“Quase todos os empreendedores de sucesso falharam muitas vezes” – Ken Singer

Até 31 de julho, mais de 500 estudantes de todo o mundo estarão na Academia Europeia da Inovação, em Cascais, a tentar criar startups inovadoras. Ken Singer, responsável pelo Sutardja Center for Entrepreneurship and Technology da Universidade de Berkeley é um dos mentores do programa e está em Portugal para desafiar estes jovens. Em entrevista à PME Magazine, o mentor explica porque é tão importante falhar.

PME Magazine – Porque aceitou ser mentor da European Innovation Academy

Ken Singer – Há sete anos que dirijo o Sutardja Center for Entrepreneurship and Technology na Universidade da Califórnia, Berkeley, onde ensino empreendedorismo tecnológico a estudantes de engenharia. Fui convidado a trazer alunos de Berkeley para o primeiro EIA na Estónia, durante meu primeiro ano como diretor do centro. Na sequência desta participação, pediram-me para fazer uma palestra sobre formação de equipas para inspirar os alunos a formar equipas produtivas e diversificadas.

PME Mag.  – O que espera que estes jovens aprendam durante o programa?

K. S. – A maioria dos estudantes que participam do EIA quer criar empresas de tecnologia. Contudo, para isso  precisam de aprender a passar de estudantes a empreendedores. Isso é extremamente difícil, porque passaram a maior parte do tempo a aprender a impressionar os seus professores, em vez de irem à procura de soluções para os problemas do mundo real. Os estudantes, por definição, são “seguidores” dos professores, mas os empreendedores são “líderes” que não podem simplesmente seguir os professores. Através da experiência da EIA espero que se desafiem a tornarem-se nos seus próprios líderes.

PME Mag. – Como é eles podem criar startups em 15 dias que sobrevivam no mercado?

K. S. – Não podem. É raro que a primeira tentativa de iniciar uma empresa seja bem-sucedida – quase todos os empreendedores de sucesso falharam muitas vezes antes de ter sucesso. O que eles podem fazer é desenvolver a resiliência e as habilidades necessárias para criar a semente de uma startup transformadora. Podem usar essas habilidades para continuar as suas jornadas de inovação. Com o tempo, serão bem-sucedidos.

PME Mag. – Por que é importante que os jovens estejam atentos às oportunidades de empreendedorismo?

K. S. – O mundo não pode mais assegurar que todos os estudantes tenham um emprego à espera quando se formarem. Todos os estudantes devem estar preparados para criar o seu próprio percurso profissional e a educação para o empreendedorismo proporciona-lhes a confiança e as competências necessárias para o fazer.

PME Mag. – Como é que se lida com o falhanço empresarial?

K. S. – Os negócios falham a toda a hora. Faz parte do processo. As grandes empresas falham, tal como as startups. Devemos estar preparados para assumir riscos e aprender com os fracassos, para que possamos alavancar as aprendizagens na próxima tentativa. Não devemos ter medo de falhar – desde que possamos aprender com eles, não são realmente fracassos.

PME Mag. – Como vê o panorama do empreendedorismo em Portugal

K. S. – Estou extremamente entusiasmado com o futuro do empreendedorismo em Portugal. A crise económica criou as condições necessárias para as startups emergirem, mas os empresários responderam ao criarem empresas com impacto na Europa. Às veze sé necessário uma crise para renascer. Portugal é um exemplo de um país resiliente que consegue preserverar em qualquer circunstância. Se Portugal continuar a investir em jovens, irá rapidamente juntar-se à Silicon Valley na liderança para um futuro melhor.

PME Mag. – Que conselhos pode dar a estes jovens e empresários portugueses?

K. S. – Viajem. Aprendam com os outros. Voltem e criem empresas que alavanquem as vantagens e forças únicas de Portugal para causar impacto no mundo. O mundo está à espera do vosso brilhantismo.