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Fábio Alves, consultor da Michael Page (Foto: Divulgação)

Inclusão laboral, um acelerador da produtividade

Por: Fábio Alves, Consultor, Michael Page

Perante os desafios de um Mundo globalizado, abordar e implementar os conceitos de diversidade e inclusão nas organizações é fundamental para impulsionar a produtividade, incentivar a inovação e a evolução, aspetos chave de diferenciação e desenvolvimento. Uma cultura inclusiva contribuirá, sem dúvida, para a diversidade do local de trabalho.

A inclusão laboral é, hoje, uma realidade devido à mudança nos modelos tradicionais de recrutamento por parte das empresas, que consideram os colaboradores como um capital heterogéneo, com características particulares e diferenciadas. As empresas que olham para a diversidade como uma forma de crescimento e que promovem a inclusão são as que acompanham uma nova cultura empresarial, que valoriza a participação e o respeito pela pessoa, independentemente das suas diferenças. Estas são também as empresas com um sentido social, e certamente mais atrativas para as gerações mais novas, os millenials e a geração Z, que valorizam organizações com um propósito e estratégias alinhadas com o desenvolvimento sustentável.  

O vínculo laboral de pessoas com incapacidade é, por isso mesmo, uma vantagem competitiva para a empresa, ao incorporar visões alternativas do negócio e da vida. A inclusão para o mercado laboral, assim como a importância numa perspetiva social e económica, é acompanhada pelas políticas inclusivas e pela regulamentação, com a entrada em vigor em janeiro deste ano da Lei das Quotas.

A lei abrange também as médias empresas que tenham entre 75 a 100 trabalhadores, pois passam a ser obrigadas a ter 1% de pessoas com deficiência motora, sensorial ou intelectual. Esta é uma forma de incentivo à capacitação e às políticas inclusivas, para que o principal tecido empresarial português compreenda as vantagens de incorporar pessoas com aptidões especiais como motor da sua transformação. E também, uma forma de construir um ambiente mais colaborativo, inovador e dinâmico que tire partido das forças de cada um, potenciando o seu desempenho. Na construção de uma cultura laboral inclusiva, o ênfase deve estar na valorização das capacidades das pessoas e não nas suas limitações, isso ‘energiza’ o local de trabalho e pode criar real valor económico.

O tema da inclusão laboral apresenta novos desafios e soluções mais vastas que vão mais além da adaptação das empresas aos seus colaboradores portadores de deficiências e dos programas de responsabilidade social corporativa (RSC). Trata-se, antes de mais, de uma oportunidade para as empresas alcançarem os seus objetivos em termos de crescimento, produtividade e desenvolvimento sustentável, ao incluírem, no seu sistema produtivo, colaboradores com outras capacidades que poderão contribuir, entre outros fatores, para aumentar a retenção. Incluir pessoas com outras aptidões para o desempenho de atividades quotidianas e criar incentivos que lhes permitam ter funções idênticas às dos seus sem incapacidade é, no fundo, o que caracteriza a inclusão.

O conceito de “culture fit” torna-se assim mais abrangente e pressupõe maior abertura na contratação, levando a que se quebrem as barreiras inconscientes que existem frequentemente no processo de recrutamento.

Neste contexto, os processos de seleção apresentam menos fatores de exclusão e concentram-se mais nas competências comportamentais, na avaliação da integração na cultura organizacional, no conhecimento técnico e nas aptidões necessárias para o cumprimento bem-sucedido da função. Ou seja, atualmente, trata-se de identificar não apenas o melhor talento do mercado, mas também o mais diversificado e inclusivo. Incluir pessoas num estado de vulnerabilidade, mas que têm formação técnica, competências tecnológicas e académicas e que desenvolveram aptidões e características que são procuradas pelas empresas, é um fator de aceleração económico e mudança cultural.