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Jose Maria Rego, Sandra-Correia, Tim Vieira, Isabel Neves, Mafalda Marques (Fonte Edgar Coelho)

“As PME estão em modo sobrevivência”, Tim Vieira  

Por: Redação


O primeiro Fórum PME Magazine, realizado esta quinta-feira, discutiu os desafios das PME portuguesas, dos resultados às conquistas internacionais. O Prémio Social CEO foi entregue a Rui Miguel Nabeiro, da Delta Cafés.
 

Na Universidade Católica, em Lisboa, a abertura esteve a cargo de Mafalda Marques, diretora da PME Magazine, que referiu que o propósito da revista PME, ao longo de sete anos, sempre foi gerar networking e dar voz às PME. Desse modo, o fórum traz consigo esse princípio, bem como a partilha de ideias, experiências e conhecimento.  

Miguel Athayde Marques, Vice-Reitor da Universidade Católica Portuguesa referiu que este Fórum “vai efetivamente debater a economia real” e adiantou que o desafio do crescimento passa pelo valor acrescentado, que a receita para uma empresa se manter, tal como o seu conhecimento, são as pessoas e que é fundamental as empresas terem tecnoestruturas, ou seja, terem pessoas com talento, bases de dados e estatísticas.   

O evento contou com a presença de José Esfola, CEO da Xerox Portugal, que referiu “que as pessoas estão em primeiro lugar. Se tratarmos bem as pessoas vai tratamos bem o negócio”. Referiu que as empresas que fomentam políticas de bem-estar têm sempre uma maior receção, mas que os resultados não são tão visíveis e imediatos. Em relação à inovação, acrescentou que o ideal é “fazer parcerias para ganhar escala e criar valor nessa inovação. Nós (Xerox) em Portugal temos conseguido acrescentar valor e durar 106 anos na área tecnologia”.  

Já Gustavo Barreto, membro da Comissão Executiva do Grupo AGEAS Portugal, afirmou que “o tema da inovação é cada vez mais importante e, em Portugal, vimos um número grande de unicórnios e isso significa que temos empresários que pensam fora da caixa e que se renovam. Na AGEAS damos valor às empresas e fazemos eventos até fora das grandes urbes. A inovação para nós é primordial”. Acrescentou ainda que “em relação às empresas que sobreviveram à pandemia foram aquelas que tinham planos de risco a longo prazo e, por isso, permeamos essas empresas e outras que colocam este tema na agenda”.   

A Chef Marlene Vieira, do restaurante Marlene, falou que “resolver um problema de cada vez é o segredo. Um gestor de equipa deve ser empático e ter maior sensibilização do que pode vir acontecer. Deve estar atento”. Em relação à internacionalização, apontou a importância de levar a bandeira de Portugal às costas. “Trago pessoas para dentro e elas mais tarde levam a comida portuguesa para fora. Antes de abrir restaurantes fora, devemos conhecer melhor a nossa cozinha”  

Os resultados do barómetro PME Magazine 2023 foram tema da discussão dos empresários Tim Vieira, Sandra Isabel Correia, Isabel Neves e José Maria Rego que falaram sobre o “Mindset das PME”. Tim Vieira considera que as PME estão em modo sobrevivência, “não conseguem pensar em sustentabilidade quando estão preocupadas em pagar salários. Todos os que trabalham numa PME têm de vender e o nosso Mindset tem de mudar, as pessoas vão e vêm, é o efeito boomerang”.   

Sandra Isabel Correia acrescentou que “atualmente já não é suficiente estar fora da caixa, é preciso dar a volta à caixa. Os negócios só funcionam se trabalharmos em parceria. Tive de mudar o Mindset e de pensar internacional. É fundamental sermos ambiciosos.”   

Já Isabel Neves comentou que “vivemos numa era em que basta uma empresa dar um espirro e o produto interno bruto oscila. Das 99% de PME, muitas são micro e não têm capacidade de fazer acontecer. Limitam-se a gerir o dia a dia. Nós temos muito talento, mas temos um país que não promove o empreendedorismo. Devíamos recorrer mais ao associativismo. Nós portugueses estamos viciados na dor e não sabemos vender Portugal”, concluiu.  

José Maria Rego falou sobre o passo entre ter uma ideia e começar uma ação, que muitas vezes não acontece, e salienta que “tudo começa com a visão”. “Muitas vezes somos pessimistas e não criamos nada. É necessário avançar mesmo que apenas 10% avance e impacte na economia”, garantiu. A conclusão foi de que o Mindset dos gestores deve mudar, sair da vitimização, sem medo e com paixão, mas, saber viver com a incerteza.  


Desafios da Internacionalização  

A Tecnimede e a Sumol+Compal apresentaram os seus casos de sucesso, moderados por Margarida Ramalho, diretora executiva da Católica IBP – International Business Platform.   

Miguel Ruas da Silva, responsável pela internacionalização da Tecnimede, disse que “as mudanças são cada vez mais abruptas. Em Portugal, as práticas são boas. Existem PME a competir com as grandes. Somos um país aberto com muito talento”. Contudo, realçou que não podemos reter talento, principalmente, o internacional. Acrescentou ainda a importância de se ter noção de que as parcerias devem ter um peso no processo internacional”.
 

O caso da Sumo+Compal foi apresentado por Luis Marques, também responsável pela internacionalização, que adiantou que “o mundo sempre esteve em mudança. “Tivemos disrupção das cadeias de abastecimento, crises, guerras e inflações. Estamos em mais de 50 países, mas apenas em 12 relevantes. Para nós a internacionalização é importante, bem como, consolidar a nossa presença e mitigar o risco. A história começou com uma PME e lá fora continuamos a ser uma PME e, por isso, temos de ter uma proposta de valor acrescentado”.  


CEOs mais digitais de Portugal
 

Os CEOs da Delta Cafés, da Science4you e do Douro Azul foram reconhecidos como os mais digitais de Portugal.  

Rui Miguel Nabeiro, CEO da Delta Cafés, conquistou o primeiro lugar e revelou ser o próprio a gerir as suas redes de modo a estar “mais próximo de quem me segue e até mais autêntico. No passado tive quem me gerisse, mas o impacto não era o melhor”. No futuro, deseja continuar a gerir as suas redes sociais, porque acredita que é o caminho que a sua marca, que é de proximidade, deve ter para garantir uma maior autenticidade.  

O segundo lugar foi para Miguel Pina Martins, CEO da Science4you, que manteve o lugar do ano passado. Referiu que gere as suas redes a 95% e que tenta mostrar com autenticidade o que fazem. “A estratégia acima de tudo é divulgar um bocadinho aquilo que nós fazemos e tentar partilhar com as pessoas”. Acrescentou também que “atualmente, as redes sociais acabam por ter um ritmo muito interessante e são uma forma genuína de falarmos com quem gosta de nós”.   

Criados em 2019, os Prémios Social CEO são uma iniciativa da revista PME Magazine em conjunto com o especialista em Linkedin, Pedro Caramez, e destina-se a reconhecer os CEOs mais digitais em Portugal, sujeitos a voto de um painel de jurados.