O crowdfunding é uma fonte de financiamento emergente. Das startups às empresas sociais, todas as empresas podem beneficiar desta solução de financiamento colaborativo.
Em 2014, o mercado europeu de crowdfunding estava avaliado em cerca de três mil milhões de euros. Mais de 200 mil projetos beneficiaram deste tipo de financiamento.
Em 2015, o crowdfunding gerou em termos globais mais de 34,44 mil milhões euros. Está a crescer mais de 100% ao ano e vai ser maior do que o financiamento em capital de risco, afirma o estudo Massolution Crowdfunding Industry 2015.
As regiões que mais aderiram às plataformas de crowdfunding em 2015 foram: América do Norte (17,2 mil milhões de euros), Ásia (10,54 mil milhões de euros), Europa (6,48 mil milhões de euros), Oceania (68,6 mil milhões de euros), América do Sul (85,74 mil milhões de euros) e África (24,16 mil milhões de euros).
Principais tendências em crowdfunding
As plataformas online para investidores qualificados alimentam o crescimento continuado de investimento dos Business Angels, segundo a associação de Capital de Risco Angel. Daí haver necessidade de maior transparência através da criação de empresas para estimular mais as ofertas de equidade. O crowdfunding está a ajudar a preencher a enorme lacuna no financiamento para as empresas locais, de acordo com relatório Breakaway de financiamento. As empresas podem usar o crowdfunding para alcançar mais investidores com menos encargos.
O conceito está a dar que falar e há casos de sucesso de PME que recorreram estas plataformas para se financiar , mostramos-lhe um caso concreto na Finlândia, no arquipélago autónomo de Áland, em pleno mar Báltico, onde uma PME familiar que se dedica à produção de limonada 100 por cento natural feita, exclusivamente, com produtos locais se voltou para este tipo de iniciativa. Em 2014, o fundador da empresa decidiu desenvolver a produção e, logo, investir.
“Escolhemos o crowdfunding porque era um bom mercado, eficaz, rápido e, acima de tudo, por se tratar de uma forma não burocrática de fazer entrar capital na sociedade”, afirma Tony Asumaa, fundador da Amalias Limonadfabrik.
Graças à plataforma de Lasse, Tony ganhou mais de 86 mil euros sob a forma de financiamento participativo. Por outras palavras, as pessoas que investiram na companhia são agora acionistas ou verdadeiros embaixadores.
Atualmente, existem 600 plataformas de crowdfunding na Europa. A questão é como escolher a boa plataforma. Para os especialistas, é importante escolher uma empresa com muitas transações no passado, escolher a empresa que tem as licenças em dia, o que pode ser verificado pelas autoridades locais do país.
Plataformas portuguesas
Após perceber o conceito, importa conhecer as principais plataformas portuguesas e como funcionam. Em cada uma são apresentadas as taxas de sucesso das duas principais plataformas e é preciso perceber o que se entende por taxa de sucesso. Este valor refere-se à percentagem dos projetos que recebem o montante pedido (ou mais) dentro do prazo delimitado, em relação ao número total de projetos publicados. Lembre-se que o sucesso do crowdfunding depende de fatores como o interesse do produto/conceito, capacidade de atrair apoiantes e realismo no montante pedido.
A maior é sem dúvida a PPL, com mais de 1,3 milhões de euros angariados até dezembro de 2015, 66.598 membros, um total de 1.757.214 euros angariados, 1347 projetos publicados, com uma taxa de sucesso na ordem dos 44% e um apoio médio de 2.914 euros por campanha.
As particularidades desta plataforma são as duas secções dedicadas a publicações literárias e às causas. Estas têm um funcionamento ligeiramente diferente do crowdfunding comum, devido à valorização da criação em língua portuguesa e da iniciativa voluntária e humanitária.
A secção de literatura é promovida pela editora Livros de Ontem, que é independente da PPL. O crowdpublishing é a junção do crowdfunding com o Publishing e é através deste sistema que as obras são publicadas. A diferença que a editora Livros de Ontem oferece é garantir sempre 10% do montante e ainda o reinvestimento de 5% do valor angariado noutros projetos deste tipo. As recompensas aos apoiantes dos projetos de crowdpublishing são mais pessoais, contando com edições autografadas.
Conheça os casos de sucesso desta PPL:
- Novo Banco Co-Crowdfunding – a plataforma de crowdfunding do Novo Banco funciona com um co-financiamento em 10% por parte da instituição, ao abrigo das suas políticas de responsabilidade social, sendo que a plataforma é dirigida a projetos sociais de IPSS ou ONG.
- Naturfunding – nasceu de uma parceria entre a plataforma Naturlink e a Indiegogo com o objetivo de angariar fundos coletivos destinados a projetos no âmbito da natureza.
- Kickstarter – uma comunidade de pessoas interessadas em desenvolver projetos interessantes.
- Kiss Kiss Bank Bank – encontra vários campos de ação. A palavra de ordem é inovação. Design, jornalismo, livros, jogos, fotografia, web, tecnologia, entre outros.
- Fundly – já arrecadou mais de 330 milhões de dólares. É um site de funcionamento simples, podendo-se iniciar uma angariação de fundos a partir da conta do Facebook.
- Fundanything – de pedidos para pagar um álbum musical a uma visita de estudo, encontra-se um pouco de tudo.
- Gofundme – alega ser o site número um a nível mundial para angariar fundos pessoais.
- Fundrazr – Entre várias áreas, os negócios e o empreendedorismo são alguns dos destaques.
Em Portugal, a atividade de crowdfunding passou a ter enquadramento legal quando entrou em vigor o regime jurídico do financiamento colaborativo, a lei 102/2015. A lei abrange os vários tipos de plataformas: donativos, recompensas, empréstimos e investimento em capital social (um género que não existe no país). Define também obrigações para as pessoas que contribuem e ainda para os projetos que procuram financiamento.
Uma das novidades é a criação de um limite ao dinheiro que cada pessoa pode aplicar nas plataformas de investimento e de empréstimos. O valor será definido pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, que tem ainda de publicar regulamentação a este propósito.
A lei determina que os limites serão fixados em função do rendimento anual de quem investe, podendo ainda haver tetos “em função do perfil dos investidores, atendendo, nomeadamente, à sua experiência e qualificação”. Para isto, cada pessoa deverá declarar qual o montante global que já investiu na aquisição de produtos financeiros através de plataformas online, bem como o seu escalão de rendimento.