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Fim das moratórias
Deco inquieta com o fim das moratórias no seio familiar (Foto: Pexels)

Deco lança campanha pela literacia financeira

A Asssociação de Defesa do Consumidor (Deco) revela-se inquieta com o número de casos de famílias que aparenta dificuldades em pagar as contas e teme o efeito do fim das moratórias. Aproveitando o Dia da Poupança, a associação lançou uma campanha de sensibilização deste tema e um guia prático que visa ajudar a evitar uma rutura financeira.

O número de pedidos de ajuda por parte das famílias mantém-se igual ao obtido em anos anteriores, no entanto, o motivo do apelo à ajuda é diferente.

Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco explicou ao Dinheiro Vivo: “Não é tanto uma questão de números, que são em tudo idênticos a anos anteriores, um pouco acima dos 20 mil pedidos de ajuda desde o início do ano, são as causas. Trata-se maioritariamente de famílias que, em 2019, tinham uma situação financeira perfeitamente normal, mas que, com a pandemia, se viram privados dos seus rendimentos”. E acrescenta que, “ao contrário do que é habitual, e do que aconteceu noutras crises, em que a degradação da situação financeira das famílias vai acontecendo ao longo do tempo, com a pandemia houve uma quebra abrupta, quase radical, de um dia para o outro, deixando as pessoas sem saber o que fazer”.

Em muitos casos, as famílias deixam arrastar este tipo de situações, agravando-as após os credores recorrerem ao tribunal. As famílias que recorrem à Deco, por norma, têm rendimentos líquidos mensais que não chegam aos 1.100 euros e cinco créditos (um crédito à habitação, dois créditos pessoais e dois cartões de crédito). O objetivo da associação é o de ajudar à renegociação das dívidas, o que nem sempre é possível e há casos em que “a única solução é mesmo avançar para a insolvência”, segundo a responsável.

Com esta nova campanha, a Deco quer desmistificar a informação que circula por via de entidades de aconselhamento financeiro.

“Chegam-nos muitas pessoas a achar que é um processo fácil e sem grande dor, como se passassem uma esponja sobre o assunto e não é verdade. Muitas avançam com esses pedidos sem consciência que podem perder a sua casa e os seus bens, que se trata de um processo penoso e que ficam ‘marcadas’. Teoricamente, cinco anos depois, ficam com o seu nome ‘limpo’, mas sabemos de famílias que tentaram abrir uma simples conta bancária ou contratar um serviço de telecomunicações e não conseguiram”, revela a responsável

Neste sentido, existem três vídeos de campanha, um deles tenta explicar o porquê da insolvência pessoal dever ser o último recurso, outro recai sobre o que se deve fazer para evitar a rutura financeira e, por último, um com conselhos para renegociar as dívidas, disponíveis no site oficial da Deco. Além disso, a Deco quer promover ações de formação sobre a temática para técnicos de ação social.

Os pontos fulcrais do guia para evitar a rutura financeira são a reorganização e a renegociação, as consequências de incumprir e a cobrança judicial.