Por: Carolina Afonso, CEO do Gato Preto
O setor do retalho está a passar por uma transformação significativa, impulsionada por desafios como a sustentabilidade, a integração tecnológica e a eficiência logística. Para se manterem competitivas, as empresas precisam de adotar novas abordagens e responder a estas exigências de forma estratégica.
A sustentabilidade tornou-se um dos principais desafios e oportunidades para o retalho, à medida que os consumidores se tornam cada vez mais conscientes do impacto ambiental das suas escolhas. Um estudo da Nielsen (2020) revela que 66% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos que respeitem o meio ambiente. Enquanto grandes marcas tentam adaptar-se a este novo paradigma, muitas novas empresas surgem com a sustentabilidade como um dos seus pilares centrais. A Patagónia é um exemplo global de uma marca que defende a produção ética e o consumo consciente, encorajando até os clientes a reparar produtos em vez de comprar novos. Da mesma forma, a marca portuguesa Portuguese Flannel adota uma abordagem de produção sustentável, utilizando materiais ecológicos e promovendo a produção local e ética.
Estas marcas são pioneiras no alinhamento dos seus modelos de negócio com as preocupações ambientais, mostrando que é possível prosperar com base em práticas sustentáveis. Para as empresas estabelecidas, o desafio é adotar essas práticas de forma genuína e impactante.
Por seu turno, a tecnologia está também a “remodelar” o retalho, ao transformar a forma como as empresas interagem com os seus clientes e otimizam as suas operações. A integração de ferramentas como inteligência artificial, automação e big data tem vindo a melhorar significativamente a personalização da experiência de compra, a gestão de inventário e a eficiência operacional. Tecnologias como chatbots e sistemas de pagamento contactless tornaram-se essenciais para proporcionar uma experiência de compra mais fluída e eficiente.
No entanto, o verdadeiro desafio não reside apenas na adoção destas ferramentas, mas na sua implementação estratégica e na capacidade de criar valor adicional para o consumidor. As empresas que conseguem alinhar as suas soluções tecnológicas com as expectativas dos clientes, oferecendo experiências digitais e físicas integradas, têm uma vantagem competitiva clara no mercado.
Por fim, a eficiência logística é outro grande desafio para o setor do retalho. Com o crescimento do eCommerce, os consumidores esperam entregas rápidas e convenientes. Empresas como a Amazon, que oferece entregas no próprio dia, redefiniram as expectativas de conveniência dos clientes. Isto força as empresas mais pequenas a reavaliar as suas operações e a investir em soluções logísticas mais ágeis e eficientes. Além disso, a concorrência global tornou-se mais intensa, com os consumidores a poderem aceder facilmente a produtos de qualquer parte do mundo. Este cenário obriga as empresas locais a competir não só em termos de preço, mas também de serviço, forçando-as a melhorar continuamente a sua oferta.
Concluindo, o setor do retalho enfrenta uma série de desafios que exigem inovação e adaptação. As empresas que souberem responder a estas exigências estarão melhor posicionadas para prosperar num mercado global cada vez mais competitivo e exigente. As que não conseguirem adaptar-se correm o risco de perder relevância e competitividade num ambiente de rápida transformação.
Carolina Afonso faz parte do TOP30 Social CEO 2023, uma iniciativa da PME Magazine, em parceria com Pedro Caramez.