Por: Sara Fonseca
No que diz respeito ao stress diário, Portugal encontra-se no top cinco dos países da União Europeia, com mais de 50% de pessoas a dizerem que experienciam stress no seu dia-a-dia, bem como infelicidade, avança o estudo da Gallup, empresa de estudos de opinião dos Estados Unidos da América. Este tema foi um dos principais focos na 12.ª edição da “Happy Conference 2022”, que decorreu no teatro Tivoli, em Lisboa, na passada terça-feira.
Portugal é o segundo país da União Europeia que tem a maior taxa populacional a sentir-se infeliz nos seus empregos. Quase dois terços da população sentem-se preocupada por várias razões (falta de valorização e apreciação, de camaradagem, de compreensão, falta de compaixão, entre outras) em relação aos seus empregos, às suas relações profissionais, colocando Portugal em primeiro lugar no que toca a ter uma população preocupada com a sua situação profissional, o que leva ao burnout, de acordo com o estudo da Gallup.
Amy Bradley, docente da Hult Ashridge International Business School, falou do impacto da pandemia no mundo e considerou que “a pandemia está a mudar a forma como nos relacionamos” e permite “reavaliar a nossa relação com o trabalho”, explicando que a compaixão é um fator fulcral para que uma empresa seja bem-sucedida.
“A compaixão começa connosco mesmos”, referiu.
Já Salvador Mendes de Almeida, fundador da Associação Salvador, partilha da mesma opinião sublinhando: “O fator essencial das empresas é ajudar a construir o propósito de vida dos colaboradores”.
Segundo Amy Bradley, se não houver a capacidade de alguém se conectar com os seus próprios sentimentos e bem-estar, não tem capacidade para estar numa posição de liderança, logo a equipa não será bem-sucedida. As empesas tendem a deixar os seus colaboradores com excesso de trabalho, o que se transforma em stress, criticando-os e tornando-os em máquinas de produção rápida, o que leva a Portugal ser considerado o país da União Europeia com maior risco de burnout, de acordo com a Small Business Prices.
Marco Túlio de Carvalho, chief medical officer do eCare Group, o trabalho dá-nos propósito, conecta-nos com a sociedade, é uma fonte de saúde, considerando que “as empresas são um ambiente que deve promover saúde”.
O mais importante, segundo orador, é como é que as empresas vão fazer para melhorar a saúde dos seus líderes e colaboradores e não o que vão fazer ao certo, porque “não existe uma equipa saudável com um líder doente”.
A depressão, causada pelo stress no trabalho, e a ansiedade já levaram à perda de quase um trilião de euros na economia mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Mas como reverter a situação? Antonija Pacek, psicóloga, compositora e pianista afirmou: “Se tivermos objetivos reais é mais fácil de os cumprir, o que nos vai levar à felicidade”.
Durante o seu discurso explicou que o exercício, o sentido de humor, uma dieta adaptada a cada organismo, fazer uma caminhada ou tocar um instrumento são fatores que ajudam a diminuir o stress.
“Nós aprendemos através da experiência”, defendeu.