Quinta-feira, Dezembro 5, 2024
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Coesão territorial como fator de competitividade para as PME

Por: Jesper Carvalho Andersen e Ricardo Moutinho, JR Partners

As políticas de centralização e polarização da economia portuguesa têm vindo a limitar o seu potencial de crescimento (i.e., o PIB potencial). A própria região de Lisboa e Vale do Tejo, apesar de contemplar cerca de 2,81 milhões de habitantes, não consegue assumir-se como um verdadeiro centro económico à escala da Península Ibérica.

A título de exemplo, uma empresa localizada em Madrid consegue oferecer aos fatores de produção tradicionais (Capital e Trabalho) uma remuneração 1,65 vezes superior, comparativamente ao que oferece uma empresa semelhante, mas localizada em Lisboa. Esta situação traduz-se, inevitavelmente, na fuga desta região de capital humano, sobretudo o mais qualificado e produtivo, e no decréscimo do investimento, quer público, quer privado, nacional ou estrangeiro. Por outro lado, estamos perante um verdadeiro cenário de inverno demográfico, uma vez que os territórios de baixa densidade abrangem, aproximadamente, 82% de Portugal Continental, concentrando apenas 44% da respetiva população, da qual 21% é constituída por cidadãos com 65 e mais anos de idade.

A par do envelhecimento, regista-se uma acentuada tendência para o agravamento do fenómeno de desertificação. Cerca de 63% dos jovens portugueses até aos 14 anos de idade residem em áreas rurais. Posteriormente, entre os 15 e os 24 anos, apenas 49% dos jovens permanecem na região de origem. Em média, entre os 25 anos e os 29 anos de idade apenas 22% da população permanece nos territórios rurais de onde é natural. Esta trajetória descendente de naturais que residem nas regiões predominantemente rurais, à medida que a idade vai aumentando, reflete a ausência de oportunidades de carreira capazes de fixarem a população jovem. Acresce que nos municípios inseridos em territórios rurais, o ganho médio mensal é cerca de 25% inferior ao auferido nas áreas urbanas, o que demonstra a incapacidade do seu tecido económico em absorver e remunerar condignamente a população ativa, bem como em captar fluxos de investimento direcionados para setores não transacionáveis.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de janeiro da PME Magazine.

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