Por: Alice Carla Campos, contabilista certificada 30010
A forma como uma grande maioria de contabilistas está a exercer a profissão está a conduzi-los para um fosso, provocado pelo esgotamento psicológico e ativado pela pressão exercida pelos prazos.
Para que a contabilidade se transforme numa ciência social de grande interesse público, nas próximas décadas, profissionais, empresários e comunidade têm que assumir um papel socialmente ativo, quanto à boa gestão do dinheiro público, confiado pelos cidadãos aos responsáveis políticos, através dos seus impostos.
Para que este projeto progrida, urge aumentar a chamada “literacia financeira” da comunidade, e a contabilidade, através dos seus contabilistas, deve proporcionar informação útil e tempestiva à tomada de decisão da gestão das empresas, instituições e outros organismos.
Esta poderosa informação, disponibilizada de forma tempestiva e completa, vai influenciar escolhas sustentáveis, ecológicas e solidárias que garantem a qualidade de vida das comunidades onde habitam.
As pessoas nos territórios, têm que ser atores do progresso local onde vivem, questionando e exigindo explicações acerca do bom governo dos recursos disponibilizados a quem os governa.
É importante que profissionais, empresários e comunidades percebam: o que é a contabilidade, como funciona e para que serve?
Na mesma ordem de grandeza que cada pessoa deve aprender que vivemos num universo vasto e deslumbrante, onde todos somos interdependentes e interrelacionados.
A contabilidade é a base do sistema económico e financeiro que governa o mundo.
A história da contabilidade que quero relembrar remonta ao século XIV, concretamente a Jean-Baptiste Colbert, o famoso ministro das finanças do rei Luís XIV, que encomendou livros de contabilidade em miniatura e com caligrafia dourada, que o Rei Sol os transportava no bolso do casaco. Duas vezes por ano, Luís XIV recebia as novas contas dos seus gastos, receitas e do seu património como meio orientador do bom governo do seu reino.
Era a primeira vez que um monarca desta envergadura revelava um tal interesse pela contabilidade. Foi este o ponto de partida da política moderna e da responsabilização.
Os contabilistas têm que liderar este processo, com a sua capacidade de aprender, de se adaptar e desafiar os seus próprios modelos de sucesso conceptuais e operacionais que distinguirão a próxima geração de líderes empresariais bem-sucedidos.
Já não existe qualquer dúvida que as tecnologias emergentes, quase sempre suportadas por processos digitais, estão a aumentar a velocidade e a escala das mudanças nas empresas e, por isso, a viagem exige um olhar rígido e honesto sobre a capacidade de as organizações reagirem com velocidade e agilidade.
A escolha é nossa, de todos os contabilistas, depende inteiramente das decisões políticas e institucionais que se permitem tomar, onde a Ordem dos Contabilistas Certificados tem o dever de contribuir para um mundo mais consciente, inclusivo e solidário.