Sábado, Janeiro 4, 2025
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“Ajudar os outros a serem mais eficientes está no nosso ADN” – Paulo Veiga

Por: Margarida Duarte

Depois de tantos meses confinados e privados da vida, como habitualmente tínhamos conhecimento, parece haver alguma esperança. Com todas as mudanças e ajustes feitos para nos adaptarmos ao novo “normal”, também a transformação digital se inovou e foi posta em equação. Paulo Veiga, CEO e fundador do Grupo EAD, faz-nos um balanço, na semana que antecede o Encontro de Transformação Digital com o título ”A Transformação Digital em Equação: Inovação + Privacidade = Maturidade”.

PME Magazine (PME Mag.) – Porque é tão importante nos dias de hoje falar sobre a mudança de mentalidades e hábitos no que toca ao digital?

Paulo Veiga (P. V.) – É importante porque o digital entrou pelas nossas vidas com uma força e intensidade raramente vistas. Todos os dias trocamos atitudes e hábitos analógicos por digitais. Todos os dias trocamos informações com pessoas no mundo, que, possivelmente, nunca viremos a conhecer pessoalmente. Todos os dias instalamos uma aplicação para nos fazer algo que antes demoraria muito tempo. Utilizamos e criamos tanta informação em digital que dentro em breve o consumo de energia para manter toda esta informação atualizada e disponível, será tema de debate associado à questão ambiental. Portanto, em primeiro lugar, temos de ter esta consciência para atuarmos com a ponderação como quando estamos perante a utilização de outros recursos. Para tal é preciso uma cultura digital, perceber que hoje em dia facilmente a nossa informação pessoal, pode ser exposta ou mesmo roubada. É preciso garantir que direitos, liberdades e garantias arduamente conquistados pela humanidade desde o final do século XIX, não são agora perdidos por esta nova geração, essencialmente por desconhecimento, dos perigos deste novo mundo, onde, aparentemente, tudo está à distância de um clique.

Utilizamos e criamos tanta informação em digital que dentro em breve o consumo de energia para manter toda esta informação atualizada e disponível, será tema de debate associado à questão ambiental.

PME Mag. – Enquanto CEO e fundador da EAD, como ajuda as empresas a manterem os seus negócios competitivos?

P. V. – Está no nosso ADN, nascemos para ajudar os outros a serem mais eficientes, a controlarem melhor as suas atividades, a gerir melhor os clientes e colaboradores. Começamos no mundo analógico com a custódia das pastas de arquivo em grandes armazéns nas periferias dos centros urbanos, hoje, além disso, guardamos e gerimos toda a informação em formato digital. Utilizamos ferramentas de arquivo digital e workflow que permitem aos nossos clientes entrarem neste novo mundo, com segurança, prudência e rapidez. Sem investimentos associados, pagando apenas pelo uso da plataforma disponibilizada, usufruindo de toda a nossa experiência transversal, adquirida em 28 anos de projeto, em mais de 2500 clientes.

PME Mag. – Como é que a pandemia Covid-19 ajudou a inovar, mudar e atualizar?

P. V. – Não havia alternativa, não é? Parar não é opção nos tempos atuais. Imaginem uma pandemia desta natureza nos anos 90 do século passado? Com uma internet incipiente, com n sistemas nas empresas, totalmente analógicos. Quanto teria caído o PIB mundial? Como seria o desemprego e depois a recuperação? Nunca seria em “V” como o foi em algumas atividades como estamos a ver. Todos tiveram de se reinventar, mas desta vez com uma tecnologia robusta como suporte. Nesta perspetiva, a verdade é que tivemos sorte. Esta pandemia, foi um acelerador do conhecimento e destreza humana, com a ciência, mais uma vez, na linha da frente.

PME Mag. – Qual pensa ser o maior desafio para a gestão documental dentro do grupo EAD?

P. V. – Excelente pergunta, porque a construção da sua resposta coloca-nos a pensar. Este é um tema de reflexão, investigação e inovação permanente no grupo. Com orgulho, diria que todos contribuem com grandes e pequenas ideias. Isto é ainda mais relevante quando no grupo existem cerca de 360 pessoas. A cultura de inovação, a cultura de fazer mais com menos ou de forma mais rápida e sem erros, está presente em toda a linha em todas as atividades e isso é gratificante. Ainda assim, eu diria que dois dos nossos desafios principais passam por tratar os documentos digitais com a mesma destreza com que tratamos os documentos em suporte papel. As nossas soluções de gestão documental, são uma porta de entrada rápida no mundo digital e integram com os ERPS dos clientes, integração e interoperabilidade, neste particular, são as palavras de ordem. Por outro lado, temos hoje condições únicas de ligar o mundo analógico ao digital, proporcionando one-stop-shop aos nossos clientes, associando à cadeia de valor serviços de printing & finishing, reciclagem segura e confidencial e até serviços de estafetagem dedicada. Estamos ainda a investir em operações de backoffice, que não são mais, nem menos que gerir com equipas exclusivas estes serviços nos nossos clientes, mas isso será oportunamente divulgado ao mercado.

PME Mag. – Como avalia a transformação digital nas empresas portuguesas?

P. V. – Existem estudos recentes que demonstram bons resultados ao nível das PME. Existe ainda uma real expectativa que os fundos comunitários, o PRR, venham também ajudar neste processo. No entanto, a verdade é que existem também vários riscos e ameaças. Estamos a falar de tecnologias novas, onde as pessoas demonstram dificuldades de tratamento, confinado nas empresas provadas para resolverem os seus problemas. Tudo isto é novo e perigoso, se não for devidamente enquadrado, não só juridicamente mas também na cabeça de cada um de nós. Procurando dar um exemplo conhecido, o segredo da coca-cola, continua a ser o segredo da coca-cola. Temos de avançar sim, com segurança, mas procurando dosear em cada projeto quatro grandes pilares: as pessoas, a tecnologia, a estratégia e os dados. Este admirável mundo novo, onde negócio e digital são sinónimos, apresenta os mesmos riscos que os portugueses encontraram com os descobrimentos e a primeira globalização do planeta. Quanto mais não seja, se ainda há algo de aventureiro no nosso ADN, também deve haver prudência e ponderação.

Tudo isto é novo e perigoso se não for devidamente enquadrado, não só juridicamente mas também na cabeça de cada um de nós.

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