Sexta-feira, Novembro 22, 2024
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“Nenhum mercado é igual ao outro” – Nuno Rangel

Por: Maria Inês Jorge

Reconhecida como um parceiro logístico global, a transportadora portuguesa Rangel Logistics Solutions está em processo de expansão para a América Latina, depois da abertura de um novo escritório na Cidade do México.

Para 2021, a aposta mantém-se para lá do Atlântico, sem nunca descartar hipóteses de negócio no continente asiático. Em entrevista à PME Magazine, Nuno Rangel, CEO da empresa, falou sobre as alterações que a globalização provoca no mercado e sublinhou a necessidade de internacionalização das empresas como resposta aos desafios.

PME Magazine – 40 anos depois de iniciar a atividade, como classifica a evolução da empresa ao longo do tempo?

Nuno Rangel (N. R.) – A Rangel foi criada em 1980 e no início eramos somente três pessoas, oferecendo ao mercado serviços aduaneiros. A evolução ao longo dos anos foi muito positiva, porque fomos respondendo aos desafios dos nossos clientes e fomos criando novos serviços. Hoje somos reconhecidos como um parceiro logístico global com capacidade de integração de uma vasta gama de serviços de transporte e logística. A história da Rangel ao longo destes 40 anos tem-se pautado pela capacidade de aceitar e agarrar os desafios que os nossos clientes nos colocam, o que nos tem feito crescer e criado soluções inovadoras e customizadas. E porque diariamente o nosso objetivo é gerar valor para os nossos clientes, estamos sempre atentos aos novos desafios e às novas oportunidades. As especificidades de cada cliente estão no centro da nossa cultura de negócio, tendo assim criado unidades dedicadas ao desenvolvimento de soluções adaptadas a cada setor de atividade, nomeadamente Pharma & Healthcare, Fashion & Lifestyle, Automotive & Aviation, Vinhos & Bebidas, Alimentar & Perecíveis, Logística Industrial, Eletrónica de Consumo, Petróleo & Gás e E-Commerce.

PME Mag. – O que é que distingue a Rangel das outras empresas dentro do setor da logística?

N. R. – Cada empresa tem o seu próprio ADN, nós achamos que o nosso é diferente, porque a história da Rangel é pautada pela ambição, ousadia, risco, empreendedorismo e pela nossa capacidade e agilidade para antever investimentos oportunos, criar pontes para novos negócios e novos desafios e, por isso, temos aceitado grandes desafios e criado soluções diversas oferecendo ao mercado uma solução one stop shopping que nos distingue de todas as outras empresas no mercado. Esse desenvolvimento e forma de estar criou um ADN próprio de uma cultura de empreendedorismo e de vontade de fazer as coisas acontecer. Obviamente que temos também uma vantagem competitiva que é a capacidade de oferecer uma cobertura mundial e um portefólio diversificado de negócios, com uma completa organização especializada nas atividades de logística; transporte aéreo, marítimo, terrestre e expresso; formalidades aduaneiras; feiras e exposições, entre outras.

PME Mag. – Quais foram os principais desafios encontrados durante o processo de internacionalização?

N. R. – Cada mercado foi um novo e diferente desafio, fruto das diferentes mentalidades, regras laborais e contratuais. Para cada mercado tivemos de aprender e de nos reunirmos com uma equipa capaz e prepararmo-nos bem. Nenhum mercado é igual ao outro. Acreditamos que a internacionalização é a resposta que as empresas podem dar ao desafio da globalização, nomeadamente através da exportação e através da presença direta em mercados mais estratégicos. Na Rangel queremos ser o braço logístico das exportações e a nossa internacionalização foi orientada numa primeira fase pelos principais destinos das exportações dos nossos clientes. Ao seguir os nossos clientes levámos-lhes projetos-âncora e fomos desenvolvendo diferentes serviços. Depois, estando nesses novos mercados, exploramos obviamente outras oportunidades. Numa segunda fase, que é a que estamos atualmente, é identificarmos países seja pela correlação com os países, seja pela oportunidade que esses apresentam. Hoje além de Portugal, estamos presentes em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Brasil, México e África do Sul.

A internacionalização é a resposta que as empresas podem dar ao desafio da globalização, através da exportação e da presença nos mercados mais estratégicos.

PME Mag. – Porquê o interesse específico na América Latina para expansão do negócio?

N. R. – Acreditamos que a América Latina ainda tem oportunidades por explorar e a dimensão do mercado é muito interessante. O México impôs-se como o segundo país em que entrámos na América Latina, depois da abertura no Brasil, em 2013, para reforçar a nossa presença nesta região, até pela dimensão e força económica e industrial do país. A grande aposta é a logística internacional, mas também passa por explorar oportunidades nos serviços de logística contratual, nomeadamente em logística industrial, no setor automóvel e em outras indústrias. A estratégia foi a de identificar os principais players e estabelecer parcerias. Desta forma, é possível à Rangel apresentar soluções logísticas aos clientes, aparecendo como um único interlocutor que integra vários operadores. Estamos confiantes que, com um forte crescimento no México e em toda América Latina, ganharemos também peso no mercado ibérico enquanto operador logístico.

PME Mag. – O que é que a Rangel pretende com este “triângulo logístico” entre América, África e Europa?

N. R. – Pretendemos reforçar as operações nesses continentes, com presença própria e direta, criando soluções eficazes para os nossos clientes. Penetrar mais ainda no mercado e reforçar os clientes, com a entrada na África do Sul e no México, sendo este um primeiro passo para a internacionalização além das fronteiras dos países de língua oficial portuguesa. A África do Sul tem uma geografia estratégica, pela sua posição no continente africano, onde garante ligações rodoviárias a toda a África Austral, mas também pelo facto de ter fortes relações com Angola e Moçambique, países nos quais a empresa já está fisicamente há alguns anos.

PME Mag. – E para o continente asiático? Quais são os planos da empresa?

N. R. – O mercado asiático sempre foi importante para nós, por isso temos parceiros locais fortes, principalmente na China, de onde trazemos milhares de contentores marítimos e cargas aéreas por ano, tendo já uma posição de liderança em operações logísticas com origem no continente em questão. Como exemplo, com a pandemia provocada pela Covid-19, levámos a cabo complexas operações logísticas. Além de muitos transportes que fizemos de carga aérea, a única forma de retirar as mercadorias necessárias e urgentes da China, foi através de voos cargueiros fretados. Na Rangel tivemos de fretar oito cargueiros, alguns destes aviões, como é o caso do Antonov 124, um dos maiores aviões do mundo. Neste momento não passa pela nossa estratégia ter operações próprias no continente asiático, mas estamos atentos a esse continente, não excluindo a possibilidade de, no futuro, analisarmos cenários alternativos.

Neste momento não passa pela nossa estratégia ter operações próprias no continente asiático, (…) não excluindo a possibilidade de, no futuro, analisarmos cenários alternativos.

PME Mag. – Quantas pessoas têm a trabalhar em Portugal?

N. R. – Atualmente somos 2100 colaboradores diretos.

PME Mag. – Pretende aumentar a frota ou contratar mais funcionários em 2021?

N. R. – Somos uma empresa de serviços e, como tal, as nossas pessoas são fundamentais, pois são elas que diariamente interagem com os nossos clientes e percebem as suas necessidades. Em tempos difíceis e numa altura absolutamente crítica, a nossa capacidade de resposta tem de estar à altura dos desafios que nos chegam. Por isso, a nossa principal preocupação vai sempre para as pessoas e para a sua formação. Temos vindo a preparar as nossas equipas para novos paradigmas como a digitalização e o teletrabalho, para que possam adaptar-se facilmente a todas as mudanças que têm surgido. À medida que ganhamos novos desafios, novos contratos e novos mercados, contratamos mais colaboradores. Importante também continuar a investir em infraestruturas físicas (armazéns e frota) e, sobretudo, em infraestruturas tecnológicas e software. Por exemplo, relativamente à nossa estratégia internacional, no México pretendemos abrir mais dois escritórios para além do atual da Cidade do México e, em África, o objetivo passa pela aquisição de mais veículos e aumento do armazém atual. Já no mercado nacional, iremos abrir uma plataforma de logística na zona centro do país, na Figueira da Foz, com uma equipa de cerca de dez colaboradores e ainda reforçar a nossa unidade Pharma, no Montijo, duplicando a nossa capacidade com mais 7500m2. Iremos acompanhar de perto a evolução de 2021, mas sempre com a estratégia de aumentar a frota e as nossas pessoas.

Temos vindo a preparar as nossas equipas para novos paradigmas como a digitalização e o teletrabalho, para que possam adaptar-se facilmente a todas as mudanças que têm surgido.

PME Mag. – Pensando no futuro, quais são as expectativas para os próximos anos?

N. R. – Queremos continuar a dar passos sólidos no nosso crescimento e, para isso, vamos consolidar as nossas operações na África do Sul e no México. Iremos também continuar a estudar e a planear a expansão para outros países, provavelmente ainda em 2021 conseguiremos continuar a nossa expansão, dando ainda mais dimensão à marca Rangel e torná-la cada vez mais sinónimo de um player logístico global. Em Portugal, estamos atentos a novas oportunidades e sempre disponíveis para aceitar desafios e criar novos serviços e negócios.

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