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Eurico Assunção, fundadfor da FAN 3D (Foto: Divulgação)

Impressão 3D revoluciona equipamentos de proteção

Por: Ana Rita Justo

A FAN 3D foi uma das empresas que se adaptou para fabricar viseiras a partir da impressão em 3D, com ajuda de muitas outras empresas e pessoas que também queriam ajudar. O futuro antevê novos desenvolvimentos em equipamentos para espaços comerciais e consultórios médicos.

As potencialidades da impressão 3D são imensas, mas nem toda a gente parece acreditar nisso. Eurico Assunção acredita. Foi por isso que, no ano passado, fundou a FAN 3D para fazer consultoria em engenharia e revenda de equipamentos de impressão 3D. O que ele não sabia é que este ano iria estar a usar esses equipamentos para produzir viseiras.

A pandemia de Covid-19 trouxe várias necessidades de diferentes equipamentos de proteção. A FAN 3D é uma microempresa de consultoria em engenharia e foi fundada por Eurico Assunção – que acumula funções na Federação Europeia de Soldadura – e por outras duas colegas da Federação, Rute Ferraz e Luísa Coutinho.

Quando a Covid-19 chegou a Portugal, o fundador apercebeu-se de que havia falta de viseiras no hospital de São Bernardo, Setúbal, cidade onde reside.

“Tentámos perceber, primeiro, o que era uma viseira, fomos ver o que havia noutros países. Encontrámos algumas iniciativas de impressão 3D de viseiras, arranjámos o ficheiro e imprimimos. Umas colegas testaram num turno, voltámos a imprimir com ajustes até chegarmos às finais”, revela o responsável.

A partir daí, o movimento escalou: “Começámos a ter pedidos de todo o país, a ter pessoas a contactar-nos porque tinham uma impressora 3D e queriam ajudar”.

Rapidamente, a FAN 3D criou um formulário online para receber os pedidos e outro para quem quisesse ajudar. Com a ajuda de pessoas de todo o país e também de empresas como a Autoeuropa, que imprimiu viseiras, ou como a Filkemp ou a Lisnave que doaram material, foram produzidas e doadas mais de seis mil viseiras a profissionais de saúde de todo o país.

“Só conseguimos fazer isto porque tivemos muita gente, individuais e empresas, a ajudar-nos”, ressalva o engenheiro mecânico.

Além das viseiras para adulto, a FAN 3D também desenvolveu viseiras para crianças para entregar no Hospital de São Bernardo, de forma que as crianças que acedam às urgências estejam também protegidas. Outros materiais foram também bem-sucedidos, como fitas em nylon para prender as máscaras, de forma a não causar feridas nas orelhas dos profissionais de saúde.

Novos produtos no horizonte

A febre das viseiras deu, entretanto, espaço para pensar novos equipamentos neste contexto de pandemia e é nisso que agora a FAN 3D está a focar-se.

“Isto permitiu-nos explorar outras coisas que não tínhamos tido tempo de explorar, fazer testes, prototipagens diferentes. Não somos os únicos a produzir viseiras, mas o facto de termos sido os primeiros e de termos um contacto muito próximo com profissionais de saúde permitiu-nos entrar noutros produtos e é algo que agora estamos a ver como é que podemos adaptar às nossas atividades normais”, explica.

O foco, agora, está em produtos “associados à reabertura de espaços comerciais e consultórios” médicos, como pequenos adaptadores para abrir portas sem usar as mãos, mas apenas os braços, produzidos com material antibacteriano.

Eurico Assunção revela, ainda, a possibilidade de a FAN 3D dedicar-se mais aos equipamentos médicos e à certificação dos mesmos: “Os médicos não tinham noção da capacidade da tecnologia 3D e acho que agora as pessoas vão começar a olhar para ela com outros olhos”.

Artigo originalmente publicado na edição de Julho de 2020