebra de 7 a 8%, acredito que a Antarte possa crescer entre 5 e 10% em 2024.