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Eduardo Marques Lopes
Eduardo Marques Lopes, diretor de Marketing e Comunicação da Multipessoal (Fonte Divulgação)

“Cada vez mais recrutamos pelas soft skills e menos pelo currículo” – Eduardo Lopes

Por: Ana Vieira

Num mercado cada vez mais competitivo, a contratação de pessoas para as Pequenas e Médias empresas torna-se mais difícil, tendo em conta a concorrência das grandes empresas e os benefícios que oferecem.

Em entrevista à PME Magazine, Eduardo Marques Lopes, diretor de Marketing e Comunicação da Multipessoal aponta mudanças e estratégias para a procura de emprego.

PME Magazine (PME Mag.) – Quais os maiores desafios das Pequenas e Médias empresas na contratação de pessoas?
Eduardo Lopes (E. L.) – A concorrência com grandes empresas, que têm mais recursos e maior visibilidade, acrescenta desafios às PMEs que se refletem tanto na atração como na retenção de talento.
Nas pequenas e médias empresas verifica-se que a maioria dos departamentos são pequenos e centrados principalmente na marca enquanto produto ou serviço, não tornando como prioritária a definição e desenvolvimento de uma marca empregadora sólida e diferenciadora.

Por este motivo, e num mercado cada vez mais competitivo, as PMEs devem canalizar esforços para a atração dos melhores talentos, promovendo uma imagem positiva e apelativa aos olhos dos candidatos. Através da definição clara da sua proposta de valor enquanto empregadores, a comunicação da marca empregadora com recurso a ferramentas de marketing será mais eficaz e ajudará a reforçar as equipas com a captação dos candidatos mais adequados às necessidades do negócio.


PME Mag. – Quais as áreas com mais facilidade para contratar e as mais difíceis?

E. L. – O mais recente estudo da Universum sobre a escassez global de talentos mostra-nos que 77% dos empregadores têm dificuldade em recrutar os talentos de que necessitam. Portugal não é exceção e, por isso, o conceito de “recrutamento fácil” não existe num mercado de trabalho em que existem mais ofertas de emprego do que profissionais disponíveis para trabalhar.

No que diz respeito às tecnologias da informação, por exemplo, procuram-se funções de suporte à transformação das organizações como data analysts, gestores de produto ou developers que são, sem dúvida, difíceis de recrutar em Portugal pela falta de profissionais disponíveis. Também em setores como a hotelaria, construção civil e agricultura, é visível a escassez de mão de obra, com diversos empregadores a sentir dificuldades em encontrar pessoas interessadas no emprego que anunciam.


PME Mag. – A opção do teletrabalho mantém-se em 2024?

E. L. – São já muitas as empresas que consideram a adoção de políticas de trabalho remoto na gestão do seu talento e, mesmo que não seja adotado na totalidade, ou seja, em regime full remote, o teletrabalho provou ser uma opção muito válida e eficaz para proporcionar maior flexibilidade aos colaboradores.
No entanto, e apesar de se ter verificado, a nível global, um pico na adoção do teletrabalho no período da pandemia, sabemos agora que o modelo preferido pela maioria dos colaboradores é o híbrido e que, também nesse sentido, algumas empresas têm vindo exigir uma presença mais frequente nos escritórios, como é o caso da Meta, Google, Zoom, entre outras.


PME Mag – O que é mais valorizado na contratação: estudos ou experiência?
E. L. – Cada vez mais recrutamos pelas soft skills e menos pelo currículo dos candidatos, mas é natural que os estudos ou a experiência dos candidatos continuem a ser muito valorizados, pois constituem parte da nossa marca pessoal enquanto profissionais e, em algumas funções, é fundamental determinado conhecimento ou competência técnica.

Ainda assim, num mercado de trabalho cada vez mais volátil e complexo, as empresas apostam, acima de tudo, em pessoas capazes de responder a um clima de incerteza e orientadas a soluções, sem receio da mudança e que demonstrem potencial para aprenderem e evoluírem rapidamente, com o devido acompanhamento e formação.


PME Mag – Para alguém que esteja à procura de emprego neste momento, como deve proceder? 
E. L . – Antes de iniciar ativamente a procura de emprego, ao pesquisar oportunidades, ativar alertas e responder a anúncios, o candidato deve começar por fazer uma avaliação das suas ferramentas de procura de emprego, como o currículo e o perfil de LinkedIn.

Tendo este primeiro autodiagnóstico realizado, inicia-se então a procura por um novo desafio profissional, seja em portais de emprego, redes sociais, sites de carreira, feiras e centros de emprego ou através de amigos e familiares, podendo também as empresas de recrutamento constituir uma alternativa relevante, pois compilam oportunidades de emprego de vários clientes, com anúncios para diversas funções em vários setores e regiões do país.

O mais importante neste processo de procura de emprego é que o candidato entenda quais são as suas principais valências e que tipo de desafio será o mais adequado às suas necessidades e expectativas, para que possa afunilar a pesquisa e candidatar-se às oportunidades que realmente poderão mudar a sua carreira – ou mesmo a sua vida – para melhor.