Por: Constança Ladeiro
A semana de quatro dias continua a gerar debate entre as empresas portuguesas. Enquanto, segundo um estudo recente da Associação Industrial Portuguesa (AIP) 70% das empresas rejeitam esta medida, algumas organizações que a implementaram relatam benefícios.
A rejeição da implementação deste modelo pela maioria das empresas, é justificada com preocupações com custos, organização interna e impacto na produtividade, de acordo com o estudo da AIP.
Contudo, algumas empresas que seguiram o delo relatam aspetos positivos, desde a redução do stress dos trabalhadores até à manutenção dos níveis de produtividade.
Trabalhadores de creche apontam mais tempo de lazer
Em resposta à PME Magazine, a creche Caminhos de Infância, que adota este modelo laboral de 15 em 15 dias, destacou o desafio de se comunicar eficazmente com clientes e funcionários e de criar horários bem estruturados para garantir a coordenação da equipa.
A direção pedagógica, para superar este desafio, monitorizou constantemente os impactos, garantindo que o bem-estar das crianças se mantinha inalterado. Para os trabalhadores, a mudança trouxe mais tempo para lazer e maior motivação, o que contribuiu para um ambiente de trabalho mais positivo.
Coordenação de dias livres é o mais desafiante para a Crioestaminal
A Crioestaminal, que participou no piloto que aconteceu em junho de 2023, afirma que a principal dificuldade foi a coordenação dos dias livres entre os vários departamentos, dado que a empresa, que preserva células estaminais de bebés, não pode interromper as suas operações.
Como explicado à PME Magazine, para superar este desafio, foi criado um grupo interdepartamental que planeou os dias de folga e implementou um sistema de comunicação interna eficiente, além de introduzir também um horário de trabalho mais focado, reduzindo interrupções.
Deste modo e contrariando receios comuns, ambas as empresas afirmam à PME Magazine que a semana de quatro dias não teve impacto negativo na produtividade ou nos resultados financeiros.
Na creche, os níveis de satisfação dos utentes e a qualidade do serviço mantiveram-se estáveis, apesar da necessidade de contratar um novo trabalhador para equilibrar a equipa.
Já na Crioestaminal, os resultados comerciais permaneceram inalterados, mas os níveis de stress dos colaboradores diminuíram significativamente, segundo questionários internos. Muitos funcionários referem ter agora mais tempo para atividades pessoais, como estar com a família, ler e estudar.
Enquanto a maioria das empresas portuguesas ainda tem dúvidas relativamente a este modelo, as que já a adotaram, sublinham em resposta à PME Magazine, que recomendam experimentar.
A creche destaca a importância de confiar nos trabalhadores e de garantir um ambiente de colaboração. A Crioestaminal sugere um período experimental de seis meses, defendendo que não há benefício mais valorizado pelos colaboradores do que mais tempo para si próprios.