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Pedro Saldanha, country manager da Viva Wallet
Pedro Saldanha, country manager da Viva Wallet (Foto: Divulgação)

“Existe muita falta de informação neste mercado” – Pedro Saldanha

Por: Maria Inês Jorge

Numa época marcada pelo segundo confinamento e pelo crescimento das vendas em formato e-commerce, o neobank europeu Viva Wallet, cuja atividade reúne soluções tecnológicas aplicadas a terminais de pagamento, anuncia o lançamento de uma nova solução de pagamentos.

Em entrevista à PME Magazine, Pedro Saldanha, country manager da Viva Wallet, explica que o Quick Pay vem revolucionar as formas de pagamento em e-commerce, principalmente nos negócios que adaptaram a sua atividade às “lives” de vendas nas redes sociais.

PME Magazine – Qual é a principal atividade da Viva Wallet?

Pedro Saldanha (P. S.) – A Viva Wallet é um neobank com um posicionamento único e presença em 23 países. Na sua génese está uma empresa de software com elevado know-how em tecnologia. Esta característica permitiu-nos desenvolver soluções digitais, altamente inovadoras e competitivas, no mercado de pagamentos; por exemplo, fomos a primeira empresa europeia a desenvolver uma plataforma de aceitação de pagamentos na Cloud. Nos últimos dois anos, temos vindo a inovar a um ritmo elevado, lançando não só novos serviços, como também aumentando a eficiência dos nossos processos de negócio – praticamente todos digitais. Também somos pioneiros na Europa ao ter uma solução integrada que inclui uma conta SEPA (com IBAN português), aceitação de pagamentos tanto físicos como online e, por fim, a emissão de cartões de débito (que inclui ainda uma plataforma gratuita para gestão de despesas empresariais). Estamos a trazer aos comerciantes nacionais uma verdadeira experiência omnicanal e com possibilidade de ver as suas transações em tempo real. Finalmente, temos soluções de integração por API tanto para e-commerce como em TPA pelo que, tal como já acontece com algumas empresas nacionais que concluíram as suas integrações muito facilmente, podem vender soluções em toda a Europa sem ter de integrar localmente com cada um dos fornecedores de pagamento. Para além de toda esta componente tecnológica, temos uma oferta em comissões de aceitação de pagamentos que podem chegar aos 0%.

PME Mag. – Sendo uma empresa que trabalha maioritariamente com o digital, quais foram os principais desafios encontrados até agora?

P. S. – O mercado nacional tem especificidades que não vemos na maioria dos restantes países europeus, nomeadamente um esquema nacional com grande utilização. A juntar a este facto existe muita falta de informação decorrente de uma indústria dependente do esquema nacional. A transposição das transações físicas para o mundo online ocorre naturalmente também nas formas de pagamento. Nestas mudanças de comportamento, os portugueses estão a usar cada vez mais o MB Way e as Referências de Pagamento; se bem que estas formas de pagamento, nomeadamente as Referências, não tenham sido desenvolvidas para suportar o comércio eletrónico, mas antes o pagamento de faturas, pois apresentam limitações (nomeadamente quanto a suportar devoluções). Ainda assim, o facto é que cada vez mais portugueses optam por esta via quando fazem compras online. O pagamento por via de marcas internacionais de cartões (Visa ou Mastercard) acaba por ser mais seguro (agora com autenticação forte ainda se adicionou maior proteção contra a fraude), mas também para o comerciante acaba por ser mais conveniente, pois suporta um processo simples de devolução de fundos (incluindo as comissões). Iniciámos a integração das formas de pagamento nacionais para, assim, termos um portefólio adequado ao mercado local e podermos servir melhor os nossos comerciantes nos seus negócios online.

Iniciámos a integração das formas de pagamento nacionais para, assim, termos um portefólio adequado ao mercado local e podermos servir melhor os nossos comerciantes nos seus negócios online.

PME Mag. – Sabemos que criou recentemente uma nova solução para os pagamentos. Que mudanças traz para o mundo dos negócios?

P. S. – Considerando o momento que atravessamos em Portugal (e um pouco por todo o Mundo) e sendo a Viva Wallet uma fintech centrada na tecnologia e inovação, sentimos a necessidade de criar uma solução para os comerciantes que lhes oferecesse a possibilidade de receber pagamentos com cartão dos seus clientes, mesmo não dispondo de uma loja física ou online. Seja qual for o setor de atividade, empresa ou trabalhador independente, o Quick Pay traz simplicidade, competitividade e maior rapidez no processamento de pagamentos para o mercado nacional. Esta ferramenta é tão simples como criar um link e partilhá-lo nas redes sociais, por email ou por WhatsApp, e, desde logo, o comerciante pode começar a receber pagamentos (os fundos ficam na conta, assim que o pagamento é realizado, portanto tudo ocorre em tempo real). O Quick Pay é totalmente gratuito, não existe qualquer limite no número de transações nem no limite de caracteres a colocar na descrição do pagamento. Desta forma, é excelente para “lives” nas redes sociais, em que o cliente pode adicionar toda a informação necessária para o comerciante processar o seu pedido (ex. NIF, morada, artigo, etc). Para além disso, é ainda possível aceitar pagamentos de cartões nacionais e estrangeiros.

PME Mag. – Que benefícios têm os utilizadores do Quick Pay?

P. S. – Ao utilizar o Quick Pay como ferramenta de aceitação de pagamentos à distância, os clientes da Viva Wallet criam facilmente um link de pagamento, dando-lhe o nome que considerem ser o mais adequado (por exemplo, a sua marca). A partir daqui podem partilhá-lo, enviando para os seus clientes ou colocando num live nas redes sociais. Ao seguir o link, o cliente é redirecionado para uma página segura de pagamento. Isto é válido para qualquer tipo de negócio e também para instituições sem fins lucrativos, para aceitar donativos. O Quick Pay permite aos comerciantes receber pagamentos com cartão em poucos minutos (nacionais e estrangeiros) através de um ambiente seguro. Para além destas vantagens, a Viva Wallet oferece ainda aos seus comerciantes a possibilidade de recuperarem as comissões de aceitação na sua totalidade ao utilizarem os seus cartões de débito Mastercard (sem anuidades) para pagamento de despesas (como deslocações, publicidade online, etc.).

PME Mag. – Como tem sido a adesão das empresas e cidadãos portugueses à nova solução?

P. S. – Estamos a sentir uma forte adesão a este tipo de soluções mais inovadoras que não estão facilmente disponíveis no mercado nacional. Mesmo com as portas fechadas, os comerciantes querem continuar a vender e a fidelizar os seus próprios clientes e sentem, por isso, a necessidade de encontrar alternativas. O Quick Pay é a solução que lhes dá exatamente isso: vender à distância, de subscrição simples e rápida, em segurança e sem qualquer custo adicional. Este tipo de soluções veio para ficar mesmo no pós-Covid. Cada vez mais empresas estão a digitalizar os seus processos e a procurar soluções como esta para poderem chegar a um número cada vez maior de clientes.

Mesmo com as portas fechadas, os comerciantes querem continuar a vender e a fidelizar os seus próprios clientes e sentem, por isso, a necessidade de encontrar alternativas.

PME Mag. – Considera que a Viva Wallet ainda tem objetivos por atingir?

P. S. – Existem sempre possibilidades de inovar graças ao poder da tecnologia, e esse é o nosso ADN. No ano passado, para além do lançamento de vários serviços inovadores, de que destaco a possibilidade dos nossos clientes emitirem cartões digitais (para além dos físicos) e termos sido uma das primeiras entidades a disponibilizar o Google Pay e o Apple Pay em Portugal, que permite o pagamento contactless em terminais com os nossos cartões, também abrimos mais de dez sucursais em toda a Europa. Este ano, vamos consolidar a nossa presença nestas geografias e continuar o crescimento da nossa rede de comerciantes, servindo as suas necessidades de serviços de pagamento. Vamos também continuar a lançar serviços digitais revolucionários que vêm aumentar a competitividade dos nossos comerciantes. Hoje ainda se depende de um terminal para aceitar pagamentos. Daqui a umas semanas o equipamento físico pode não ser aquele que estamos habituados… pode estar no nosso bolso! Em Portugal, ainda há muito para fazer, pois existe muita falta de informação neste mercado. Por exemplo, ainda existe uma rede significativa de terminais que apenas aceita multibanco e importa realçar que estes terminais não aceitam pagamentos com cartões contactless, pois esta tecnologia está no esquema internacional dos nossos cartões. No atual panorama pandémico, isto não faz muito sentido. Ora, com a oferta da Viva Wallet qualquer comerciante pode usufruir de um terminal de última geração, rápido e que aceita todos os esquemas, incluindo contactless, e ainda aceder a serviços de recebimento à distância por link, se o necessitar (ou mesmo aceitar pagamentos no seu site e-commerce), com comissões que podem chegar a 0%.

Vamos também continuar a lançar serviços digitais revolucionários que vêm aumentar a competitividade dos nossos comerciantes.

PME Mag. – Como imagina o futuro da empresa numa época pós-pandemia?

P. S. – A nossa visão continua a desenvolver-se em torno de serviços digitais, de simples subscrição, utilizando canais remotos. Continuaremos a investir para potenciar os serviços para e-commerce que, mesmo após a pandemia, vieram para ficar. Por outro lado, continuaremos a promover a desmaterialização de serviços físicos, ou seja, a possibilidade de aceitar pagamentos contactless sem TPA, apenas com telemóvel – o que irá ser uma realidade muito em breve. Isto altera completamente o paradigma desta indústria em que, para aceitar pagamentos com cartão, havia a necessidade de um terminal de pagamento e de um processo moroso de contratação do serviço. A partir desse momento, qualquer entidade que, no limite, tenha a necessidade imediata de receber pagamentos pode simplesmente fazer o download da nossa App, abrir conta online e ter um mecanismo para aceitar pagamentos com cartão no seu telemóvel. Isto pode ser muito relevante para micro e pequenas empresas. Por outro lado, estamos a preparar o lançamento de serviços financeiros, capitalizando a licença bancária que o grupo já possui.