Home / Empresas / Casos de Sucesso / “Estamos atentos à preocupação ambiental” – Luís Mesquita Dias
luís mesquita dias vitacress
Luís Mesquita Dias, diretor-geral da Vitacress (Foto: Divulgação)

“Estamos atentos à preocupação ambiental” – Luís Mesquita Dias

Por: Mariana Barros Cardoso

A Vitacress é uma marca que faz história há já 68 anos. Com o lema “Sabor que começa na origem. Frescura, sabor e saúde: estes são os valores que nos inspiram”, a Vitacress tem as distinções de marca “responsável” e “de confiança”. Foi com um humilde campo de produção de agrião de água que se tornaram numa empresa internacional que emprega cerca de 1.500 pessoas, atualmente com 720 hectares de campo cultivado. A Vitacress responde pelas suas ações e cumpre as suas promessas, nesta entrevista de Luís Mesquita Dias, diretor-geral, à PME Magazine.

 

PME Magazine – Vitacress, qual foi a linha de raciocínio para chegar a um dos nomes mais soados em Portugal, nomeadamente por quem é fã da rentabilidade de tempo na hora de fazer o jantar?
Luís Mesquita Dias – A empresa mãe, fundada em Inglaterra chamava-se Vitacress, quando o dono da empresa veio para Portugal, chamou-lhe “Iberian Salads”, em inglês, sua nacionalidade e manteve o nome até há cerca de quatro anos, altura em que começámos a chamar-nos Vitacress Portugal. Entretanto, a marca tinha ganho muita notoriedade e queríamos tão rápido quanto possível mostrar às pessoas que éramos portugueses. Há cerca de quatro anos mudámos para Vitacress Portugal.

PME Mag. – Em 1981 começaram a produzir em Portugal, no Algarve. Quais foram as maiores adversidades que encontraram?
L. M. D. – Há pouca documentação referente a essa época, mas é curioso ter sido escolhido um sítio que, na altura, era predominantemente agrícola e que agora está rodeado de empreendimentos urbanos, portanto estamos de certa forma limitados no nosso crescimento. Atualmente, podemos referir que o agrião de água, produzido no Algarve, representa muito pouco do nosso portefólio total, da mesma maneira que o Algarve representa uma pequena parte dos terrenos que temos. No Algarve temos 20 hectares e a Vitacress tem no total 350 hectares [de agrião de água]. Diria que somos, a nível europeu, a empresa que mais agrião de água produz e que mais sabe de agrião de água.

 

PME Mag. – Em 1988 começaram a produção de folhas baby em Portugal, foi uma aposta que sabiam que ia resultar?
L. M. D. – Nessa altura não se tratava tanto de resultar pela diferença, porque o objetivo do proprietário da empresa era abastecer Inglaterra no inverno. Ele era um agricultor visionário que percebeu que o mercado caminharia num sentido de maior conveniência, maior consumo deste tipo de produtos e que, a prazo, passariam a ser embalados e essa era a visão que ele tinha para o negócio e que se comprovou visionária. No entanto, quando ele veio para Portugal era com o objetivo só de produzir para Inglaterra. Depois, naturalmente, começou a achar, e bem, que também em Portugal haveria oportunidade e como queria produzir outros produtos, além do agrião de água, criou em Odemira o que é agora a sede da Vitacress.

PME Mag. – A nível de durabilidade, é mais resistente a folha baby. Foi uma escolha assertiva para o
vosso negócio?
L. M. D. – Não se pode dizer que ela seja mais resistente. Ela é mais rica em nutrientes e tem uma característica que, por ser pequena, quando é cortada, a superfície do talo sujeito a oxidação é pequena. Não é uma questão da durabilidade da folha, mas sim da tenrura da folha e da sua riqueza a nível nutritivo. É uma forma de plantação muito densa.

 

PME Mag. – São realmente os únicos produtores de folha baby em Portugal?
L. M. D. – Não, há mais produtores. A maior parte deles são produtores relativamente pequenos. Os nossos dois principais concorrentes compram a muitos pequenos produtores. Enquanto produtores individuais somos de longe os maiores, mas não somos os únicos.

 

PME Mag. – Como é que surgiu a hipótese de fazer parceria com a Uber Eats, uma vez que a plataforma tem parceria essencialmente com restaurantes?
L. M. D. – Surgiu da nossa parte, de forma a termos o nosso produto cada vez mais disponível em mais ocasiões para mais consumidores. Fizemos uma parceria com uma cadeia de restaurantes que, juntamente com os seus produtos, se disponibilizou a vender os nossos. Um consumidor Uber Eats pode encontrar os nossos produtos em alimentação saudável se procurar numa loja virtual, na Vitacress e ainda nas lojas do nosso parceiro, inclui na sua ementa salada Vitacress. Esperamos com esta parceria ter mais sucesso junto de empresas.

PME Mag. – Por falar em parcerias, foram parceiros do Web Summit em 2018, há perspetiva para este ano?
L. M. D. – Em princípio, de uma forma ou de outra, tencionamos manter.

 

PME Mag. – Qual é a estratégia da Vitacress para os próximos anos, nomeadamente com as empresas?
L. M. D. – No fundo, mais do que entrar nas empresas o que queremos é chegar onde o consumidor está e temos conhecimento, estudos de mercado que dizem que grande parte dos nossos consumidores são pessoas ativas que trabalham em empresas, portanto, tudo o que seja Uber Eats, máquinas de venda, etecetera, são boas estratégias para nós e a comunicação massiva, na rádio, por exemplo.

 

PME Mag. – Vivemos uma fase de muita sensibilidade face às problemáticas ambientais. Há previsão de quando os consumidores poderão comprar os vossos produtos com outro embalamento sem ser de plástico?
L. M. D. – O plástico está a ser diabolizado de uma maneira que não merece. Quem merece ser diabolizado é quem manipula mal o plástico. São as pessoas que lhe dão mau uso, que não o reciclam ou que o deitam para onde não o devem deitar que estão, no fundo, a condenar uma matéria prima que é muito nobre e muito adequada à segurança alimentar. Cada vez haverá mais consciência de que deve ser bem utilizado e até diminuído. A perceção das pessoas é muito negativa, nós temos de dar passos concretos para reduzir e já estamos a reduzir em cuvetes com plástico à volta, mas a cuvete que é de plástico vai passar a ser a cartão. São pequenos passos que demonstram que a marca está atenta à preocupação ambiental.

PME Mag. – A Vitacress veio oferecer rentabilidade de tempo, têm essa noção?
L. M. D. – Sem dúvida, porque precisamente trabalhamos sempre, não apenas no conteúdo, mas na conveniência da maneira como o apresentamos. Uma folha é uma folha, num saco, num prato ou numa taça, mas, efetivamente, o grau de conveniência é muito maior com as nossas saladas.