Por: Marta Godinho
A empresa Do iT Lean é especialista no desenvolvimento de aplicações empresariais web e mobile baseadas em sistemas de tecnologia low-code da OutSystems em Portugal. Recentemente, a companhia juntou-se à empresa alemã Valantic, grupo focado na transformação digital das empresas. Em entrevista à PME Magazine, Frederico Ferreira, CEO da Do iT Lean, conta-nos sobre o posicionamento da sua empresa, as expetativas e vantagens da integração com a alemã Valantic e os seus planos a longo prazo.
PME Magazine (PME Mag.) – Como é que carateriza a Do iT Lean?
Frederico Ferreira (F. F.) – A Do iT Lean é especialista no desenvolvimento de aplicações empresariais web e mobile com base na tecnologia low-code da OutSystems usando metodologias ágeis e centros remotos. A decisão estratégica de foco numa única tecnologia, a OutSystems, permitiu-lhe uma posição única no ecossistema internacional de especialização e competência técnica.
PME Mag. – O que levou a marca a posicionar-se como número um dos parceiros globais da OutSystems?
F. F. – O foco na qualidade do processo de desenvolvimento e entrega, na formação contínua dos seus colaboradores e o foco na entrega de valor, teve como resultado a avaliação muito positiva dos clientes feita no grande número de projetos entregues em diversos países e setores de atividade. O elevado grau de satisfação e a grande quantidade de projetos avaliados levou a Do iT Lean a ocupar a primeira posição no quadro global de parceiros OutSystems.
PME Mag. – Como é gerir uma empresa de dimensão internacional? E como gerem os escritórios espalhados um pouco por todo o mundo?
F. F. – Gerir uma dimensão internacional é, primeiro que tudo, conseguir um equilíbrio entre o respeito pelas culturas locais e a uniformização de processos e boas práticas, que permitam a colaboração de diversos centros na entrega de projetos globais. Em cada escritório queremos sempre ter os melhores resultados, baseados nos mais altos padrões de trabalho e na criação de valor, por equipas que se sentem motivadas, envolvidas no interesse global, cuja opinião é considerada e que são tratadas de forma justa, mas com respeito pelas suas culturas e diferenças. Sendo a maioria dos projetos colaborativos e envolvendo diversos escritórios (de vários países) a comunicação é um elemento essencial, que promove no imediato a produtividade e a prazo o aproveitamento das competências individuais para o conhecimento e competências coletivas. As diferenças não são uma dificuldade, mas antes um contributo que sempre procuramos, como forma de enriquecimento da empresa e das suas competências.
PME Mag. – Quais são as expectativas com esta nova integração na Valantic?
F. F. – A Valantic é um grande grupo alemão, jovem e ambicioso, a operar em toda a Europa, mas em especial na zona de países de língua alemã. O grupo é composto por diversos centros de competências, focados na transformação digital das empresas, desde a conceção e estratégia, à sua implementação e operação. A integração da Do iT Lean acrescenta ao grupo a oferta da tecnologia low-code mais importante do segmento, a OutSystems, por via do seu parceiro número um, a Do iT Lean. Esta integração dá à Do iT Lean a possibilidade de participar nas soluções abrangentes do grupo Valantic, de apresentar novas soluções aos clientes do grupo e dos mercados onde este se insere. Abre ainda, para a Do iT Lean, a possibilidade de apresentar nos países onde opera, uma oferta alargada, neste caso por incorporação das capacidades dos centros de competência do grupo Valantic em áreas como estratégia, supply chain, manufacturing, smart industries, CX, etc., onde o grupo é forte e dispõe de importantes referências de mercado. A possibilidade da Do iT Lean se apresentar como parte do grupo Valantic e da sua reputação, é um fator diferenciador e um valor, que nunca conseguiria apresentar-se isoladamente. A grande dimensão do grupo, a sua capacidade financeira, mas também a forma de operar, o seu quadro de valores e o seu enorme foco no crescimento e aumento de relevância são outros elementos a considerar na integração. Por todos estes fatores, a expectativa colocada pela Do iT Lean na integração no grupo Valantic é enorme, motivadora e mobilizadora, já tendo este primeiro mês de operação conjunta gerado as primeiras oportunidades.
PME Mag. – Que vantagens terão com esta aquisição?
F. F. – Para não repetir parte do referido nas expectativas, as principais vantagens são: acesso de qualidade ao maior mercado europeu, a Alemanha e os países da região; a possibilidade de complementar a oferta em projetos comuns; acesso simplificado a um conjunto de clientes do grupo que possam beneficiar da oferta low-code; complementar, com a competência dos centros da Valantic, a oferta da Do iT Lean, nos mercados onde agora opera. Sendo de realçar a componente funcional e vertical até agora pouco presente na nossa oferta; fazer parte de uma entidade maior poderá permitir aceder a contas e clientes onde até agora não teríamos visibilidade ou dimensão suficiente; maior capacidade de investimento, para promover maior velocidade de expansão; e, muito relevante, ter acesso a uma elite de decisores, advisors e gestores de topo, que muito nos podem ajudar no processo de expansão internacional.
PME Mag. – Quais são as expectativas quanto ao mercado low-code?
F. F. – O mercado low-code tem como grandes impulsionadores as necessidades crescentes de soluções de software das empresas e a grande escassez de recursos competentes para as implementar. Alguma recessão prevista (e/ou já sentida) não vai acabar com as necessidades de modernização, aumento de competitividade ou de melhoria de resultados das empresas, talvez pelo contrário, num mercado em contração, a diferenciação, melhoria de indicadores e expansão da base de clientes é ainda mais crítica (veja-se o mercado segurador e financeiro) e imperativa para as empresas. As ferramentas low-code são fundamentais para obter maiores produtividades e com isso responder às crescentes necessidades do mercado, um pouco, desculpem a analogia, como as máquinas da revolução industrial permitiram responder à escassez de mestres e aumentar de forma drástica a produtividade. As projeções de crescimento do mercado low-code são enormes, para todos os mercados em geral, sendo que há os que estão um pouco mais atrasados nesta vaga, mas que, inevitavelmente, a irão integrar. Pessoalmente, penso que as ferramentas low-code irão continuar a evoluir focadas no aumento da produtividade do desenvolvimento, escondendo a complexidade, aumentando a velocidade e qualidade dos desenvolvimentos, incorporando a composição aplicacional e a maior escalabilidade, flexibilidade e resiliência dos sistemas onde correm as aplicações e sistemas desenvolvidos. A inteligência artificial é cada vez mais um parceiro indispensável para estas ferramentas, na otimização e no apoio aos consultores e equipa.
PME Mag. – Quais são os planos a longo prazo para a empresa?
F. F. – A longo prazo, os objetivos da Do iT Lean passam pela expansão da cobertura geográfica e pela expansão da oferta que temos, com inclusão de mais capacidade tecnológica, sem perder a personalidade e foco na tecnologia low-code da OutSystems, e pela construção de aceleradores e soluções mais abrangentes e mesmo verticais (isto para segmentos específicos de atividade). Para esta expansão consideramos uma boa integração com os demais centros de competência do grupo Valantic e com uma cooperação nos dois sentidos, que permita a todos os centros aproveitar, em benefício dos clientes, as competências dos restantes. Ambicionamos ter uma presença mundial e sermos reconhecidos pela nossa competência e valor na área de low-code e ser um porto seguro para todos os clientes que precisam de soluções rápidas, inovadoras e geradoras de valor para o seu negócio.