Contrariando as metas e projeções feitas pelo Governo, Portugal apresentou um défice orçamental de 5,7% relativamente a 2020, números que depois do primeiro excedente da era democrática portuguesa, em 2019, se encontram em níveis superiores do PIB relativo ao período da troika.
Depois de um excedente orçamental de 0,1% alcançado em 2019, a pandemia traduziu um forte impacto nas contas públicas portuguesas, que apresentam um défice orçamental de 5,7% do PIB relativamente a 2020. Este valor fica aquém das estimativas do Governo para o Orçamento do Estado (7,3% do PIB).
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) o saldo das administrações públicas apresentou uma redução de 11,7 milhões de euros entre 2019 e 2020, numa evolução que provocou ainda um acréscimo na despesa (7,8%) e na redução da receita (-5%).
Este défice orçamental do PIB traduz-se no maior valor desde 2014, altura em que Portugal estava a sair do programa de ajustamento em maio, onde estes valores atingiram cerca de 7,4% do PIB. Nos anos seguintes, verificaram-se sucessivas melhorias até se atingir o referido excedente orçamental, em 2019.
O relatório do INE estima ainda que o impacto das medidas extraordinárias de apoio à economia englobou cerca de 2,3% do PIB, isto é, entre cerca de 4 a 5 mil milhões de euros. Assim, o gabinete de estatísticas aponta para que a dívida pública tenha subido para 133,6% do PIB, em 2020, aumentando cerca de 16,8% face a 2019.
