Por: Ana Rita Justo
Nasceu e cresceu no mundo dos espetáculos, com o Coliseu como casa. Passou pelo mercado cambial até enveredar decididamente pela indústria com a qual quase se confunde. Álvaro Covões, fundador e diretor-geral da Everything is New, fala-nos das dificuldades de empreender em Portugal, de um NOS Alive de sucesso e dos projetos que ainda estão para vir.
PME Magazine – Cresceu no Coliseu de Lisboa. Como foi ganhando o gosto pela música?
Álvaro Covões – Fui um privilegiado, porque nasci dentro do Caldeirão. A minha família está ligada ao Coliseu desde os anos 1920, começou com o meu bisavô, sendo que eu já sou a quarta geração e já existe quinta e sexta geração! Como nasci dentro do Caldeirão – foi inevitável – apaixonei-me pelo mundo dos espetáculos. O Coliseu é uma sala multiusos. É um teatro de circo que foi fundado em 1890, nos Estados Unidos estavam os americanos a desbravar o faroeste. O que denota que o mundo na época era mais desenvolvido na Europa do que no resto dos continentes. É uma sala gigantesca, onde todo o tipo de espetáculos se realiza, desde circo, ópera, concertos, música clássica, teatro… Até boxe houve! Há registo de ter havido garraiadas. O Holiday on Ice passou nos anos 1960 e, obviamente, os grandes concertos de música portuguesa, brasileira, pop-rock e congressos, os célebres congressos do PSD. O Coliseu é um espaço onde facilmente aprendemos a gostar de todo o tipo de artes.
PME Mag. – E chegou a trabalhar no Coliseu.
A. C. – Sim, tinha o gostinho de nunca estar parado. Comecei talvez com 12 anos, no bar do Coliseu, a lavar chávenas e copos, de repente já estava no balcão a vender e de- pois fui gerente. Foi bom, felizmente não era uma necessidade, mas, ao mesmo tempo, fez-me aquilo que sou hoje: uma pessoa que gos- ta de trabalhar. Uma vez, numa noite do fado, às 5h00 da manhã, dois jornalistas vieram ao bar e pediram dois Brandy Casaleiro. Eram dois famosos do Diário Popular. E eles perguntaram: “Que idade é que tu tens?”. Respondi que tinha 15 anos e eles disseram: “E estás aqui a trabalhar a esta hora?” – hoje em dia é proibido [risos]. E fizeram uma reportagem sobre a noite do fado e eu era a figura central: o menino de 15 anos que às 5h00 da manhã estava a trabalhar no bar e, ainda por cima, era da casa! Tive várias experiências. Sou das poucas testemunhas de quando houve aquele episódio do ex-secretariado no Congresso do PS em que o Salgado Zenha, o Jorge Sampaio e o Mário Soares quase se pegaram fisicamente. Foi no bar. Lembro-me de ouvir as conversas do Zeca Afonso, no bar. Quando se está atrás do balcão, ouvimos muita coisa.
PME Mag. – Na faculdade, seguiu gestão, mas os seus pais queriam que fosse para medicina…
A. C. – Sim, os meus pais gostavam que eu fosse médico. E, no 9.º ano, tínhamos a opção de escolher e eu escolhi Saúde. Quando vi uma ope- ração no Hospital de Santa Maria disse: “Decididamente, é isto que eu não quero ser”. Ao mesmo tempo, tinha Introdução à Economia, que me fascinou. Acabei por seguir Gestão de Empresas, apesar de o meu pai dizer: “Ao menos Economia”. Hoje, gestão é um curso mais nobre do que era. No meio disto tudo, estudava, fui muitas vezes delegado de turma e de curso na faculdade. No liceu, fui presidente da Associação de Estudantes, na faculdade também estive na Associação de Estudantes. Cheguei a ser da Ala Juvenil da Sociedade Histórica para a Imprensa em Portugal… Sei lá! Eu só inventava coisas para fazer [ri- sos], além de trabalhar! Já na faculdade, no primeiro ano, saí de uma noite do fado de direta para um exame!
Leia a entrevista completa na edição de outubro da PME Magazine.